CAPÍTULO VINTE

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Ouço a porta da sala abrir e fechar. Sei que deve ser o Júnior. Olho para o homem desmaiado ao meu lado depois de uma longa tarde de prazer. Não posso negar que meu corpo reagiu a cada toque, a cada gemido e a cada palavra murmurada no ápice da paixão.

Perdi a conta de quantas vezes ele me levou ao paraíso. Sempre me olhando nos olhos, sempre reafirmando que sou dele, que meu corpo pertence a ele e a mais ninguém. Era como se estivesse repetindo um mantra. E depois, ele apagou completamente exausto e agora dorme profundamente.

Saio da cama o mais silenciosamente possível. Pego o vestido amarrotado no chão do quarto, juntamente com a calcinha e dirijo-me ao banheiro. Fecho a porta e me encosto nela. Meu Deus, o que farei? Como vou explicar ao Pedro tudo que aconteceu nos últimos meses? Como farei com que ele entenda que minha vida tomou uma direção e agora tem um sentido? Como vou convencê-lo a não impedir minha convivência com a minha irmã, que tornou-se ao longo destes últimos meses meu porto seguro, minha melhor amiga?

Tomo uma ducha rápida, para tirar o cheiro de suor e sexo que está impregnado no meu corpo, e me visto rapidamente. Preciso preparar o Júnior para o retorno do pai. Ele anda agitado com isso, e preciso que ele entenda, que não pode enfrenta-lo caso ele se descontrole quando descobrir tudo que aconteceu nos últimos dias.

Saio do banheiro de forma silenciosa, vou até o closet, retiro de lá um vestido e uma calcinha limpa, e visto de forma silenciosa. Meus olhos percorrem a figura completamente apagada na minha cama. Nossa cama, corrijo-me. Ele dorme profundamente, para meu alívio.

Saio do quarto e fecho a porta silenciosamente.

Desço as escadas e encontro o Júnior parado no meio da cozinha. Seus ombros estão tensos, e quando meu olhar encontra o dele, sei que ele já sabe.

— Onde ele está?

— Dormindo — respondo e desvio os olhos dos dele.

— Ele já sabe?

— Não, não contei a ele sobre nada.

Ele solta um suspiro de derrota, e baixa a cabeça. Então, alguns segundos depois, se aproxima de mim, e eu vejo o quanto meu filho cresceu nos últimos meses. Seu corpo não é mais de um adolescente desajeitado, o treino e a academia que frequenta, estão transformando seu corpo magro, em um corpo musculoso e definido. Absolutamente lindo como o pai.

— E agora? — ele indaga e me encara — Como você vai fazer agora, mãe?

Me abraço e sinto um tremor me percorrer.

— Vou contar para ele. Desde o começo.

Ele sorri sem nenhum humor e diz:

— E você espera que ele aceite de boa?

— Seu pai quer me ver feliz, filho.

— O caralho que quer! — explode.

Repreendo-o.

— Júnior! Olha como fala!

Ele inspira fundo e passa as mãos no rosto.

— Desculpe, mãe.

Estendo a mão e seguro a dele que está um pouco tremula.

— Vai dar tudo certo — minto — Você vai ver.

Ele então me puxa para um abraço, e com surpresa, percebo que seu abraço não é mais desajeitado. Me aconchego no seu peito e sinto meus olhos encherem-se de lágrimas ao perceber, que meu menino tornou-se um homem.

O Silêncio da AlmaOnde histórias criam vida. Descubra agora