Capítulo 33 - Transtornado

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- Poncho, por favor, não faça isso. – Anahí implorou com os olhos cheios de lágrimas. A dor pela queda parecia aumentar a cada segundo. Precisava pensar em algo rápido e agir. Precisava salvar as filhas e mantê-las a salvo.

- Estou com saudade de você meu amor! – disse cinicamente, ajoelhou-se em frente a ela. Segurou com as duas mãos o rosto da loira e aproximou o rosto do dela. Anahí comprimiu os lábios. Enfurecido com o ato, ele lhe desferiu um tapa na face, deixando o local vermelho. Anahí olhou-o com ira. – A culpa é sua por não fazer seu papel de mulher! – gritou e retirou uma arma da cintura.

Anahí engoliu em seco. Qualquer coisa que dissesse poderia trazer sérias consequências. Qualquer passo em falso poderia ocasionar em um disparo daquela arma e talvez até uma morte.

- Estou com muita dor, o bebê vai nascer. – sussurrou.

- E acha que me importo? – perguntou ironicamente, gargalhou alto e apontou a arma para ela – Se nascer aqui o bebê morre. Eu mesmo me encarrego de atirar bem na cabeça dele.

- Você teria coragem de fazer isso com sua filha? Sangue do seu sangue? – perguntou já sabendo a resposta, mas precisava enrolar Alfonso ao máximo.

- Eu nunca quis ter filhos, você sabe disso. – ele alterou a voz, apontando a arma para Anahí, em seguida levou as mãos na cabeça, apertando as têmporas - Odeio crianças! Odeio ela! – falou mais alto, agora apontando a arma para Manuela. A menina encolheu-se quando viu a arma sendo apontada para ela.

- E a mim Poncho, você odeia? – indagou Anahí rapidamente, chamando a atenção dele. O moreno voltou a atenção para a loira. Ele sentou-se ao lado dela e a acariciou no rosto.

- Eu amo você. Eu amo você. – disse olhando-a fixamente nos olhos. Pela forma que falava, Anahí podia jurar que bem no fundo havia um homem bom - Mas você não me ama, você ama aquele homem! – falou balançando o corpo para frente e para trás, apertou as têmporas novamente e apontou a arma para Anahí. – Você é má, muito má!

- Não machuca a mamãe, por favor! – Manuela implorou e ele virou-se para a menina.

- Eu mandei você calar a boca pirralha asquerosa! – esbravejou, voltando a apontar a arma para a menina.

- Poncho não faça isso, por favor! – Anahí implorou, com o rosto banhado por lágrimas. Fez força para levantar-se e logo gemeu de dor. Naquele momento tinha de ser forte e proteger Manuela, ou se arrependeria pelo resto de sua vida.

- Eu odeio você, eu odeio você. – ele repetia olhando fixamente para Manuela.

Alfonso apertou o gatilho sem pensar duas vezes. A única coisa que ele viu foi Anahí caindo ao chão. Ela havia se jogado em frente a ele para proteger Manuela.

- MAMÃE! – gritou Manuela ao ver a mãe cair sobre seus pés. A menina olhava imóvel o chão ficar ensanguentado. Abraçou os joelhos e encolheu-se, sem tirar os olhos da mãe.

- Não, não! – ele gritou e foi até ela – O que você fez? – perguntou choroso.

- Não a machuque, por favor... – Anahí sussurrou e desfaleceu.

O moreno ergueu o olhar furioso para a menina. Ela parecia estar em transe. Olhou para Anahí que parecia estar sem vida e depois novamente para Manuela. Segurou firme a arma na mão e apontou para a menina. Antes que pudesse pensar em apertar o gatilho, ouviu barulho de um carro chegando.

- Você está cercado Alfonso. Se entregue! – soou uma voz através de um megafone.

Rapidamente ele soltou Manuela das correntes e a pegou no colo. Apontou a arma para a cabeça da menina e manteve o olhar fixo na porta, que instantes depois foi arrombada.

- Deixe a menina vir conosco. – disse um dos policiais parados a porta. Havia muitos policiais e tropas especiais logo mais atrás, todos prontos para atirar.

- Nunca! – ele gritou – Ela é culpada por Anahí não me amar!

- Se você não permitir a entrada, Anahí pode morrer. – tentou o policial, direcionando o olhar para a loira ao chão ensanguentado.

Alfonso olhou-a desfalecida. Praticamente jogou Manuela ao chão e levou as duas mãos a cabeça, meneando-a. Logo voltou a apontar a arma para Manuela que estava abraçada ao corpo da mãe. Ali Manuela sentia-se segura, e apesar da mãe estar desacordada, sabia que estava protegida.

Alfonso deixou-se cair de joelhos e lágrimas brotaram de seus olhos, escorrendo por sua face. Sentou-se ao chão e segurou os cabelos com força. Estava completamente transtornado. Ver Anahí sem vida a sua frente doía demais. Nunca mais a teria em seus braços. O desespero aumentou e ele empurrou Manuela e agarrou o corpo da loira. Manuela escorou-se na parede e ficou observando temerosa.

- Você não pode me deixar Anahí. Não, não! – disse em meio ao choro – Você é minha! – falou alto e olhou feral para os policiais com armas apontadas para ele.

- Se você a ama salve a vida dela. – gritou outro policial. O clima estava tenso. Todos atentos aos movimentos de Alfonso, prontos para atirar no moreno caso ele tentasse algo com Manuela.

Alfonso negou meneando a cabeça, levou a arma até a têmpora direita.

- Não faça isso Alfonso! – o policial que estava mais a frente falou.

- Eu sou um monstro. Eu a matei. Matei o amor da minha vida. – ele falou rapidamente. Olhou para Manuela com lágrimas nos olhos, fechou-os e suas mãos tremeram. Não suportaria viver com a dor da perda para sempre. Tiraria a sua vida, assim a dor de ter de viver sem Anahí iria embora. Foi então que ele sentiu duas pequenas mãozinhas sobre as dele. O moreno abriu os olhos e se chocaram com aqueles azuis assustados. A menina o olhava como se implorasse que não fizesse aquilo.

- Eu sinto muito. – ele sussurrou, voltou a fechar os olhos e apertou o gatilho.

O grito de Manuela misturou-se com o som da arma. Alfonso caiu ao chão, sobre o corpo de Anahí.

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