Mentiras

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POV WILL

Naquela noite dormi melhor, cansado demais para sonhar de novo. Quando acordei na manhã cinza-pérola, estava quase eufórico de tão otimista que era meu estado de espírito. A noite tensa com Ártemis e Travis parecia bem inofensiva; decidi me esquecer completamente dela. Eu me peguei assoviando enquanto passava um pente pelo cabelo e de novo ao descer a escada aos saltos. Apolo percebeu.

— Está animado esta manhã — comentou ele no café.

Dei de ombros.

— É sexta-feira.

Corri para ficar pronto para sair logo depois de Apolo. Minha mochila estava preparada, os sapatos, calçados, os dentes, escovados, mas embora eu tivesse corrido para a porta assim que me certifiquei de que Apolo estava fora de vista, Nico foi mais rápido. Ele estava esperando com as janelas abertas e o motor desligado. Dessa vez, não hesitei ao me sentar no banco do carona. Ele sorriu e mostrou as covinhas, e meu coração teve aquele miniataque cardíaco. Não consegui imaginar nada mais bonito: anjo, deus ou anjo. Não havia nada nele que pudesse ser melhorado.

— Como você dormiu? — perguntou ele. Imaginei se ele tinha alguma ideia de como sua voz era irresistível e se ele falava assim de propósito.

— Bem. Como foi sua noite?

— Agradável.

— Posso perguntar o que você fez?

— Não. — Ele sorriu. — Ainda é a minha vez.

Ele hoje queria saber das pessoas: mais sobre minha mãe, seus passatempos, o que fazíamos juntos em nosso tempo livre. E depois sobre a única avó que conheci, meus poucos amigos da escola, e fiquei vermelho quando perguntou sobre as meninas e meninos que namorei. Fiquei aliviado de não ter namorado sério ninguém, então essa conversa específica não podia durar muito. Ele ficou surpreso com minha falta de história romântica.

— Então nunca conheceu ninguém que quisesse? — perguntou ele, num tom sério que me fez indagar o que ele estava pensando.

— Não em Phoenix.

Seus lábios se comprimiram num traço fino. A essa altura, estávamos no refeitório. O dia voou, num padrão que estava rapidamente se tornando rotina. Aproveitei a breve pausa para dar uma mordida no meu sanduíche.

— Eu devia ter deixado você vir de carro hoje — disse ele de repente.

Eu engoli.

— Por quê?

— Vou embora com Percy depois do almoço.

— Ah. — Pisquei com decepção. — Está tudo bem, não é uma caminhada tão longa.

Ele franziu o cenho para mim com impaciência.

— Não vou deixar você ir a pé para casa. Vamos lá pegar sua picape e deixar aqui para você.

— Não trouxe a chave. — Eu suspirei. — Não me importo mesmo de ir andando.

— O que me importava era não ter meu tempo com ele.

Ele balançou a cabeça.

— Seu carro estará aqui e a chave estará na ignição, a não ser que tenha medo de que alguém possa roubar. — Ele riu da ideia.

— Tudo bem — concordei.

Eu tinha certeza absoluta de que a chave estava no bolso de uma calça jeans que usei na quarta-feira, debaixo de uma pilha no cesto de roupa suja. Mesmo que ele invadisse minha casa, ou o que quer que estivesse planejando, nunca a encontraria. Ele pareceu sentir o desafio em meu consentimento. E sorriu com malícia e um excesso de confiança.

More than I imagined -Solangelo -twilightOnde histórias criam vida. Descubra agora