Nem nos meus mais loucos sonhos imaginei que um dia teria um restaurante e que na segunda noite, teríamos fila de espera na porta. Novamente!
É quase surreal. Penso enquanto agilizo a finalização de dois pratos. Estou cansada, mas muito feliz. O almoço foi tranquilo e o movimento menor que o esperado. Mais o restaurante está lotado desde que abrimos para o jantar. Por sorte, tínhamos quase tudo adiantado e os pratos só precisam das finalizações. A ideia da especialidade do dia, também foi uma ideia genial. Adianta bastante o trabalho e hoje nossa salada de bacalhau com frutos secos, foi um estrondoso sucesso.
Uma Bruna esbaforida entra na cozinha e contenho um sorriso.
— Então, como anda os pedidos da mesa oito e doze?
Checo as comandas e falo sem desviar a atenção do acabamento requintado que faço no salmão.
— Estão saindo. Mais dois minutos. Três no máximo.
— Ótimo! — e se aproximando de onde estou diz — Puta merda, não dá nem vontade de comer de tão lindo que está!
Sorrio e ergo os olhos dizendo:
— A ideia é justamente o contrário Bruna! O que desejo é que o cliente não veja a hora de saborear essa belezura aqui.
— Tem razão — diz sorrindo — Chegou mais um cliente.
Ergo uma sobrancelha e em seguida olho o relógio e parede acima da cabeça da Bruna.
— A esta hora?
Ela assente.
— Achei que estes seriam os últimos da noite.
— Infelizmente não tive como negar. O pedido dele é supersimples, e sei que já tem pronto.
— Ah é?
Ela assente sorrindo.
— Ele quer ver a chef e se não for pedir muito, quer um pedaço da famosa torta de camarão.
Sinto um rubor cobrir minhas faces.
— Prontinho chefas, os pratos das mesas oito e doze estão ok — diz o Igor.
A Cris, surge e diz:
— Posso levar, Igor?
— Claro que sim gata, está lindo e gostoso! — diz piscando para ela que fica ruborizada.
Aproveitando a deixa, a Bruna abre a porta de passagem da cozinha para o salão para a Cris passar e diz:
— Quando a torta de camarão estiver ok, por gentileza, pode servir ao cavalheiro que encontra-se sentado no balcão... e ele parece... ansioso — diz me olhando com um sorriso travesso.
— Sem problemas — respondo e resolvo entrar na brincadeira — Como irei reconhece-lo?
Então ela abre o sorriso e diz:
— Essa é fácil, é só olhar e procurar um homem gato, maduro e apaixonado, e tcharam! — pisca o olho e sai me deixando com o rosto ruborizado e o coração acelerado.
***
Quando saímos do restaurante, já está bem tarde. Como na noite anterior, ficamos conversando e trocamos beijos apaixonados. Ele me esperou fechar tudo, e me acompanhou até o carro.
Então, gentilmente, me encostou na porta do meu carro e me beijou suavemente. Cada movimento da sua boca, sobre a minha, foi uma caricia suave. O Ricardo é realente um homem especial, concluo quando ele abre a porta do meu carro, para que eu entre.
— Amanhã não poderei te ver — diz inclinando-se na porta para acariciar a lateral do meu rosto com suavidade.
— Por quê?
— Amanhã vou ficar com meu filho. A mãe dele vai precisar viajar a trabalho e ele dormirá lá em casa.
— Manda um beijo meu para ele.
— Pode deixar — ele diz — Vou ficar com saudade — emenda.
Ergo a mão e toco a lateral do seu rosto. Seus olhos se acendem com a caricia simples e algo dentro de mim, se aquece e se derrete. A sensibilidade aflorada do Ricardo me fascina. É como se ele não tivesse nenhum pudor em mostrar o quanto eu o afeto. Ele não faz joguinhos de sedução. Seus pensamentos estão estampados em cada curva do seu rosto e do seu sorriso sereno e lindo.
— Eu também vou — sussurro.
— Promete que vai me ligar amanhã para me contar como foi a conversa com as crianças?
Assinto e então, ele emenda:
— Não quero de forma alguma te causar problemas, Marina.
— O problemas não é você, Ricardo. O problema foi que eu não os preparei para que eles entendessem que minha vida seguiu.
— Ainda assim, não quero ser motivo de desavenças dentro da tua casa. Se achar que devemos ir com calma, não tem problema. — e se inclinando e depositando um beijo suave na minha boca, continua — Eu só não quero que você desista da gente.
Me estico e é minha vez de beijá-lo e com a boca encostada na dele, murmuro:
— Isso não vai acontecer.
Ele sorri e assente. Coloca os dedos nos bolsos do jeans e se ergue.
— Vai linda. Está tarde e é perigoso ficarmos aqui a esta hora.
Assinto e dou partida no carro.
Se não estivesse tão leve a apaixonada, teria visto o carro sair do estacionamento quase deserto logo em seguida.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Silêncio da Alma
RomanceAtenção, este livro está disponível em e-book pela Amazon e em formato físico, no site da autora. O livro será postado aqui até a sua conclusão, e após a postagem do último capítulo, ficará disponível por 3 dias. completo, e após só para degust...