O Outro Lado

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POV WILL

Acordei cedo, embora estivesse descansado, fiquei agitado e nervoso, e quase entrei em pânico em alguns momentos. Tomei banho e me vesti em camadas de roupa por puro hábito, apesar de Nico ter prometido sol. Dei uma olhada rápida pela janela; Apolo já havia saído e uma camada fina de nuvens brancas como algodão cobria o céu, mas parecia ser temporário. Comi sem sentir o gosto, limpei tudo correndo depois que terminei. Eu tinha acabado de escovar os dentes quando uma batida baixinha me fez voar escada abaixo. Minhas mãos pareceram de repente grandes demais para a tranca simples, e demorei um segundo, mas finalmente abri a porta, e ali estava ele. Respirei fundo. Todo o nervosismo sumiu e fiquei totalmente calmo. Ele no início não sorriu; seu rosto estava sério, até cauteloso. Mas ele me olhou de cima a baixo e sua expressão se aliviou. 

— Oi Will, você está lindo -- Ele disse me olhando com uma expressão divertida.

— Qual é o problema? — Olhei para baixo para me certificar de que não tinha esquecido nada de importante, como os sapatos ou a calça.

-- Nenhum. A não ser,  pelo fato, que você não desistiu de ir.

-- Não mesmo. Eu disse em auto e bom som, eu queria que ele visse que, não havia dúvidas na minha decisão.

Ele me encarou por alguns momentos, eu não consegui decifrar sua expressão, então ele sorriu de lado, fazendo uma de suas covinhas aparecer.

-- Vamos.-- Ele disse já indo em direção à minha picape.

Tranquei a porta de casa enquanto ele seguia para a picape. Ele esperou ao lado da porta do carona com uma expressão de martírio que era fácil entender.

— Fizemos um acordo — lembrei-lhe enquanto destrancava a porta e abria para ele. Ele me lançou um olhar sombrio ao entrar. Eu também entrei e tentei não fazer uma careta quando liguei o motor, que ganhou vida com muito barulho.

— Para onde? — perguntei.

— Coloque o cinto. Já estou nervoso.

Revirei os olhos, mas fiz o que ele pediu.

— Para onde? — repeti.

— Pegue a um-zero-um norte.

Foi surpreendentemente difícil me concentrar na estrada ao sentir o olhar dele em meu rosto. Compensei dirigindo com mais cautela do que de costume pela cidade ainda adormecida.

— Você pretende deixar Forks antes do anoitecer?

— Esta picape é velha o bastante para ser avó do Volvo. Tenha respeito.

Apesar do pessimismo dele, logo estávamos fora dos limites da cidade. Uma grossa vegetação rasteira e a floresta densa substituíram os gramados e casas.

— Vire à direita na um-um-zero — instruiu ele assim que eu estava prestes aperguntar. Obedeci em silêncio. — Agora vamos seguir até o final da estrada asfaltada. Pude ouvir um sorriso em sua voz, mas estava com medo demais de sair da estrada e provar que ele tinha razão para olhar e me certificar.

— E o que tem lá, no final do asfalto? — perguntei.

— Uma trilha.

— Vamos andar?

— Isso é um problema? — Ele deu a impressão de que esperava mais.

— Não. — Tentei parecer confiante. Mas, se ele achava que minha picape era lenta…

— Não se preocupe, são só uns oito quilômetros e não estamos com pressa. Oito quilômetros. Não respondi, para que ele não ouvisse o pânico na minha voz. Quanto eu andei no sábado anterior? Um quilômetro e meio? E quantas vezes consegui tropeçar naquela distância? Isso seria humilhante.

More than I imagined -Solangelo -twilightOnde histórias criam vida. Descubra agora