Capítulo 25

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Capítulo 25 - Gostou do dia de hoje, Rain? - Thomas perguntou enquanto voltávamos para casa. Eu estava muito cansada, mas precisava admitir que o dia havia sido maravilhoso. Nunca ri tanto em minha vida com as explicações ridículas de Thomas sobre cada local visitado. A caminhada exaustiva, o momento relaxante ao simplesmente contemplarmos a correnteza do rio próximo... - Ainda estou me sentindo ulpado por ter feito você se esforçar demais - ele disse ao contemplar minha feição abatida. Segurei sua mão e dei um aperto firme, mostrando que não me importava nem um pouco. Thomas conseguiu fazer por mim, em apenas uma tarde, o que nunca ninguém havia conseguido. Fazer com que eu esquecesse os problemas familiares por alguns momentos, percebesse que era apenas uma adolescente, e lembrasse que precisava viver minha vida plenamente, aproveitando os pequenos momentos e não tentando transformar tudo à minha volta m um caos total. Sempre odiei as pessoas despreocupadas que agem sem se importar com absolutamente nada. Mas percebi que aos dezessete anos eu precisava de momentos como aquele. Embora tenha sido mais adulta em toda a minha vida do que meus próprios pais, também precisava apreciar as pequenas coisas sem pensar em cada detalhe. Talvez a maturidade que sempre foi muito característica da minha personalidade, desde criança, tenha servido para um propósito maior. Como o que eu e meus irmãos estávamos enfrentando. Embora eu tivesse somente dezessete, agora era a responsável pela casa e pelo funcionamento adequado da estrutura familiar que havia restado. Pelo menos até o retorno de nossos pais fujões. Um relacionamento naquela altura do campeonato poderia ser algo fatal, se meu foco ficasse voltado apenas para agradar um namorado. Mas a presença de Thomas ao meu lado serviu para que eu conseguisse enxergar que poderia ser responsável e cuidadosa, mas que também não deveria me perder no processo. Em suma, ele conseguia que
minha seriedade servisse para um propósito, mas fez com que me abrisse para os pequenos momentos da vida, em que apenas o riso ou a espontaneidade serviriam como remédio para todos os meus males. Quando Thomas segurou minha mão e beijou os nódulos dos meus dedos, minha cabeça voltou para o lugar onde estávamos e deixei que os pensamentos profundos resvalassem para o canto da minha consciência. - Eu amei passar o dia com você, Thomas. Obrigada - agradeci constrangida e emocionada. - Não há de quê, gracinha.- Oh, meu Deus! Você sabe que é ridículo me chamar de gracinha? Ou... ou... simplesmente entramos nessa fase de apelidos carinhosos? - brinquei. - Claro que não. Posso te chamar de gracinha, anjinho, baby, amor... - Bufei para os nomes, mas senti meu coração palpitar com mais intensidade. - Posso te chamar do que eu quiser. - Claro que não. Seria estranho se eu começasse a te chamar de... gatinho, amorzinho, querido... Começamos a rir e trocar pequenos apelidos que poderiam ser insultantes, mas, como estavam atrelados à forma carinhosa que queríamos demonstrar, acabavam ficando apenas engraçados. O celular de Thomas tocou naquele momento quebrando nosso clima tranquilo de camaradagem. Não sei por quê, mas eu achava que era problema. - Ei, mãe. - Senti sua mão apertar a minha. - Estou com a Rainbow, por quê? Eu podia ouvir sua mãe falando agitadamente do outro lado da linha. - Ela fez o quê? - Thomas perdeu o rumo e freou o carro bruscamente. Meu corpo foi jogado para a frente, mas o cinto me segurou no lugar. - Mãe! Por que você deixou que ela entrasse no meu quarto? Thomas acelerou o carro e desligou o telefone irritado. - Merda! Fiquei receosa de perguntar, mas não me contive. - O que houve, Thomas? - perguntei, temendo a resposta. - A puta da Cybella entrou no meu quarto e destruiu tudo o que tinha dentro! Meu choque deve ter ficado estampado no rosto, porque em seguida ele apertou minha mão tentando me tranquilizar.- Não se preocupe, baby. Vou resolver isso. - Thomas acelerou o carro. Eu podia sentir a angústia vibrando em seu corpo. Quando entramos no meu bairro, pensei em pedir que ele me levasse junto, mas desisti imediatamente. Acrescentar minha presença ao local seria muito para um dia. Isso se a louca da prima dele ainda estivesse por lá. - Vou deixar você em casa, pegar seu carro emprestado e depois trago de volta, okay? - Claro. Ele colocou uma mão na minha nuca e me puxou para um beijo áspero e rápido.- Não se preocupe. Vou resolver isso e volto pra você. Acenei afirmativamente e desci do carro. Mas não podia me enganar. Eu estava preocupada com ele. Percebi que sua prima tinha o poder doentio de trazer o caos sempre que queria. Depois de uma noite de merda, compensada por um dia maravilhoso como o que passamos juntos, seria pedir muito que não houvesse mais drama ao nosso redor? Pelo jeito seria, já que a Rainha do Drama Máster apareceu para causar tumulto. Eu só podia torcer para que o estrago não tivesse sido tão grave quanto Thomas deixou
transparecer...

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