Eu me chamo Rainbow. Sim, eu sei. Um nome estranho para uma garota estranha. O que posso fazer se sou fruto do avassalador modo hippie de viver? Meus pais estavam passando por uma viagem de autoconhecimento em Rainbow City, no Alabama. Yeap. Minha mãe resolveu entrar em trabalho de parto logo ali. Ao menos meu nome não é Sunshine, como minha irmã mais nova. Embora seja um nome muito mais suave e bonito que o meu, esse lance de amor ao brilho do sol é muito meloso para mim.
Ainda tenho um irmão mais novo, gêmeo de Sunshine, que se chama Thunder Storm. Certo. Vocês perceberam que meus pais têm um certo lance com elementos superpoderosos da natureza. Nem preciso dizer que fenômenos naturais estavam acontecendo no momento exato em que minha mãe entrou em trabalho de parto. É necessário dizer que sempre fomos motivo de riso e zoação por todo lugar aonde vagássemos? Nós somos o que você poderia chamar de "uma família viajante". Acredito que meus pais permanecem até hoje na vibe do movimento hippie, com aquele lance de ciganos e paz e amor. Nosso sobrenome, Walker,combina perfeitamente com o estilo de vida que meus pais adotaram desde que me entendo por gente. Mesmo assim, eu os amo muito. Com seus defeitos e qualidades, suas loucuras e falta de senso algum na escolha dos nomes de seus próprios filhos. - Rainbow Walker? Merda. Eu odiava quando aquilo acontecia. Eu era novata na escola e o professor fez questão de chamar meu nome em alto e bom tom. Na maioria das escolas que frequentei anteriormente, a chamada era feita no início e, sempre que eu era transferida de um lugar para outro, passava pelo constrangimento da apresentação. Levantei a mão, mantendo o rosto abaixado, na tentativa de evitar que os colegas vissem o tom vermelho que dominava geral. - Aqui. - Venha aqui, querida. Apresente-se para a turma. Nãããooo. Aquilo só poderia ser um pesadelo. Uma piada infame. Uma cena de filme trash. Senti que meus olhos ficavam arregalados em choque. - Rápido! - o professor prestativo acelerou. Levantei meu corpo como se estivesse em câmera lenta e tentei não tropeçar nos colegas de classe que eu tinha certeza de que estavam rindo baixinho. Poderia até ser uma paranoia minha, mas estava ali. Um som de risos. Quando cheguei em frente ao professor, aquele que eu sentia uma vontade imensa de esganar, eu me virei para a turma e esperei que o silêncio se fizesse. E foi o que aconteceu. Os alunos se calaram e ficaram na expectativa do que eu falaria. - Olá, meu nome é Rainbow. Sou recém-chegada de Melville, Kansas. Nada. A turma apenas seguia me observando com olhos curiosos. Eu evitava fazer contato visual porque sabia que, se fizesse, estaria perdida. - Muito bem, querida. Conte-nos de seus planos - o professor medonho insistiu. O quê? O cara estava louco? - Ãhhh... Triiiimmm. Sabe aquela hora em que você mesma diz que foi salva pelo gongo? Eu fui. Naquele exato momento. A turma nem sequer esperou uma segunda ordem e todos já se levantaram apressadamente. Na tentativa de passarem por mim, levei vários esbarrões e nenhum pedido de desculpas. Esperei que a turba furiosa se afastasse para poder voltar à minha mesa e reunir minhas coisas. - Rainbow? Olhei para trás e dei atenção ao professor. - Sim, professor? - Espero que consiga se relacionar bem com seus novos amigos.Assim, ele disse aquilo e se virou, saindo da sala. Fiquei sozinha momentaneamente e respirei fundo diversas vezes. O primeiro dia de aula em uma escola nova era sempre aterrador. E aquela havia sido apenas a primeira aula.
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Rainbow
Teen FictionRainbow" Walker sempre se sentiu diferente das garotas da sua idade. Com um nome peculiar e uma família estranha, ela nunca conseguiu estabelecer vínculos ou manter muitas amizades. Agora, em uma nova cidade, ela terá de se adaptar a uma nova escola...