Trinta e Oito

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Derek Wolf

- é eu.. vou tentar falar com ele depois.- ela falou e eles me encararam.

Estavam todos em minha casa e quando o celular de Marjorie tocou e ela olhou para nós de olhos arregalados eu senti o medo percorrer minhas veias.

Era ela.

- quando?- Jay falou quase grudado no celular me encarando.

- não sei. Talvez hoje.

Eles me encararam. Jaiden bateu palmas sem fazer barulho, Naomi me encarou e Majô sorriu afetuosa. Meu amigo me mandou acalmar.
Como?!

- alô?- ela voltou a falar quando eles ficaram muito tempo sem falar.

- oi. Eu estou aqui.- Majô falou e Naomi falou tomando o celular.

- eu quero presentes!

Ovir sua gargalhada foi uma das melhores coisas que eu alguma vez ouvi, mas só de pensar como ela ficou por minha culpa é saber que ela está rindo, feliz sem mim, me deixa com ainda mais medo.

- já os tenho, minha querida.

- ótimo! Compre mais.

- me trás um Boy magia!- Jay gritou e Majô, Naomi e Dustin riram.

- sinto falta de vocês pessoal.

- nós também.

- fiquem bem e mandem beijo para Dustin.

- txau.- Majô desligou.

- ela vai ligar!

- porque essa cara? Ela vai te ouvir!- Majô falou e encarei a felicidade de Jay.

- eu sei!- soltei o ar pesado e passei as mãos pela cara segurando alguns fios no topo da cabeça.- e estou com medo.

- calma, cara. Vocês precisam conversar e as meninas já disseram que foi um mal entendido.

- mas se eu não tivesse saído naquele dia essa merda não havia acontecido. A culpa é minha!

Eles ficaram calados e eu me levantei indo para a varanda ignorando os miados de Lua.
Algum tempo depois, Jaiden se aproximou sério dizendo que iriam sair, eu assenti e pedires culpas por praticamente arruinar mais uma das nossas tardes com meu humor puta que pariu.

- tudo vai ficar bem. Nada que vem fácil permanece.- ele falou, sorriu e saíram se despedindo.

Encarei a gata pequena que enrolava aos meus pés e me sentei brincando em seu pêlo preto.
Ela era a única que podia me aguentar aparentemente.

Três dias.

Por três dias eu esperei, por três dias eu não desgrudei do celular e por três dias ela não ligou.
Qualquer toque daquela porra me acelerava o coração e quando notava que não era ela, eu queria joga-lo na parede.

Eu havia levantado cedo como de costume para treinar e deixar meu corpo exausto demais para quando caísse na cama, apagasse de vez sem lugar para pensamentos.
Meus músculos estavam duros, contraídos e doloridos, talvez eu houvesse exagerado.

Entrei em casa encontrando o olhar da gata deitada no sofá que desceu e andou lentamente até mim.

- fome?- a encarei.

Mexi nos armários encontrando uma latinha pequena de ração e a encarei.

- acho que prefere leite, não é pequena?

Talvez eu havia exagerado mas compras para ela. Era ainda uma gatinha.
Coloquei o leite e fui em direção ao banheiro para tomar um banho quente e relaxar os músculos.
Quando saí, meu celular tocava sobre o sofá, andei até ele encontrando o nome que eu queria ouvir há muito tempo.
Minhas mãos apertaram o aparelho retangular e preto e depois tremeram.
Eu esperei muito para isso, e agora?

Atendi e fiquei mudo, assim como ela.

- oi.- ela foi a primeira a falar.

- oi.

- eu.. nós..- suspirou.- acho que precisamos conversar.

Me sentei no sofá controlando a respiração e o coração acelerado.

- Lexi, eu nunca te deixaria.- falei de uma vez- nunca, nunca te deixaria depois de ter te tocado. Nunca.

- onde estava?

- eu saí para comprar uma pílula do dia seguinte. Havíamos esquecido a camisinha.

Não ouvi nada por algum tempo do outro lado. Não sei quanto tempo passou, só sei que eu a ouvi fungar duas vezes e depois voltar a falar.

- porque não me acordou?

- e-eu, eu não sei, Aléxis, aconteceu eu meio que fiquei assustado com a possibilidade de uma gravidez para nós dois.

Ela voltou a se calar.

- não te passou pela cabeça que eu sou uma mulher adulta com a vida sexual ativa há anos e que eu podia estar tomando pílula?

Foi a minha vez de me calar.
Cerrei o punho e apertei o celular com outra mãos. Eu sentia raiva de mim. Muita. Me sentia sobrecarregado com a total culpa.
Eu queria mandar tudo isso para puta que pariu.

- me desculpa.

- estou tentando.

- e agora?

- agora eu vou passar minhas férias aqui, Derek. Tudo o que aconteceu só provou que precisamos de um tempo sozinhos, melhorando muita coisa que falta. Eu estou reconhecendo os meus erros e minha parte de culpa por principalmente fugir, mas sinceramente, não me arrependi.

Engoli em seco.

- vou ficar aqui por um tempo e quando voltar, nós podemos falar melhor e você me conta com calma o que aconteceu. De qualquer modo, a culpa não foi somente sua.

Assenti como se ela pudesse me ver. Encarei lua que lambeu minha mão ainda cerrada e a puxei para mim.

- quando?

- quando as férias acabarem eu volto.

- falta muito tempo.

-o suficiente, mas não estou pedindo que me espere. Você tem esse tempo para si também, visite seus pais e, converse com Ron.

- eu espero.- ignorei a parte em que meu primo era referido.

- tudo bem, Derek. Se cuida.

- você também.

Desliguei o celular e encarei as ruas movimentadas de San Diego da varanda.
De certo modo ela tinha razão, nós precisávamos desse tempo, mas meu coração não conseguia entender.
Talvez tivesse na hora de ignora-lo um bocado.

Me levantei andando até o quarto e joguei a mala sobre a cama.

Out Of LineOnde histórias criam vida. Descubra agora