Trinta e um

1.7K 173 25
                                    

Quando tinha nove anos, eu vi uma boneca numa publicidade de televisão. A boneca era uma bebê, que chorava, ria, chamava, comia e fazia praticamente tudo como se fosse real.
Eu quis tanto a boneca, que já havia arranjado nome; Natália.


Então eu pedi a para minha mãe e ela disse não.
Pedi para meu pai e ele também disse não pois era muito cara e disse que não era como na televisão.


Eu fiquei zangada, chorei, esperneei e não quis falar com eles até que ma dessem.
Muitas das minhas amigas a tinham e eu também queria.


Porém o tempo foi passando e eu vi que não venceria dela, então desisti.
Quando fiz dez anos, alguns meses depois,  eles me deram a mesma boneca da televisão.
Eu fiquei tão feliz, que passei todos os dias a brincar com minha “filha”.
Algum tempo depois, menos de uma semana para ser precisa, eu notei que a boneca não era como mostravam na TV. Ela era uma farsa!
Eu fiquei com raiva e dececionada com a boneca que sai na rua e dei para a primeira criança que eu vi.


Hoje, eu sentia o mesmo gosto de decepção e culpa por não ter ouvido minha cabeça quando me levantei e Derek não estava em casa.

Eu havia o procurado nos dois banheiros, na sala, na cozinha, na varanda e ainda olhei em baixo para ver se ele chegava da padaria, ou de uma corrida matinal.


Meia hora depois ele não chegou.
Nem uma hora depois.


Então foi ali que a ficha caiu. Derek havia me deixado depois que eu havia me rendido a ele.
Eu havia pedido desculpas, e descido do salto em sua frente, e ele apenas fez o que sempre quis.

Dizem que tudo que vem com trabalho duro, tem melhor gosto e eu fui seu troféu depois de três meses negando o sentimento.
Eu me entreguei a Derek Wolf de corpo e alma. Eu senti e entendi o que todos diziam. Eu abri as portas da minha alma, eu entreguei não só o meu corpo como minha dignidade e orgulho.
E ele os jogou no chão.


Derek havia ido embora e me deixado e duas horas depois, eu juntei minhas roupas, me vesti e saí sentindo tudo pesar.
Eu sempre soube o que iria acontecer.
Sempre tive noção e me neguei a passar por aquilo.
Mas então veio a famosa frase que minha amiga havia dito; Feitiço contra o feiticeiro.


Meus olhos pesaram quando eu não pude meter a chave na ignição e se derramaram quando bati no volante. Sentia tudo; seu toque ainda vivo, suas palavras me garantindo que não iria a nenhum lugar, minhas paredes se quebrando e Derek entrando em mim de todas as maneiras.

A raiva por não ter ouvido o lado racional me atingiu novamente e eu gritei dentro do carro o estacionando de qualquer maneira em qualquer lugar chorando pela terceira vez por Derek Wolf.

- Lexi?- a voz baixa de minha amiga ecoou quando abriu a porta e a mesma me encarou.- o que houve, Aléxis? Porque está chorando?


- e-ele foi e-embora.


Ela franziu o cenho.


- ele quem?

Neguei como se não conseguia deixar o nome sair.
O choro subiu novamente saindo com força, minha garganta se fechou para meu desespero.


- Derek.

Minha voz saiu finalmente como um sussurro.
Naomi arregalou os olhos e me abraçou proporcionando a intensificação de meu choro de desespero e dor.

- porque eu não me ouvi, amiga?- perguntei sentido seus braços me acolherem.- eu sabia que isso ia acontecer.

- Lexi, entra, tome um banho, beba uma água e me explica direito. Derek não pode ter-


- ELE FOI EMBORA!- interrompi.- ELE FOI EMBORA QUANDO CONSEGUIU QUE EU ME RENDESSE A SI. ELE FOI EMBORA QUANDO CONSEGUIU O QUE QUERIA DE MIM. ELE FOI EMBORA ME DEIXANDO A ESPERA POR HORAS EM SEU APARTAMENTO. QUE DESCULPA ELE TEM, NAOMI?

- calma. Tenha calma, Lexi.

- EU QUERO QUE DEREK VÁ PARA O INFERNO!


Comecei a chorar novamente e ela me puxou para dentro de sua casa fechando a porta.


- você vai primeiro tomar um banho, porque está péssima, com a cara inchada, e as roupas de ontem. Vai tomar o pequeno almoço e me explicar direito. Pode ser tudo uma confusão de sua parte.


Ignorei o que ela dizia e fiz o que havia mandado antes. Eu precisava tirar seu toque de mim.


Entrei no banheiro arrancando a roupa que ele tanto elogiou e deixei na lixeira.
Abri a água entrando debaixo do chuveiro e a mesma levou minhas lágrimas e qualquer resto de DNA que podia haver em meu corpo o pertencendo.
Esfreguei com uma esponja que havia encontrado na gaveta até minha pele se avermelhar me encostei na parede fria ainda chorando.



- melhor?


Nada disse.

- me explica direito.


- eu já falei. Acordei e ele não estava. Chamei e ele não respondeu, tentei seu celular e estava desligado. Derek não estava em nenhum lugar e ficou assim por horas. E ainda está.


Naomi suspirou sussurrando algo que eu não compreendi.


- filho da puta.- falou mais alto.


Encarei minha amiga e seus olhos estavam molhados. A abracei acabando por lembrar que ela já esteve numa situação parecida e agora eramos duas a chorar naquela casa.

_________

Fiquem com a imagem da Tókio na multimedia, mas  esqueçam a arma haha.
Porque motivo acham que Derek a deixou?
Me deixem saber suas teorias.

Out Of LineOnde histórias criam vida. Descubra agora