CAPÍTULO DEZENOVE

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O mês que se seguiu, foi uma verdadeira maratona. A cada evento que eu concluía, outro surgia. Nunca imaginei, nem no meu mais remoto sonho, que um dia seria tão requisitada. Mas as coisas foram tomando impulso através da propaganda boca a boca. Cheguei inclusive a recusar um jantar, por não ter tempo de prepara-lo. Foi cada dia mais me apaixonando por tudo que acontecia ao meu redor. Nina's Buffet era oficialmente real.

Nunca pensei que seria possível minha vida mudar tanto em apenas cinco meses. Estou me sentindo plenamente feliz como não me sentia em muitos anos.

Estava terminando de organizar meu cronograma do mês quando a porta da frente se abriu abruptamente. Pensando ser o Júnior, não ergui os olhos das planilhas que estava preenchendo sentada na mesa da minha cozinha – que tinha se modificado para atender a demanda de comida que costumo cozinhar —.

— Já está em casa filho? Não teve treino hoje? — indago distraída ainda sem olhar.

Então o silêncio veio e com ele a certeza que não era o Júnior que me observava.

— Sou eu esposa...

Meu coração deu um salto no peito e então ergui meus olhos para encarar os do homem que olha para tudo atentamente, com a testa franzida e os braços musculosos cruzados em frente ao peito definido.

Uma das suas sobrancelhas esta erguida. Mas não há humor na sua expressão. Nem saudade. Só raiva...uma raiva silenciosamente camuflada por uma ilusória aparência perfeita.

Olho para ele que tem uma beleza quase surreal. Sua pele está mais bronzeada que nunca, e seu cabelo cortado rente a nuca deixa seu rosto de traços perfeitos mais evidente ainda. Seu corpo parece mais forte, mais rijo. O uniforme do exército, está amarrotado, algo incomum. Sinto vontade de fechar os olhos, mas não o faço. Inspiro fundo para me acalmar, e então ele sorri ironicamente e diz mansamente:

— É assim que recebe seu marido após mais de cinco meses?

Sua voz é baixa, mas não feliz. Um arrepio sobe pela minha espinha e então eu sei:

A mulher independente e arrojada, acabou de desaparecer sob o domínio daqueles olhos que um dia tanto amei.

Sua alma silenciou novamente.

***

Observo atentamente o Pedro devorar o almoço. Ele não falou muito desde que chegou. Perguntou pelos meninos, e porque mudei a cozinha. Desconversei, ele assentiu e continuou calado.

Então, disse que precisava de um banho e perguntou se tinha algo para comer. Quando disse que o almoço estava pronto, ele apenas assentiu e disse:

— Pode esquentar para mim, enquanto tomo um banho? Estou imundo. — pediu enquanto segurava firmemente sua mochila estilo militar. Notei que os nós dos seus dedos estavam brancos e senti um tremor involuntário me percorrer.

Ele me cumprimentou com um aceno e subiu para o quarto. O nosso quarto.

Nenhum abraço. Nenhum beijo ou declaração de saudade. Sua expressão era completamente neutra, e com horror percebi que a minha também.

Distraída com meus pensamentos, não observo quando ele se recosta na cadeira e cruza os braços atrás da nuca.

Seus olhos me escrutinam, eu enrubesço. Conheço-o bem demais para saber que ele me quer. Aqui. Agora.

— Que horas as crianças chegam?

— Daqui umas duas horas. O Júnior tem treino e a Helena tem inglês.

Ele assente e continua me olhando atentamente.

— Você está diferente Marina...

Encaro-o.

— Você também.

Ele assente novamente e então sorri. Sorri daquela forma encantadora que eu sempre amei. Sua voz é quase suave quando diz:

— Senti sua falta, esposa... — e sem desviar os olhos dos meus, chama — Vem cá.

Minhas pernas estão tremulas quando caminho até onde ele está. Ele então, afasta a cadeira para trás e pede:

— Senta aqui.

— Estamos na cozinha, Pedro — tento argumentar.

— Eu sei. Senta aqui — diz me chamando para seu colo.

Sento-me e ele então encosta seu nariz no meu pescoço, causando-me arrepios. Suas mãos acariciam a lateral do meu rosto e seu polegar roça de forma possessiva meu lábio inferior que está tremulo.

— Sabe Marina... em muitas noites, sozinho no acampamento, cercado por um bando de homens, eu imaginei seu corpo. Fechava os olhos e imaginava essa sua boca deliciosa...

Sua mão desce mais um pouco e então chega ao meu pescoço. Ele se inclina e passa a língua na veia pulsante que lateja sem parar denunciando meu nervosismo.

— Você acredita que mesmo estando cercado por dezenas de homens, ainda conseguia sentir seu cheiro?

Então ele cheira meu pescoço, inspirando profundamente.

— Você tem cheiro de tentação Marina... como uma maça suculenta que precisa ser mordida e saboreada...

— Pedro, as crianças...

— Shhhh.... — ele leva o dedo indicador aos meus lábios e repete — Shhh...

Então sua mão continua descendo pela lateral do meu corpo e esbarra no meu seio. Ele abre a mão e espalmando-o geme baixinho...

Mesmo estando com muito medo do que possa acontecer mais tarde, não consigo impedir meu corpo de corresponder ao seu toque. Fecho os olhos e ele percebe que estou ficando excitada.

Ele solta meu seio e desce até minha cintura.

— Você está mais magra...mais gostosa... — murmura com a mão sob minha barriga coberta por um vestido leve de verão.

Ele lambe meu pescoço mais uma vez e mordisca minha orelha.

Sua mão sai da minha barriga e vai até a barra do meu vestido, puxando-o para cima.

Sua palma calejada, toca minha coxa e escorrega para dentro da minha virilha. É uma caricia tão intima, que estremeço. Sua mão sobe e desce na minha virilha e então esbarra na minha calcinha que está úmida de desejo.

— Vamos ver se sentiu minha falta tanto quanto senti a sua, esposa...

Então seus dedos afastam a minha calcinha e começam a me acariciar lentamente. Uma onda de prazer me varre e eu gemo lentamente. Sinto seu sorriso no meu pescoço quando ele diz:

— Tão molhada... caralho, que saudade de você esposa... geme pra mim, porra.

E seus dedos começam a entrar em mim, e sair espalhando minha umidade por toda parte. Sinto a fricção se intensificar e meu corpo reagir com uma fome brutal.

Quando estou perto de atingir o clímax, ele para abruptamente.

Abro os olhos e ele me olha fixamente.

— Sentiu minha falta, esposa?

Assinto.

Ele sorri cético e repete:

— Quero ouvi-la...

— Sim...

Seus dedos voltam a me tocar e então com a boca colada no meu ouvido ele diz:

— Vou te foder tanto, mas tanto Marina, que não vai sobrar nenhum resquício de saudade. --- e intensificando os movimentos, começa a criar um espiral de prazer incontrolável — Você é minha. Toda minha. Só minha e apenas minha.

E antes que eu desfaleça em um gozo monumental, ele retira os dedos de dentro de mim, me ergue do seu colo e me colocando de pé, diz:

— Assim não esposa.... — diz ofegante — Seu primeiro gozo depois de tanto tempo, será comigo enterrado profundamente dentro de você. Dentro de você, onde é o meu lugar — murmura enquanto me leva para o quarto e cumpre à risca o que prometeu.

O Silêncio da AlmaOnde histórias criam vida. Descubra agora