Capítulo 32

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Olho para o relógio e tenho certeza absoluta de que irei me atrasar. Mas, depois do meu encontro com o Ricardo no shopping, precisei passar em casa e tomar um banho e, claro, me arrumar um pouco melhor.

Hoje será meu primeiro encontro com outro homem. Nunca tive encontros com ninguém além do Pedro, então, dizer que estou nervosa é subestimar o que estou sentindo.

Depois de tomar um banho rápido, escolhi com cuidado uma lingerie e me perfumei inteira. Não importa se os aromas da cozinha onde trabalharei pelas próximas horas, anulem meu perfume, eu simplesmente precisava me sentir limpa.

Um rubor intenso percorre meu rosto, quando lembro do que aconteceu durante o banho.

Nunca tive problemas com o sexo, mas também nunca tive o hábito de me tocar. Mas hoje, depois do nosso encontro, cheguei em casa muito excitada... e debaixo da água quente, pensando nas promessas silenciosas que os olhos daquele homem me fizeram, me masturbei de forma deliciosa.

Foi algo tão instintivo.

Inevitável.

Meu corpo simplesmente precisava ser saciado. Minhas mãos subiram quase que automaticamente para meus seios, em uma carícia suave, fechei os olhos e imaginei as mãos dele me tocando, me beijando... então, como se tivesse vontade própria, uma das minhas mãos escorregou pela minha barriga, e se alojou entre minhas pernas... arfando e gemendo, com os olhos fechados atingi o clímax de forma intensa. Me senti envergonhada pelo meu comportamento juvenil, mas sei que esse constrangimento é fruto de uma vida inteira de castração e o hábito de sempre abdicar do meu prazer em prol do prazer do outro.

Muitas e muitas vezes, transei com o Pedro sem a mínima vontade. Quantas e quantas vezes, fingi orgasmos mirabolantes para aplacar seu ego que precisava ser inflado. Muitas. O sexo entre nós dois sempre foi bom, mas teve dias, principalmente depois de brigas mais violentas que ele me queria de qualquer forma, que eu simplesmente fingia.

Fingia que também o queria para alegrá-lo. Fingia que gozava para satisfazê-lo. Fingia e fingia.

Nunca mais farei isso por ninguém.

Desço do Uber em frente ao restaurante. Como sairei para jantar, optei por não ir dirigindo. Sei que as coisas já estão bem encaminhadas, porque liguei para avisar que me atrasaria.

Para meu alívio, hoje a Helena tem uma festinha na casa da sua amiga Mila e dormirá por lá, e o Júnior também dormirá na casa de um amigo do time.

Aliso o vestido justo — mais do que o que costumo usar — e me olho rapidamente pelo retrovisor do carro. Estou nervosa. Não sei porque, mas algo me diz que hoje será uma noite muito especial.

Entro no restaurante e sou saudada por uma Bruna radiante. Só de olhar para minha irmã, sei que ela está tramando algo.

— Boa noite, Bru, desculpe o atraso.

Ela sorri e pisca.

— Está linda hoje, hein?

Baixo os olhos para meu vestido e sei que estou arrumada demais para uma noite de trabalho, mas não me importo. Dou de ombros e sigo para o nosso pequeno escritório.

Ela cochicha algo para a Cris, que me cumprimenta também de forma sorridente e misteriosa, e me segue.

Quando abro a porta, estaco.

O Ricardo, mais lindo que nunca, está me aguardando com os dedos enfiados nos bolsos do jeans escuro e um sorriso incerto nos lábios.

— Já chegou?

O Silêncio da AlmaOnde histórias criam vida. Descubra agora