Vinte e Sete

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Eu dei uma faxina em casa assim que cheguei. Ocupei minha cabeça com isso o resto do dia, e como as férias já chegariam eu decidi não estudar.

A tarde, depois do almoço fui às compras pois notei que faltavam algumas coisas em casa, desde comida á produtos de limpeza.

Meu celular tocou no bolso da calça e eu tentei me focar em não destruir a loja com meu desastre repentino.

- mãe?- atendi.

- oi meu amor. Já chegou? Como foi a viagem? - sua voz soou do outro lado.

- foi boa. Nós nos divertimos.

- é? E porque só penso em você, hoje?

Suspirei.
Mães!

- porque sou sua amada filha, linda e maravilhosa?!

Ela riu de leve.

- aconteceu alguma coisa? Eu acho que já sabe que não pode mentir para a mãe, ganhamos um sétimo sentido a mais do que o feminino e os outros cinco.

Eu ri andando com o carrinho para outro corredor.

- eu estou bem, só um pouco triste e, zangada. Em fim, eu e Derek discutimos.

- porque?

- porque eu dormi com seu primo.- falei e ela se calou soltando um 'Lexi!' me reprovando.

- meu amor..

- mãe eu não tenho nada com o Derek. Nossa relação é de amizade e eu expliquei tudo para ele desde o primeiro momento em que ele veio com esta história. Eu não traí ninguém, eu não sou culpada disso!

Ela suspirou do outro lado da linha.

- você tem razão, filha. Mas às vezes, nós fazemos algo porque não devemos algo a ninguém, mas acabamos por machucar a pessoa. Derek gosta de você, você sabia. Você sabe também o que sente e filha, há coisas de que não podemos fugir. Acabamos nos quebrando e quebrando a pessoa se o fizemos e manchando esse sentimento. Eu não sei do que está fugindo, Aléxis, mas acho que pode ser resolvido. Tudo se resolve e o primeiro passo é conversar.

Fiquei calada por um tempo, parada no meio do corredor como uma louca, com uma mão no carrinho e outro segurando o celular.

As palavras de mamãe ecoaram em minha cabeça se juntando as muitas na qual ouvi nos últimos dias. Imagens tomaram minha mente, mostrando minha rotina que já não era apenas a um. Éramos um grupo. Estávamos sempre juntos e mesmo quando era hora de regressar a casa, ele ficava. Derek acabava por dormir no sofá, perto de caixas de pizza, acabava por me ajudar com o pneu do carro, acabava por me dar risos em almoços ou jantares.
Ele corria algumas vezes comigo, me ajudava a estudar…

Ele em tudo, até que me perguntaram um disse estávamos juntos!

E nós havíamos nos machucado. Eu com meu orgulho de mulher independente e livre, que presava para os direitos iguais entre ambos os sexos e que mostrava que era praticamente um dever da sociedade, passando por cima dos seus sentimentos e ele por não entender isso.

Insensível Alexis Butler.

Então eu entendi onde foi o meu erro.
Minha cabeça trabalhava a mil, meu coração estava acelerado e dolorido e as palavras das três mulheres mais velhas que falaram comigo ecoaram.

“ as portas da alma se abrem toda vez em sua direção.”

Meu sorriso em sua direção era diferente? E como eu o olhava?

acabamos por nós quebrar e quebrar essa pessoa manchando esse sentimento”

Eu iria conversar com ele, mas primeiro daria o seu tempo para pensar e colocar as coisas no lugar.

Acabei me esquecendo do celular e de onde estava. Algumas pessoas me encaravam estranho.

- mãe?

- não me diga que teve um momento de flashback em sua cabeça.- rimos.- tudo bem filha, isso as vezes acontece. Há alguns que aceitam com mais facilidade, que esperam por isso e há outros que são cabeças duras.

- ei!- eu ri.- vou desligar porque as senhora da secção dos congelados está me encarando como se achasse que eu tivesse tido um derrame. Beijo mãe.

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Ah, mães!

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