Capítulo 29 - Audiência 02

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- Sim, faz mais ou menos um mês. – disse rapidamente. Ela jogou o cabelo para trás e sorriu apaixonada, direcionando o olhar para o moreno, que lhe sorriu de volta. Aquela troca de olhares bastou para ela desejar gritar ao mundo o quanto o amava. Anahí puxou o ar e o soltou vagarosamente. - Muitos podem julgar que é cedo, que estou fazendo mal a minha filha ou a mim mesma. Eu cansei de sofrer, de lutar por um casamento que nunca deveria ter acontecido. – meneou a cabeça e soltou um riso pelo nariz – Eu estava desiludida, desamparada, e extremamente decepcionada com a vida, e ele me fez ver tudo com outros olhos, mostrou há uma luz em meio à escuridão, que eu não estava sozinha. José segurou a minha mão, esteve ao meu lado, me protegeu das ameaças de Alfonso. – ela deu uma pausa para tragar saliva - Ele fez o papel de pai pra minha filha, coisa que Alfonso jamais fez. E devido a isso, Manuela tem chamado José de pai. – Anahí ergueu o olhar e encarou Carlos - Sempre dizem que pai é quem cria, dá amor, e é exatamente isso que José está fazendo. O fato de Alfonso não ter assinado o divorcio não irá me impedir de recomeçar. – falou empinando o nariz. O juiz deu um meio sorriso, que não passou despercebido pela loira.

- Você mantém esse relacionamento mesmo estando casada com meu cliente. – Carlos falou e Anahí riu debochadamente. Como Carlos ainda o defendia?

- Você bem sabe que eu quis me divorciar. O seu cliente e melhor amigo recusou-se. Então Alfonso não assinou porque quer ser corno. – disse o encarando, cinicamente. Carlos segurou a vontade de rir, aquilo era típico de Anahí.

- Você está com quantos meses de gestação? – Perguntou Carlos mudando de assunto.

- Na 15ª semana.

- Pelos cálculos isso dá em torno de quase quatro meses. – Carlos falou e fingiu pensar. Olhou-a minimamente, apoiou as mãos sobre a bancada em frente a loira - E há quatro meses você esteve em Puebla, onde seus pais moram.

- Exato, tive um trabalho em Puebla. – ela falou o encarando, sem se deixar intimidar.

- Suponho que esse bebê seja de José. – Carlos falou, endireitou o corpo e apontou para o moreno logo atrás do advogado dela e Anahí riu alto.

- Nada me faria mais feliz. – ela falou pausadamente, soltou o ar pela boca. Alfonso não merecia ser chamado de pai quando atentou contra a vida de dois inocentes. - Há uns dias tive um descolamento ovular, causado por uma queda, a qual Alfonso me empurrou quando tentei impedir uma briga entre ele e José. Se ele tem duvidas em relação à paternidade, eu também tenho. Então não me incomodo em fazer um exame de DNA assim que o bebê nascer. E vou ficar extremamente feliz se der negativo. – disse a loira, com um ar de ironia.

- Sem mais perguntas excelência. – Carlos falou e sentou-se. Sabia que Anahí não hesitaria em jogar merdas no ar. Alfonso não teria chance alguma de conseguir a guarda definitiva de Manuela. E no fundo, nem ele queria que fosse assim, bastava apenas admitir isso ao amigo.

José então foi chamado para depor também. Júlio iniciaria o interrogatório e logo após, se Carlos necessitasse, também o faria.

- Conte-me sobre o dia em que Anahí chegou a sua casa, horas após Alfonso a expulsar de casa. – falou Júlio e José assentiu.

- Anahí chegou tarde de madrugada, abaixo de chuva desesperada. Tanto ela quanto Manuela estavam completamente abaladas. – contou, cerrou os punhos e lançou um olhar gélido para Alfonso e logo desviou o olhar – Senti uma necessidade enorme em protegê-las. Sempre soube que o casamento de Anahí era conturbado, desconhecia os abusos e agressões físicas, até porque Anahí nunca mencionou nada. Talvez por medo, insegurança. – ele pausou, tragou saliva – Naquela noite eu as acolhi em minha casa. Acalmei Manuela enquanto Anahí estava se trocando... – ele contou e fechou os olhos, suspirou e voltou a olhar para Júlio - Ouvi algo batendo contra o espelho, sem pensar duas vezes entrei no banheiro e então foi que fiquei horrorizado com a quantidade de hematomas no corpo de Anahí. – confessou e um "oh" em coro formou-se na pequena plateia que assistia.

- Você queria vê-la nua! – Alfonso gritou e José apertou as mãos. Segurou-se para não ir ao encontro dele e desferir golpes em sua cara.

- Peço por gentileza que o senhor Herrera mantenha-se calado. Seus comentários não nos interessam no momento. – avisou o juiz, com uma carranca na face. A expressão daquele senhor de cabelos meio grisalhos não era nem um pouco agradável.

- Como é seu relacionamento com a menor? – perguntou Júlio, dando sequencia no interrogatório. José abriu um sorriso iluminado. Olhou para Anahí a sua frente e sorriu.

- Manuela é o raio de sol da casa, é uma criança incrível. É inteligente, esperta. Eu sou completamente apaixonado pelas minhas meninas. – disse apaixonadamente. E tudo o que falava era nítido em sua expressão facial para quem estava naquela sala – Temos um relacionamento de pai e filha. Recordo que quando ela me chamou de pai pela primeira vez foi inesperado. – contou e seus olhos marearam – Jamais imaginaria que ela me chamaria assim um dia. E foi uma das melhores coisas que aconteceu em minha vida. Manu não tem o meu sangue, mas é minha filha do coração.

- E o relacionamento dela com o pai biológico?

- Não conheço o pai biológico pessoalmente. O que posso garantir é que mesmo convivendo com ele em uma casa, Manuela não mantinha laços afetivos com Alfonso. Manu não aceita que Alfonso seja mencionado como pai dela. Demonstra muito medo do pai biológico.

- E vocês apoiam isso? – Júlio indagou, já sabendo a resposta.

- Não. – José meneou a cabeça - Manuela é uma menina esperta, apesar da pouca idade ela compreende perfeitamente o que acontece a sua volta. Em momento algum Anahí difama Alfonso para a filha. Pelo contrário, ela sempre reforça que Alfonso é o pai dela.

- Sem mais perguntas excelência.

A acusação recusou-se a fazer perguntas a José. Então chamaram Dulce Maria, logo em seguida os pais de Anahí e por último o depoimento mais aguardado do dia: Manuela. 

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