Capítulo 17

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Os dias que se seguiram à debandada dos meus pais acabaram sendo mais tranquilos do que eu esperava. Eu e meus irmãos estabelecemos uma rotina de afazeres, regras a serem seguidas e tentávamos nos manter sempre abertos a nos comunicar em qualquer hipótese. Nossos pais haviam dado sinal de vida afirmando que já estavam em Richwood e tentei não me ressentir do fato de que o tom de voz deles era de pura felicidade. Íamos à escola, fazíamos nossas coisas e, mesmo que nos víssemos nas aulas, Thomas sempre apareceria de noite para o jantar e curtíamos um momento acalentador em meu quarto, já que Storm fez questão de se apoderar do sofá. Estávamos deitados um ao lado do outro, com apenas nosso dedo mindinho interligado, olhando para o teto do quarto. Nem sei quantos minutos de silêncio haviam se passado. Cheguei a pensar que Thomas estava dormindo. - Thomas? - chamei e virei a cabeça para o lado. Ele virou a sua e nossos olhos se conectaram. - O quê? - Nada. Apenas estava checando se você tinha dormido. Ele sorriu e seus olhos brilharam com desejo. - Estou me segurando, fazendo yoga mental para não pular em cima de você. Senti meu rosto corar fortemente. - Eu queria que você fosse ao jogo amanhã - ele pediu timidamente. Pensei seriamente em seu pedido. Eu acompanhava a rotina de treinos que ele fazia, sabia os dias dos jogos, mas nunca antes tive o interesse de comparecer a algum. Seu pedido foi tão singelo que senti meu peito arder por não ter me oferecido para apoiá-lo antes. - Eu sou uma péssima namorada, não é? - perguntei com um sorriso triste. Thomas se endireitou de lado na cama, apoiando a cabeça na mão, e apenas me olhou longamente. - Nunca - ele disse. - Você é a melhor namorada do mundo. Sorri e olhei enviesado para ele. - Nunca - repliquei. - Além de não comparecer aos seus jogos, eu ainda não... Ele não me deixou concluir, colocando a mão na minha boca. - Não diga isso - Thomas pediu. - Esse nunca foi um fator decisivo em minha opinião. Senti uma certa irritação com aquilo. - Ah, qual é, Thomas! - falei irritada, mas mais comigo mesma. - Eu sei muito bem qual o tipo de namoro em que você sempre esteve envolvido, qual o tipo de garotas que sempre o rodeavam.Sei que você gosta e sente falta de... sexo. - Engoli em seco, mas consegui falar a palavra. - Sei que esse é um próximo passo a ser dado em todo namoro. - Quem disse que namoros precisam ter regras fixas, Rain? - ele perguntou. - Eu não vou mentir e dizer que não sinto falta da parte do sexo. Sinto. E muito - ele completou. - Mas essa é apenas uma parte. Namoro não envolve somente isso, porra. - Mas... - Mas, nada. Eu gosto de estar com você! Gosto da sua companhia, da sua cabeça, do seu sorriso, do seu toque, do seu cheiro, das suas piadas ridículas, da sua língua ferina, do seu humor instável - ele disse e dei-lhe um tapa. - Viu? Eu gosto de você. VOCÊ. E você não é apenas esse pacote gostoso cheio de curvas tentadoras que realmente estão me fazendo suar, você é mais do que isso para mim. Oh. Uau. Simplesmente uau. Eu estava sem fala. Nenhum pensamento coerente veio à minha cabeça naquele momento. - Eu quero você, Rain. E só de estar ao seu lado já fico muito satisfeito, okay? - ele disse e beijou a ponta do meu nariz. - Mentira. Meio satisfeito, mas muito feliz.Sorri e passei a mão pelo seu pescoço, percorri com os dedos os traços do seu rosto e apenas me deliciei com sua presença ali. - Você realmente me quer no seu jogo amanhã? - Mais do que qualquer coisa neste mundo - ele disse e o puxei para beijá-lo suavemente. Claro que todo gesto suave se transformava em algo abrasador logo depois. Thomas Meu Deus... cada vez ficava mais difícil e intenso. Rainbow agora estava cochilando, deitada em cima do meu agasalho, embolado como um travesseiro, em sua cama, da maneira como estávamos e como gostávamos de ficar. Mesmo que os travesseiros dela estivessem espalhados por ali, percebi que Rainbow sempre fazia isso com meu moletom, e não sei explicar a razão, mas meu coração se aquecia ao extremo. Passei os dedos suavemente pelo seu rosto, afastando algumas mechas sedosas do cabelo escuro. Beijei a ponta do nariz e esperei que ela se remexesse em seu breve sono, já que era chegada a hora de minha saída. Cada dia ficava mais difícil dizer adeus. Simples assim.

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