Olho através da pequena abertura de vidro, da porta vai e vem que separa a cozinha do salão. Hoje é oficialmente nossa inauguração, e apesar de saber que poucas pessoas comparecerão, já que abriremos apenas para alguns amigos e familiares mais próximos, não deixa de ser uma nova etapa na minha vida.
O nosso buffet, está dia a dia se solidificando no mercado. Praticamente todos os finais de semana, conseguimos um contrato de um jantar ou almoço para alguém que é indicado por um cliente. E assim, pouco à pouco, o Ninas'Buffet vai deixando de ser uma empresa familiar, para tornar-se algo mais profissional. Abrir o restaurante em sociedade com a Bruna, torna o nosso negócio mais sólido.
Contratamos quatro pessoas para nos ajudar e eu sinto que esta etapa da minha vida, será fundamental para as mudanças que desejo no meu futuro. Distraída com meus pensamento, não ouço o Júnior entrar pela porta de serviço.
— Está nervosa, mãe?
— Só um pouco — minto e ele me abraça por trás e encostando o queixo no topo da minha cabeça diz:
— Você nunca foi uma boa mentirosa, mãezinha.
Sorrio.
— A tia Bruna está radiante. Já chegaram o pessoal da banda, vovó e vovô — então ele fica em silêncio, e me inclino para olha-lo nos olhos.
— O que foi?
— A vó Dália está aqui também.
Muito surpresa, me desvencilho do seu abraço e o encaro.
— Sua vó Dália? Tem certeza, Júnior?
Ele assente nervoso.
— Tia Bruna pediu para que eu viesse te avisar. Para você se preparar.
— O que ela está fazendo aqui?
Ele dá de ombros e diz:
— Ela disse que veio te prestigiar.
Confusa vou até a janela de vidro e observo a senhora elegante sentada de forma ereta em uma das mesas, com a Helena sentada ao seu lado em uma conversa animada.
A mãe do Pedro e eu nunca tivemos problemas de convivência. Na verdade, durante os dezoito anos de casamento, foram poucas as oportunidades de ficarmos a sós por muito tempo. Ele é uma mulher extremamente reservada e séria, e nunca deixa transparecer o que sente. Seu semblante é sempre muito neutro, e até hoje, nunca descobri o que ela achou de toda a situação que envolveu meu divórcio com o seu filho. Sei que o Coronel, foi absolutamente contra e tentou mais de uma vez, me intimidar e me fazer voltar atrás, mas ela não. Ela nunca me procurou. E vê-la sentada em uma das mesas do meu restaurante, conversando relaxadamente com minha filha, é no mínimo algo inusitado.
— Será que ele vem? — indaga o Júnior, nitidamente nervoso.
— Seu pai?
Ele assente.
— Não, ele não vem. Ele sabe que não pode se aproximar.
Ele desvia os olhos dos meus, e com a cabeça, aponta para um enorme buquê de flores coloridas, que foi posta no balcão da cozinha.
— Ele mandou isso — diz o Júnior com uma ruga de preocupação entre os olhos.
Estupefata, encaro as flores.
— Foi a vovó que trouxe — conta — Ela pediu para te entregar, e disse que tem um cartão aí pra você, mas avisou que a gentileza não era dela, era dele.
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O Silêncio da Alma
RomantikAtenção, este livro está disponível em e-book pela Amazon e em formato físico, no site da autora. O livro será postado aqui até a sua conclusão, e após a postagem do último capítulo, ficará disponível por 3 dias. completo, e após só para degust...