VIDEO GAMES

1.8K 136 48
                                    

Um sorriso iluminou os olhos dela, ver Vitória sorrir era como acordar de manhã com o nascer do sol na janela, e me permiti sorri junto dela. Meu coração já estava acelerado antes e agora eu quase conseguia ouvi-lo. Joguei meu corpo contra a garota pálida e afundei meu rosto na curva do pescoço dela, ela me apertou contra o próprio corpo e chorei todas a tristeza e felicidade de estar ali.

"Senti tanto a tua falta." Sussurrei abafado, sem me soltar dela. Vitória fez carinho na minha nuca e beijou minha testa antes de se afastar para me encarar.

"Isso quer dizer..."

"Que eu não sei onde a gente vai parar, mas que eu quero ir pra qualquer lugar onde você esteja. Porque você é minha casa, Vitória Falcão, mesmo que casa não seja sempre sinônimo de calmaria."

Ela sorriu outra vez, agora mais largo, e num movimento rápido grudou os lábios nos meus. Apertei minha boca contra a dela, segurando em sua nuca. Como eu tinha sentido falta dos labios carnudos contra os meus, do coração dela batendo no mesmo ritmo do meu e daquele corpo pressionando o meu. Tinha sentido ainda mais falta dos olhos dela me observando, do sorriso que fazia os olhos brilharem e daquela alma que amava a minha.

"Eu perdi a noção do tempo em que fiquei aqui escondida do mundo." Falei um pouco sem graça.

Vitória acariciou meu rosto. O olhar penetrante estava enxergando toda minha verdade outra vez.

"Contando desde sábado à noite, já fazem quase 4 dias." Ela me deu outro selinho, esse mais curto e continuou. "Acho que a gente precisa voltar pra selva de pedra."

Fiz uma careta. Apesar de sentir falta das pessoas e do hospital, eu não sentia saudade de São Paulo. Eu tinha ficado tanto tempo longe de casa. Vitória entrelaçou os dedos nos meus, conseguia ouvi-la respirando enquanto me observava.

"A gente podia passar o resto da semana aqui." Minha voz saiu manhosa o suficiente para que ela apertasse minha bochecha e sorrisse outra vez. Eu nunca me cansaria desse sorriso.

"Ou a gente pode voltar e voltar nas suas férias." Ela respondeu. A encarei me perguntando sobre como ela sabia quando eu ia ter férias. "Manuela me disse que você tem duas semanas de férias no começo de dezembro." Ela deu de ombros.

"Me ajuda a fechar as janelas." A peguei pela mão e a levei em todos os cômodos. Vitória observou tudo, sem fazer muitas perguntas e sorriu surpresa quando chegamos ao meu quarto.

"Num sabia que tu gostava de quarto rosa, amor." Meu rosto queimou, mais por ouvir Vitória me chamando de amor do que pelo comentário. Aquela voz tão doce trazia calor pro meu peito. Ela se sentou na minha cama enquanto eu pegava as poucas roupas limpas que estavam ali. Quando voltei a olhar para ela, Vi tinha a fotografia das crianças na rua  na mão. "Eu também tenho esse imagem.." Disse, mais pra ela do que pra mim.

"Eu nem me lembrava dessa foto." Respondi me sentando ao lado dela. Deitei minha cabeça no ombro dela.

"Tu sabia que eu moro na mesma rua que tu?" Ela falou, sorrindo tanto com os lábios vermelhos quanto com o olhinhos quase fechados. "Tu é ruim demais com detalhes, Naclara!"

"Eu era nova demais, Vi! Além disso, com quinze eu mal pisava na rua pra poder ficar aqui dentro estudando!" Me defendi.

"A vida só acontece quando tem que acontecer, Ninha. O universo é sabido, a gente morava tão pertinho, cresceu tudo meio junto mas foi só quando chegou a hora certa que ele juntou nós duas."

Ela me disse sorrindo, deixando um beijinho na minha testa antes de se levantar. A segui e tranquei a porta quando saímos. Suspirei quando observei toda uma história ser trancada ali dentro outra vez, mas, agora, sem culpa nem medo de estar fugindo do passado. Eu sempre tinha sido rápida em me acostumar com as coisas, e aqueles fantasmas tinham ido pra tão longe de mim quanto eu consegui mandá-los.

Ela sorria abertamente  à vista que tínhamos de São Paulo ainda dentro do avião. Eu tinha dormido durante quase todo o caminho, e pela primeira vez em algum tempo tinha sido um sono bom. Eu me sentia em paz enquanto o perfume dela acalmava meu coração, saber que ela estava ali me deixava segura. Saber que o coração dela batia em compasso com  o meu me deixava feliz e completa outra vez.

"Vamos pro meu apartamento." Vi disse assim que desembarcamos, já entrelaçando nossos dedos outra vez. Os dedos quentes fizeram a energia de Vitória se espalhar pelos meus ossos.

Assenti e em menos de meia hora estávamos entrando no elevador. Foi questão de segundos até que Vitória me colocasse contra a parede fria do elevador e tomasse meus lábios para ela, as mãos apertando forte minha cintura. Todo meu corpo entre em combustão, arranhei sua nuca a fazendo se arrepiar e mordi seu lábio inferior.  Segurei um gemido quando ela apertou minha bunda e segurou firme.

"Isso é um elevador, Vitória..."

Ela ignorou meu protesto e me beijou ainda mais profundamente, envolvendo meu rosto entre as mãos e me dando vários selinhos, que coincidiram com o elevador chegar no andar dela. Vitória faltou pouco sair correndo e de repente nenhuma das chaves conseguia ser a certa para abrir a porta, ri alto e tomei o chaveiro das mãos dela, abrindo em questão de segundos. 

"Isso é uma casa, Ana Clara" Ela sussurrou contra meus lábios antes de me prensar contra a porta e tirar minha blusa. "E você pode gritar o quanto quiser hoje." Senti meus pelos arrepiarem e o sorriso nos lábios de Vitória fez meu estômago revirar. 


CHAOSOnde histórias criam vida. Descubra agora