Capítulo 13 - Eu não vou permitir

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Exatamente uma hora depois que Anahí saiu do escritório, Carlos ligou para Alfonso avisando que, a pedido de Anahí, daria entrada no processo de divórcio. Alfonso não aguardou ser anunciado e invadiu a sala de Carlos, furioso com o amigo, que redigia um documento no notebook.

- Me diga que é piada o que me disse por telefone.

- Não brincaria com algo tão sério. – Carlos falou calmamente, entrelaçou as mãos e as apoiou sobre a mesa. – Aliás, já estou redigindo o documento. Sente-se e posso te deixar a par da única exigência de minha cliente.

- Cancele o pedido. Anahí não sabe o que está fazendo, na certa foi influenciada pelos pais, ou pelo amante. – Alfonso disse rapidamente, sentou-se na cadeira a frente da mesa de Carlos e cerrou os punhos, deu um soco sobre o móvel. Carlos apenas meneou com a cabeça, em desaprovação a atitude machista do amigo - Ela ainda voltará e implorará pelo meu perdão.

- Ela parecia bem decidida quando esteve aqui. – Carlos rebateu.

- Eu não vou permitir muito menos assinar. – Alfonso meneou a cabeça, levantou-se angustiado - Há mais coisas em jogo...

- Se o que te preocupa é o seu dinheiro, fique tranquilo que ela não quer nada seu. – declarou, observando o amigo.

- Anahí não será de outro homem, ela me pertence. – Alfonso esbravejou e encarou Carlos, apoiando as mãos sobre a mesa e curvou o corpo para frente tentando o intimidar com o olhar.

- Eu lhe avisei que essa possessão por ela te causaria danos.

- Eu a amo Carlos. – Alfonso murmurou. Carlos observou-o minimamente e balançou a cabeça negativamente.

- Tem certeza Alfonso? Você a espancava, tem noção do que isso significa? – perguntou lhe lançando um olhar reprovador.

- Não há provas. – ele disse dando de ombros, completamente despreocupado. Levou as mãos a cintura, Anahí nunca teria coragem de registrar queixa ou contar a alguém sobre o fato – E você não fará esse divórcio.

- Há provas Alfonso! – Carlos falou alterando o tom de voz - Anahí registrou queixa contra você, estou com o boletim de ocorrências. – contou e Alfonso sentiu um calafrio, deixou o corpo cair sobre a cadeira. Agora sim estava encrencado, talvez com a sentença de morte assinada. Fernando o mataria por espancar a única filha, já o havia alertado de que se fizesse algo contra Anahí, pagaria com a vida.

- Eu te imploro pelo que mais ama Carlos, não apresente esse documento. – implorou em um ato de desespero - Estou arrependido e pretendo reconquistar minha mulher.

- E vai recorrer a que para conseguir esse milagre? – questionou Carlos, arqueando a sobrancelha esquerda.

- Ainda não sei, mas não vou desistir de Anahí. – ele basicamente sussurrou, fitou Carlos com os olhos mareados - Ela é minha, somente minha e não vou permitir que outro homem a possua.

Talvez aquele homem a sua frente realmente a amasse, mas de uma forma doentia. Naquele momento Alfonso necessitava de um ombro amigo para chorar e perceber a burrada que havia feito de sua vida durante anos.

- Anahí é uma mulher incrível Alfonso e você nunca deu o devido valor a ela.

- Eu sei que vacilei Carlos, mas o desejo carnal é mais forte que eu, não consigo resistir quando uma mulher me dá mole.

- Quem ama não trai.

- Isso é bobagem, a traição é essencial para apimentar a relação. – Alfonso disse debochadamente - E não tenho culpa se Anahí não curte um sexo selvagem. – ele balançou a cabeça e rolou os olhos - Deveria tentar Carlos, é extremamente excitante espancar a mulher enquanto entra e sai dela.

- Você é doente Alfonso!

- Movido a prazeres da vida Carlos. – Alfonso falou sorrindo cinicamente, clareou a garganta e levantou-se – Eu preciso de uma bebida forte e muito sexo para extravasar essa raiva. – disse e então ergueu o dedo indicador e apontou para Carlos - E por culpa sua não será entre as pernas de Anahí que estarei, você me obriga a ir em busca de outra vadia para me saciar. – acusou-o e Carlos observou-o sair de sua sala incrédulo. Como Alfonso conseguia ser tão frio e mesquinho? E porque o acusava se o único culpado era ele?

Não conseguia de fato entender os motivos que Alfonso tinha para agir como um monstro com uma mulher tão linda e amável como Anahí. O amigo estava emocionalmente e psicologicamente doente, necessitava de ajuda de profissionais urgentemente, mas conhecendo Alfonso, sabia que jamais aceitaria. Então, em sigilo, iria redigir o documento sem Alfonso estar ciente. E quanto ao boletim de ocorrência, deixaria o documento guardado em seu cofre, omitindo que o amigo espancava a esposa. De certa forma estava acobertando um crime, mas aquele documento poderia ser a ruina de Alfonso, deixando-o ainda mais no fundo do poço. 

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