CAPÍTULO 25

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            Sentada em meu pequeno escritório, que fica em uma saleta na lateral do nosso restaurante, tento tirar o sorriso bobo que parece ter grudado no meu rosto. A nossa inauguração foi um verdadeiro sucesso.

O almoço que servimos para nossos amigos, já nos mostrou como as coisas estavam estruturadas e organizadas em nossa cozinha, mas nada nos preparou para a grande quantidade de pessoas que vieram jantar. Clientes que chegaram até nós por indicações de amigos e conhecidos.

Eu e a Bruna ficamos tão surpresas com o grande movimento, que a princípio nos atrapalhamos um pouco, mas assim que o susto passou, eu fui comandar a cozinha e a Bruna ficou com a recepção dos novos clientes, juntamente com a Cris. E agora, já bem tarde da noite, tento fechar o menu para o dia seguinte, mas a concentração não vem.

Eu simplesmente não consegui ainda assimilar que tenho um restaurante, e que na primeira noite, tivemos fila de espera! Foi quase surreal.

Como estamos começando algo totalmente novo, combinamos de sempre ter um prato especial do dia para o almoço e outro para o jantar, além das opções do menu. Assim, testaremos novas receitas, e aos poucos, definiremos o que mais agrada nossos clientes. Estou montado o cardápio para o dia seguinte. A Bruna já deixou o restaurante com o Fernando tem um tempo, e as crianças foram passar o restante do dia na casa da minha mãe. O Júnior resistiu um pouco, mas incentivei-o a ir visitar os avós. Estou distraída montado o cardápio, quando ouço uma batida suave na porta. Peço para entrar, já que imagino ser o Mauro ou a Cris e sou surpreendida quando uma voz melodiosa me saúda. Ergo o rosto e me deparo com o Ricardo, parado na porta, com uma garrafa de vinho e duas taças na mão. Seu olhar está inseguro, e por alguma razão, isso me acalma.

— Posso entrar?

Sorrio e assinto.

Ele se aproxima, e põe com cuidado as taças na minha pequena mesa de trabalho.

— Atrapalho? — indaga apontado para a agenda aberta em cima da mesa.

— Não, estou terminando o cardápio de amanhã. Achei que teria tempo para fazer isso mais cedo, mas fomos surpreendidas com o intenso movimento e tive que ajudar na cozinha.

Ele assente e sorri. Em seguida levanta a garrafa do vinho e diz:

— Queria comemorar o sucesso de vocês.

Emocionada com o gesto de carinho, sorrio apenas.

— A Bruna já foi — informo

— Eu sei, liguei para o Nando antes de vir.

— Ligou?

Ele assente e coça a nuca com a mão livre.

— Na verdade, a Bruna que me disse que você ainda estaria por aqui.

Ergo uma sobrancelha e fico em silêncio.

— Posso? — pergunta referindo-se a garrafa de vinho.

Assinto.

Ele abre a garrafa, e enche as taças. Segura uma delas e me oferece. Aceito com a mão um pouco tremula. Faz tanto tempo que alguém não se aproxima de mim com segundas intenções que por um tempo, fico sem saber como agir.

— Marina, quero que saiba que estou muito, muito orgulhoso de você.

— O restaurante é meu e da Bruna — lembro — mas muito obrigada.

— O restaurante também é motivo de orgulho, mas não é sobre isso que estou falando.

— Não?

Ele nega e inspira fundo como se quisesse tomar coragem. Então fala.

— Tenho orgulho da mulher de fibra que surge dia a dia diante dos nossos olhos. Da linda mulher de fibra... — murmura.

Enrubesço.

Ele ergue a taça e diz:

— Um brinde a novos começos.

Encosto a taça na dele e dou um longo gole imitando-o.

— Estou apaixonado por você Marina — ele diz de repente.

Ergo os olhos para encontrar os dele que estão sérios.

— Eu sei. Sei que não deveria te dizer isso assim. Mas... eu não consigo mais segurar. Estou apaixonado por você... Na verdade, acho que estou apaixonado por você desde o dia que te vi pela primeira vez no casamento da sua irmã.

— Ricardo...

— Não precisa responder. Eu sei que você saiu de um casamento há pouco tempo ... — ele suspira e passa as mãos nos cabelos — sinto vontade de passar as mãos por ali também, penso distraída.

— Nove meses — murmuro.

Ele me olha e esclareço.

— Meu casamento acabou tem nove meses.

Ele assente. Fico de pé e dou a volta na mesa, ainda com a taça nas mãos. Ele me olha com adoração e meu coração acelera. Há fogo no seu olhar, mas também há algo sublime... suave... e eu sinto vontade de me aconchegar à ele. Estou tão carente. Tanto tempo sem contato físico. Então, a mulher que me tornei, assume as rédeas da situação. Coloco minha taça junto da dele, ergo a mão e acaricio sua boca. Seu olhar se incendeia, mas ele não se mexe. É como se ele dissesse silenciosamente: sou seu.

E então, dou um passo para frente e encosto meu corpo ao dele. Ergo as mãos e descansando no seu peito. Ele apenas me olha. Com tanto desejo que sinto minhas pernas fraquejarem, mas ele se mantem imóvel...esperando...

Ergo a cabeça e ficando na ponta dos pés encosto minha boca na dele rapidamente. A intenção é ser um beijo selinho, mas quando minha boca toca a dele, suas mãos se erguem e seguram meu rosto a centímetros do dele e então, ele encosta a testa na minha e diz:

— Vou te beijar, Marina...

Assinto e então, ele finalmente me beija. E quando sua língua pede passagem para entrar na minha boca, eu me perco em um redemoinho de prazer indescritível. E nossa paixão explode como fogo incandescentes descendo as margens de um vulcão em erupção.

Solto um gemido de prazer, e o resto do controle que ele tenta manter se esvai. Ele me beija intensamente e me deixo ser consumida como algo delicioso e muito, muito esperado.

O Silêncio da AlmaOnde histórias criam vida. Descubra agora