Sexta- feira, Novembro de 1995.
Como a vida sem graça de uma pessoa pode transformar-se em algo tão absolutamente fantástico? Penso enquanto me dirijo para a pracinha que fica a alguns quarteirões da minha casa para encontrar-me com ele: o motivo de todos os meus sorrisos no último mês.
Estamos namorando. Apesar de não termos assumido para nossos pais, na escola, somos oficialmente um casal. Um casal totalmente apaixonado.
Não desgrudamos nem mesmo um minuto no último mês. Na escola, em todos os momentos livres, sempre ficamos juntos. Ele não me deixa nem mesmo frequentar a fila da cantina e para meu maior encanto, alega que os caras sempre tiram uma casquinha quando tem oportunidade. O ciúme dele me envaidece e só me reafirma o quanto este cara maravilhoso me ama. Sim, ele assumiu em nosso último encontro, entre beijos apaixonados e mãos que estão por todo lugar, que é louco por mim. Me disse que estava completamente apaixonado e me fez prometer que eu esperaria por ele o tempo que fosse necessário, já que ele estará ingressando no exército em breve.
Como se fosse possível não espera-lo, penso com um sorriso quando o vejo sentado em nosso banco favorito.
Para um segundo para contemplá-lo. Ele está com a cabeça apoiada no encosto do banco de madeira, e seus olhos incríveis estão fechados absorvendo o sol do fim de tarde. Suas pernas longas e musculosas, estão estiradas e encruzadas e seus braços estirados no encosto do velho banco. Um suspiro apaixonado escapa dos meus lábios, e por um segundo me pergunto como esse cara fantástico se apaixonou por mim. Logo eu que sou tão comum. As palavras da Bru, minha irmã, irrompem meu pensamento: você é cega ou o que, Nina? Você é estonteante. Todos os caras te olham embasbacados, e se você olhasse pra os lados, veria a admiração que causa em todos. Não pense nem por um segundo que aquele lá está te fazendo um favor, é exatamente o contrário. Ele é um filho da puta sortudo por te ter e te controlar totalmente. Você deveria se olhar mais vezes no espelho, maninha.
Sacudo a cabeça para espantar as palavras da minha irmã. Ela não gosta do Pedro, e não faz nenhuma questão de esconder isso. Principalmente dele.
Como se sentisse minha presença, ele abre os olhos e senta-se ereto me encarando com aquele sorriso que faz meu coração acelerar e as borboletas se agitarem na minha barriga. Lindo, suspiro apaixonada enquanto me aproximo.
No entanto, quando chego mais perto, vejo seu sorriso morrer gradualmente e uma ruga se instalar no meio da sua testa. Confusa, o encaro.
— Oi amor — balbucio — Desculpa o atraso.
Ele continua me encarando em silêncio.
Insegura, sento-me ao seu lado. Como ele continua em silêncio, e a gora respira pesadamente, eu tento puxar papo para descobrir o que está acontecendo.
— Aconteceu alguma coisa? — tento e estendo a mão pousando na sua coxa. Posso sentir a tensão do seu músculo sob a palma da minha mão.
Ele fica um segundo a mais em silêncio, fecha os olhos e quando os abre, fico confusa com o que vejo. Raiva?
— Oi. Marina, nós já não conversamos sobre isso?
Confusa o encaro.
— Sobre o quê?
— Isso — diz apontando para minha saia plissada.
Um rubor sobe pelo meu pescoço. A saia, agora entendi. Ele me pediu para não usar minissaias. Disse que fica louco de ciúmes quando vê algum carinha me secando, e eu tinha prometido não usá-las, mas minha mãe me presenteou e insistiu para que eu usasse, e afinal, não a achei tão curta assim.
Um sorriso de alivio, surge no meu rosto quando entendo que as razões da sua irritação é o ciúme que ele sente. Afinal, existe prova mais contundente de amor do que uma crise de ciúmes? Só sentimos ciúmes daquilo que nos é importante, não é?
