Trinta e Dois

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Derek Wolf

O choque atingiu meu corpo quando não a encontrei.
Procurei por toda a casa e até liguei, mas nada de Aléxis.
Meu cérebro se recusava a pensar que ela havia mentido e ido embora na primeira oportunidade.

Seu carro não estava lá quando voltei e então quando não a encontrei, peguei as chaves da moto e fui até o apartamento dela.

Não sei porquê eu a subestimei. Obviamente se estava fugindo de mim novamente, ela não iria estar onde eu possa imaginar.


O que mais me machucou foi que depois de todos esses meses, ela me encara e mente nos meus olhos. Eu realmente não entendo porque ela fez isso.  Porque ela me procuraria para dizer que me quer e depois fugir.
Era o álcool? Ela havia bebido, e quando se acordou arrependeu?


Joguei a cartela de comprimidos sobre a mesa e sentei passando as mãos pelo cabelo, inquieto. Eu esperaria novamente até que ela chegasse.



No outro dia ela não apareceu na faculdade. Mesmo que era o último dia antes das férias, ela não veio.
Eu a procurei e nem mesmo meus amigos eu havia visto.
Eu não tinha dormido a noite passada e minha cabeça parecia que ia estourar.


- e aí?- Dustin apareceu sorridente.- onde está a branquinha?

- no inferno.


Respondi e ele me encarou de cenho franzido.


- vocês brigaram novamente? Muita tensão sexual.


- cala a boca. Ela fugiu outra vez.

- fugiu? De novo?

- ela foi embora, Dustin. Pegou suas roupas de manhã e foi embora.

- o que? Porque ela fez isso? Vocês estavam no maior climão quando entrei no quarto aquele dia.

Suspirei sentido minha cabeça piscar de dor.


- cara, eu vou para casa, minha cabeça parece que vai explodir.


- se Majô vier eu pergunto para ela.

- foda-se a Butler, Dustin. Eu estou me cansando disso.



Eu me levantei com socos deferidos em minha porta e andei cambaleante até ela. Estava dormindo desde que cheguei e mesmo assim, Aléxis Butler invadiu o meu sono com seus gemidos, seu toque, sua pele, seu corpo…
Eu realmente queria bater com a cabeça em algum lugar e esquecer esse meses de uma vez.


- você! Wolf! – a francesa avançou apontando o dedo no meu peito nu.- que porra tem na sua cabeça?

Franzi o cenho.

- porque caiu fora depois de tudo o que ela disse? Porque a deixou sozinha depois de terem transado? Porque foi tão canalha?- foi a vez da Naomi.

- do que vocês estão falando, porra?


- olha como fala comigo, Wolf! Você vai se explicar e vai ser agora.- Naomi falou e eu realmente me senti ameaçando por aquela baixinha virginiana.


- porque deixou a Lexi? Você tem noção como nossa amiga ficou quando não te encontrou.


Franzi o cenho tentando processar o que elas haviam dito.
Ela pensava que eu havia a deixado?

Que porra!

- eu não a deixei.

Foi a vez delas franzido o cenho. Naomi soltou uma gargalhada ácida e me encarou de cara fechada.


- você está brincando com a nossa cara? Aléxis acordou sozinha em sua casa, te procurou, te ligou, te esperou e você parecia que tinha sido abduzido!

- Naomi,- minha voz saiu baixa e eu encarei o chão e depois ela tentando digerir toda a porra da minha vida.- eu nunca a deixaria.

A morena continuou me encarando e seu olhar amoleceu.


- eu realmente estou apaixonado por ela e nossa primeira noite foi..- procurei palavras- , sei lá, incrível?! Eu não a deixei, não a deixaria. Eu apenas saí para comprar a porra da pílula do dia seguinte porque havíamos esquecido a merda da camisinha.


Ela bateu a mão na testa e a outra grunhiu apertando as mãos em punhos.


- meu deus Wolf, porque não a esperou acordar?


- eu...não sei!


- e o que aconteceu com seu celular? E a demora? Quase três horas, Derek?- a francesa falou.

- cara, a farmácia mais próxima estava fechada, eu nem mesmo pensei em celular, mas acho que o tinha comigo, não sei. E a demora foi porque fui procurar a porra de uma farmácia com um puta engarrafamento!


- que merda, vocês dois!


- e agora?


- eu falo com ela.- falei e elas se olharam- que foi?


- Aléxis viajou agora para Londres. Vai ficar lá todo o mês.


Arregalei os olhos.
Ela havia pensado que eu havia a abandonado e realmente fugiu. Ela estava tão mal assim?


- como ela estava aquele dia?


- chorando, gritando de raiva e amaldiçoado seus descendentes.


- você a machucou Derek, ou pelo menos não teve a intenção, mas Aléxis entendeu assim. Ela ficou muito mal e a única coisa que pensava era se afastar de você.


- QUE PORRA!


Minha cabeça tentava funcionar, mas como um computador manifestado de vírus, falhava. Falhava miseravelmente.
Eu queria a encontrar e dizer que foi tudo um mal entendido, mas a essa hora ela estava longe e me odiando.
Se ela soubesse o que eu senti…o que eu sinto.


- eu preciso ir até ela.- pulei do sofá.


- não dá tempo.- Naomi falou aumentando meu desespero.


-eu pego vôo.- andei até a porta e uma delas me puxou.


- sem camisa?

Encarei meu peito.

- Derek, deixe-a ir.- encarei Marjorie incrédulo com o que ela havia acabado de falar.- Aléxis precisa de um tempo e você também. Depois tenta conversar com ela, mas deixe-a. Eu nunca vi minha amiga assim e ela é uma das maiores mulheres que já vi, com uma força incrível, uma vontade de defender todos, lutar por seus direitos e principalmente com um amor próprio incrível. Aléxis precisa de um tempo, porque ela também é orgulhosa e não vai querer saber que você sabe o estado em que ela ficou. Deixe-a.


Quando ela terminou, meus olhos queimaram e meu peito apertou estranhamente. Passei as mãos no cabelo como sempre fazia em situação de estresse ou frustração e senti a primeira lágrima rolar enquanto andava pela sala.


Meu cérebro doía, talvez não tanto como meu peito, com um coração apertado e acelerado.
Mas elas tinham razão, só não aguentava saber que eu fiz aquela mulher chorar. Eu nem mesmo conseguia imaginar aquilo; seu desespero quando não me encontrou pensando que a tinha usado, seus gritos, suas lágrimas e tudo por minha culpa.


- Derek..

- sai por favor. Eu quero ficar sozinho.

Eu não prestei atenção em mais nada a não ser a intensidade das lágrimas que desciam pesadas e dolorosas sobre minha pele.


Andei pela sala apertando minha cabeça e me sentindo sufocado entre aquelas paredes.
Acabei por quebrar qualquer coisa que nem mesmo sabia o que era e nem dei a mínima.



Out Of LineOnde histórias criam vida. Descubra agora