Out Of Line

Trinta e Cinco

Derek Wolf

Os dias estavam se arrastando!
Minha cabeça não parava de funcionar em direção a ela e o que me deixava melhor era pensar que ela poderia estar bem sem mim.
Era isso que ela queria certo? Não me atendia o celular há quatro dias e nem mesmo as meninas, Jaiden, Dustin e um número desconhecido ela atendeu. Aparentemente não iria ligar a porra do aparelho tão cedo, então eu resolvi me dar esse tempo também.

Estava mexendo na minha moto, alguns dias atrás apenas por descontração quando uma gatinha se aproximou de mim. Era toda preta e estava bem suja.
Como não aparentava pertencer a ninguém a peguei para me fazer companhia. Dei banho, comida e a levei ao veterinário para uma checagem.

- você sabe que eu tenho alergia!- meu amigo espirrou mais uma vez.

- e ela está em minha casa.- falei.

- sai daqui bicho!

- para com isso cara!

- ela vai me deixar vermelho e inchado, justo hoje que a Majô vai dormir lá em casa.

- pelo menos isso deixa seu pau mais grosso.

Falei e ri pegando, Lua, a gata, no colo e correndo para meu quarto.

- ninguém nunca reclamou!

- não preciso de detalhes.- voltei.

Lavei as mãos e coloquei os ingredientes na tábua começando a corta-los.

- isso vai sair quando?- se referiu ao almoço

- você tem uma casa. Aqui é a minha e eu faço o MEU almoço quando quiser.- respondi ainda com intuito de pegar em seu pé.

Dustin ficou um tempo sem falar e o encarei mexendo no celular deitado no sofá.

- teve uma morte cerebral, foi?

- você e a insistência em usar palavras ligadas a medicina.

Dei de ombros.

- Majô disse que ainda não falou com ela.- falou de repente.

Coloquei os temperos na panela e me virei para ele.

- nem eu.

- e como está em relação a isso.

- tentando ter paciência, não entrar em desespero, seguir em frente enquanto isso.

Ele assentiu e ouvi a gata miar.

- Majô disse para irmos a praia hoje.

- nós vamos para o ginásio.

- nós?- ele levantou a cabeça.

- sim, nós. Você precisa de massa muscular e Majô agradece.

Ele me lançou uma almofada que quase caiu na panela e a joguei de volta.

- eu já disse, ela não reclama.

- isso não quer dizer que esteja gostoso. Pode sempre melhorar.

- a Lexi dizia isso?

Eu praticamente cortei um dedo!

- porra!- o sacudi no ar.

- ah, coitadinho..- ele andou até mim.- me deixa ver doutor.

- vá se foder cara!- fechei a cara.

- eu sei que isso te machuca, mas eu tinha que fazer algo para você parar de se divertir as minhas custas hoje.

Revirei os olhos e lavei o dedo na torneira.

…

Deferi o último soco e agarrei o saco diminuindo seu movimento.
Encarei meu amigo oriental esticado no chão e rolei os olhos.
Haviamos treinado a tarde inteira e quis praticar um pouco de boxe, já que não o fazia há muito tempo. Mas o preguiçoso se deitou e ficou lá sorrindo para a porra da máquina.

- se eu não conseguir satisfazer minha namorada hoje por causa dessas dores, eu te mato!

- como se fizesse alguma coisa.

- o quê? Como não? Estou morrendo de dor por sua culpa. Não sei onde eu fui arranjar um amigo como você! Se arrependimento matasse!

- então eu estaria morto.- disse e ele me encarou.

Joguei a mochila nas costas e saí. Dustin veio atrás de mim calado e eu preferi assim. Havia momentos que tudo me lembrava ela é nossos dias praticamente juntos.
Então eu queria apenas vê-la e toca-la matando a porra da saudade em meu peito.

- eu já vou nessa cara.- ele me encarou.- fique bem.

Dustin se despediu de mim com o habitual toque de mãos e saiu em direção ao carro.
Montei em minha moto e arranquei a toda a velocidade sem destino.