—Amor, não fica assim. Minha mãe me presenteou e insistiu para que eu usasse.
— Fica de pé — ele diz com voz dura.
Achando que ele estava brincando, me coloco de pé.
— Dá uma volta.
Sentindo-me ridícula, faço o que ele pede.
— Porra Marina, se me abaixar um pouco posso ver sua calcinha, cacete!
— Não exagera, Pedro.
— Já te pedi para não usar essas coisas. O que custa você fazer isso? Porque você gosta tanto de me provocar, porra!
Estupefata, o encaro. A veia no seu pescoço está pulsando, e vejo realmente que ele está muito irritado.
— Desculpa — murmuro sem saber ao certo o que falar.
Ele fecha os olhos com força por alguns segundos, então me puxa para seu colo e encosta a boca no meu pescoço. Solto o ar aliviada. Não gosto que ele se chateie comigo, principalmente por uma bobagem tão grande. Tomarei cuidado para não usar mais estas roupas que o aborrece tanto, afinal, amar é isso: abrir mão de algumas coisas, em prol daqueles que amamos. E o que é uma mini saia perto desse cara tão lindo e carinhoso?
Sua boca continua beijando meu pescoço, minha orelha e então sua voz sussurrada murmura no meu ouvido:
— Prometa que você não vai mais sair assim. Prometa que esse corpo maravilhoso será meu, só meu.
Meu coração acelera. Nunca falamos sobre sexo. Sou completamente inexperiente e nem saberia o que falar sobre o assunto.
— Prometo — murmuro.
— Sou louco por você — continua murmurando — quando penso que um dia, vou te ter todinha só para mim...
Sinto algo quente escorrendo por dentro, sua voz continua e sinto a ponta da sua língua tocando e lambendo meu pescoço enquanto ele diz:
— Não vejo a hora de te ter nua... gemendo e implorando por mim...só por mim...
Solto um gemido baixinho. Nunca fiquei tão excitada na vida. Fecho as pernas com força, para impedir a pulsação estranha que acontece lá. Mas ele não para. Sua mão agora passeia pela minha coxa, por baixo da minha saia em uma caricia tão intima que sinto meu mundo girar.
— Ah que delicia de pele... tão macia e perfumada — ele continua falando e me tocando... sua mão sobe mais um pouco e esbarra no tecido úmido da minha calcinha. Sinto novamente um rubor tomar conta do meu rosto. Agora ele sabe o que suas palavras e sua boca faz comigo, penso constrangida. Então, ele inspira fundo e murmura:
— Porra amor, você tá tão molhadinha. E tudo isso é por mim.— outra lambida no pescoço e então ele pede — Posso te tocar? Por favor preciso te tocar...
Assinto, porque simplesmente não consigo falar. O Parque está vazio, e o banco onde estamos, é em um lugar protegido por uma densa vegetação, então, não corremos risco de sermos flagrados, ao menos é isso que digo a mim mesma quando seus dedos entram em baixo da minha calcinha, me tocando intimamente pela primeira vez na vida. E é como se eu levasse um choque elétrico. Uma sensação deliciosa toma conta, quando os dedos deles começam a massagear meu clitóris. Já li muitos livros com cenas de sexo, mas nunca imaginei que as sensações descritas fossem tão mais maravilhosas. Como se percebesse o meu estado, Pedro geme no meu ouvido e posso sentir sua poderosa ereção pressionando minha coxa, quando ele continua me acariciando, cada vez mais e mais rápido, criando um espiral de prazer, e com ele gemendo no meu ouvindo e sua língua molhada tocando minha orelha, minha nuca, minha boca, ele me conduz para o meu primeiro orgasmo.
Continua....

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O Silêncio da Alma
RomanceAtenção, este livro está disponível em e-book pela Amazon e em formato físico, no site da autora. O livro será postado aqui até a sua conclusão, e após a postagem do último capítulo, ficará disponível por 3 dias. completo, e após só para degust...