Capítulo 44

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Pessoas que leem isso aqui, minhas férias terminaram hoje, então aguardem que eu volto assim que conseguir respirar.♥

ANA POV

Não estava, definitivamente, sendo um dos meus melhores dias. Ver Vitória, ser ignorada por Vitória, e não ter uma merda de um horário disponível com Letícia já tinha me irritado o suficiente. Eu precisava de um café, forte e quente, porque a madrugada em São Paulo tinha se tornado mais fria sem ela do meu lado.

Pelo menos Aninha estava progredindo bem no tratamento, apesar de que Willian tenha me tirado do time que faria a operação eu sabia que ela estava em boas mãos e eu estava cheia de cirurgias para esse final de semana. Mas é aquele ditado, tudo que está ruim, tende a piorar. E piorou.

Pela primeira vez em longos meses decidi que compraria meu café na cafeteria que ficava no começou do quarteirão, em vez de comprar que na estava bem na frente do hospital ou até mesmo no refeitório do hospital; e perdi tanto tempo pensando sobre como Vitória gostaria das paredes pintadas com imagens de Elis, Gil, Caetano e vários outros que ela já tinha cantado pra mim. Além disso as mesas eram de madeira bem polida e ela com certeza gostaria de deslizar os dedos sobre elas enquanto falava comigo de novo filme nacional que estrearia algum dia... Quando me lembrei de olhar para o relógio, o alarme tocava em cima da mesa, mostrando que eu tinha uma cirurgia para daqui meia hora e que eu precisava estar no hospital naquele momento.

Corri como nunca tinha feito, pelo menos até os últimos dias, e para minha infelicidade, má sorte, lei de Murphy, qualquer merda que o Universo estivesse conspirando contra mim, trombei com um corpo maior do que o meu enquanto terminava de tomar o último gole do café nas minhas mãos. Nem mesmo consegui terminar de tomá-lo, visto que ele acabou sendo jogado sobre a perna da pessoas à minha frente. Que inclusive tinha belas pernas, e a pele extremamente branca e os cabelos...Vitória Falcão. Ótimo.

"Misericórdia, que negócio mais quente!" -- Ela exclamou, visivelmente sem graça, tentando limpar a mancha com as próprias mãos. Em nenhum momento ela tentou me encarar, talvez porque minha cara não fosse das melhores desde o momento em que percebi que Jaffar estava com ela.

Mais uma vez Ana Clara atrapalhando a foda alheia, que novidade! ME levantei, ignorando a mão estendida de Jaffar, eu não precisava de nenhum príncipe encantado para me levantar do chão, apesar de querer muito continuar deitada nele.

"Me desculpa, Vitória, eu estou atrasada..O-olha, vá pra..vá pra enfermaria do PS e cuidamos dessa possível queimadura, certo?" --Sei perfeitamente que não estou e nem preciso cuidar de Vitória e essa queimadura, mas eu a tinha feito, afinal.

"Tudo bem, Ana, eu posso cuidar disso."

Jaffar se prontificou, tocando o ombro de Vitória e sorrindo levemente. Eu queria poder esfolar aquele rostinho perfeito no asfalto e ser a louca que eu realmente sou, mas isso me tiraria meu emprego e até minha profissão, e eu não cheguei onde cheguei apenas pra perder pra um filhinho de papai que vivia sob suas asas.

"Como quiser. Eu preciso ir."

Segui caminho sentindo minhas bochechas queimarem, não sei se de raiva ou vergonha pelo ocorrido. Talvez pelos dois. Vitória tinha ficado muda, como se estivesse me ignorando sempre que eu me fizesse presentem, talvez ela estivesse seguindo em frente e Jaffar fosse a cobaia perfeita para um recomeço. Até agora, ainda não tinha passado pela minha cabeça que Vitória poderia já estar beijando outras pessoas, mas era óbvio que isso pudesse estar acontecendo, ela trabalha em um bar, faz teatro e conhece pessoas que tenham flexibilidade de horário suficiente para estar com ela sem contratempos. Não consegui me irritar com esse fato, um bom livro sempre deve ser lido por várias pessoas, e eu concordava com isso.

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