Capítulo 03 - Hematomas

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Apoiou as mãos sobre a pia, e o brilho dourado no dedo anelar da mão esquerda reluziu. Sem pensar duas vezes arrancou o anel do dedo, levantou a tampa do vaso jogando-o dentro e deu a descarga. Então foi como se tirassem um peso de suas costas, como se aquele pequeno objeto lhe afastasse de todas aquelas lembranças ruins, porém sabia que não era verdade.

Ainda era casada com Alfonso e para livrar-se completamente tinha que se divorciar. E nas próximas semanas procuraria um bom advogado e não hesitaria em proibi-lo de ver Manuela, o queria bem longe da sua princesinha.

- Poncho, por favor, pare. – ela implorou em meio às lágrimas – Não estamos sozinhos...

- Cale a boca, você tem que entender que não deve me desobedecer. – ele falou rudemente, dando de dedo na cara dela. Anahí olhou para a filha sentada no chão da sala, fez menção de ir até ela, mas Alfonso a segurou pelo braço e a empurrou com força contra a parede - Eu avisei Anahí, disse que não poderia ir trabalhar em outra cidade. Você é teimosa e não me ouviu, agora arque com as consequências. – disse retirando o cinto das calças e desferiu vários golpes nas pernas desnudas da loira.

Ela soluçou, voltando a chorar. Se as lágrimas libertam o sofrimento que fica preso no peito, ela chorava de alívio, alegria por conseguir sair de casa e afastar-se daquele que a mantinha basicamente presa.

- Any, está tudo bem? – ele indagou preocupado, angustiado ao ouvir os soluços dela. Recostou a testa na porta, lutando contra a tentação de invadir o banheiro.

- Estou bem. – disse fraco, soltou o ar pela boca e caminhou até o chuveiro.

José ouviu o barulho do chuveiro ligado e suspirou. Praguejou contra a vida de Alfonso inúmeras vezes, aquele homem pagaria por todo mal que havia feito a Anahí. Não pelo simples fato dele amá-la demasiadamente, mas desejava isso para todo homem que não valoriza a mulher maravilhosa que tem ao lado todos os dias.

Anahí passou a esponja no o sabonete e esfregou sobre a pele, com força. Pressionava tanto que a pele ficava vermelha, e ela não se importava, precisava retirar aquela sujeira dos toques de Alfonso. As lágrimas misturavam-se com a água, estava com tanto ódio que arremessou o sabonete contra o box fazendo barulho.

Ao ouvir o ruído, José abriu a porta e engoliu em seco ao vê-la completamente nua. O moreno sentiu seu membro latejar e a boca salivar, mas logo balançou a cabeça afastando os pensamentos maliciosos. Anahí era linda por dentro e por fora, possuía um corpo curvilíneo, de dar inveja, capaz de incendiar todo um quartel de bombeiros. Porém aquela não era a hora nem o momento para pensar em fazer amor com ela. E foi então que ele viu os hematomas, cerrou os punhos e trincou os dentes. Além dos hematomas, a pele dela estava vermelha por conta da pressão da esponja. Ele deu alguns passos e tomou o objeto das mãos dela e a abraçou, sem se importar em molhar-se. Anahí contornou os braços na cintura dele e pousou a cabeça no peitoral.

- Eu juro que acabo com a vida desse infeliz. – José praguejou e a apertou mais. Podia sentir os mamilos rígidos dela tocando seu corpo, e sua excitação com certeza era evidente. As mãos dele alisavam carinhosamente as costas da loira e ela gemeu, José soube que era hora de parar e deixar que ela terminasse. A beijou na cabeça e afastou-se, saindo pela porta deixando Anahí paralisada.

Anahí grunhiu batendo o pé no chão. Como ele ousa entrar no banheiro, atiça-la e sair como se nada tivesse acontecido? Mudou a temperatura da agua, deixando-a gelada e então se parou embaixo do chuveiro. Necessitava de um banho de água fria para recompor-se. Minutos depois enrolou-se na toalha e não o encontrou no quarto. Manuela dormia tranquilamente na cama dele e ao aproximar-se da menina viu que sobre a cama havia uma calça de moletom e uma camisa branca.

José tratou de arrumar o sofá para tentar dormir um pouco, deixaria que Anahí e Manuela ficassem com a cama. Nem sequer cogitou a hipótese de dividir aquela cama com ela, pois poderia trazer consequências, que para ele seriam maravilhosas, mas Anahí estava carente, em busca de proteção e não abusaria.

Receosa, a loira saiu em busca do amigo, e o encontrou arrumando o cobertor sobre o sofá. Ele teria ficado chateado com a atitude dela no chuveiro?

- Posso ficar um tempo com você? – Anahí indagou com a voz fraca dando indícios de que ia chorar. Assim ficava impossível dele resistir e tentar manter menos contato físico possível. José assentiu e abriu os braços, Anahí se aninhou no peito dele como uma gata manhosa.

- Quer conversar? – ele perguntou carinhosamente.

- Quero que me abrace forte.

E por um bom tempo ficaram em silêncio. Tê-la em seus braços era algo tão grandioso para ele, que poderia mantê-la ali para sempre. Aspirou fundo sentindo o aroma vindo dos cabelos macios e sedosos dela. Como aquele homem era capaz de machucar um ser humano tão amável?

Anahí ergueu a cabeça para olhá-lo com os olhos mareados. Sentia-se segura com ele, estar em seus braços era a melhor sensação do mundo. E a pouco tivera a chance de usufruir da força para saciar seus desejos carnais, externalizar sua excitação evidente, porém ele a respeitou. Aquele homem era maravilhoso, único, especial. Olhos nos olhos, azul no verde azulado. O olhar dele desceu para os lábios carnudos dela, macios e deliciosos. Como desejava saboreá-los novamente. Anahí fechou os olhos e entreabriu os lábios, José sentiu sua boca salivar. Fechou os olhos para afastar de seu campo de visão aqueles lábios, quando os sentiu tocar e roçar nos seus.

- Any... – ele sussurrou e sentiu o coração dela bater forte. 

Un Nuevo SolOnde histórias criam vida. Descubra agora