Capítulo 24 - Não vamos perdê-la

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Ver a filha nos braços daquele monstro fez com que a raiva e o ódio o cegassem. Manuela chamava pelos pais em desespero, completamente amedrontada, assustada. José arrancou a menina de Alfonso, sem preocupar-se se a machucaria ou não, queria livra-la das garras daquele homem o mais rápido possível. Largou-a no chão e a pequena correu para o colo da mãe. Anahí abraçou a filha, apertando-a contra o peito. As lágrimas escorriam pela sua face, por medo, angústia, alivio. Fernando e Alice aproximaram-se da filha e da neta, amparando-as.

A loira ergueu o olhar e observou José e Alfonso em uma briga corporal. Era soco para lá e para cá. Alfonso golpeou José fazendo-o cair ao chão, então sentou sobre ele e lhe desferiu vários golpes, fato que irritou profundamente Anahí e também a preocupou. Ela deixou Manuela com a mãe e caminhou até Alfonso, desferindo golpes nas costas. Com apenas uma das mãos, Alfonso a empurrou fazendo-a cair sentada.

Com o impacto, sentiu uma pontada forte em seu ventre. O grito de dor ecoou no ar. Em um ato de fúria, José livrou-se de Alfonso e apressou-se em socorrer a loira, que estava encolhida na posição fetal. Percebendo que havia causado dor a Anahí, Alfonso correu em direção ao carro e fugiu.

Anahí gemia de dor e chorava. Temia por perder aquele bebê, apesar de não ter sido planejado, o desejava com todas as suas forças. Aquela criança não poderia ser jamais culpada ou odiada por ser filha de um monstro. Amava-a demais para perdê-la daquela forma. O seu olhar se encontrou com dois olhos claros fitando-a. Aquele olhar a acalmava e sentia-se protegida.

- Eu não quero perder o bebê... – ela sussurrou.

- Não vamos perder o nosso bebê. – ele disse rapidamente, beijou-a na testa, erguendo-a em seu colo. Então ele preocupou-se ao notar uma pequena mancha de sangue entre as pernas da loira.

Como se entendesse o olhar preocupado dele, Anahí olhou para entre suas pernas e após para José.

- Vai ficar tudo bem meu anjo. – disse carinhosamente.

Anahí fechou os olhos, seu corpo ficou mole. José soube que ela havia desmaiado em seus braços. Não sabia se era pela dor, ou pelo sangue que estava perdendo.

- Eu dirijo. – Fernando falou e José apenas assentiu.

Apressadamente, em alta velocidade, Fernando dirigiu até o hospital mais próximo. Alice havia ligado ao hospital avisando de que chegariam com uma gestante com sangramento devido a uma queda. Em frente ao hospital uma equipe de médicos aguardava com uma maca. Fernando estacionou o carro e rapidamente socorreram a loira.

José bem que tentou ir atrás, mas foi impedido. Não queria deixá-la sozinha.

- Venha, vamos até a sala de espera. O que nos resta é aguardar.

Duas horas haviam se passado e nada de receberem notícias. José andava de um lado para o outro na sala de espera. A preocupação era visível. Não conseguia evitar as lágrimas molhando a sua face. Amava demais aquele bebê, assim como Manuela. Eram suas filhas, suas meninas, suas princesas. Não corria seu sangue nas veias, mas eram suas. Ele era o pai delas. E ninguém as tiraria dele. Protegeria com unhas e dentes o seus bens mais preciosos.

Fernando o observava. Também estava angustiado, preocupado. Sabia perfeitamente que poderia acontecer o pior com o bebê. Já havia presenciado algo parecido antes de Anahí nascer. Porém preferia pensar positivamente e acreditar que com Anahí não seria assim.

Um dos médicos que havia recepcionado Anahí na chegada apareceu e José foi até ele, quase derrubando-o.

- Como Anahí está? Diga por favor, que minhas meninas estão bem.

- Acalme-se José. – ele sorriu e tocou em um dos ombros dele - Anahí quer que esteja presente na primeira ultrassonografia. O moreno abriu um sorriso, olhou para o sogro e alargou ainda mais o sorriso.

- Eu vou ver minha princesinha. – disse emocionado.

- Vai lá papai, registre tudo! – Fernando falou sorridente, dando tapinhas nas costas de José.

José andou pelos corredores por alguns minutos até chegar em uma sala pequena, aonde Anahí estava deitada sobre uma maca, com a barriga completamente exposta. Havia uma pequena elevação, demonstrando que ali crescia um serzinho que amava com todas as suas forças.

- Olha quem chegou! Preparado para ouvir o coração desse bebê? – a médica perguntou e José assentiu. Caminhou até Anahí e beijou-a na testa.

- Vocês me deram um susto. – ele sussurrou e selou os lábios com os dela. - Se acontecesse algo com vocês...

- Por sorte você a socorreu a tempo e conseguimos conter o sangramento. - a médica disse o interrompendo. 

- E como está o bebê?

- Confirmarei minhas suspeitas assim que fizer a ultrassonografia. Gostaria de me ajudar papai? – indagou e prontamente José assentiu – Pode passar esse gel na barriga da mamãe para começarmos o procedimento. – disse estendendo para José um pote. Rapidamente ele passou o gel sobre o ventre da loira, que fez uma careta ao sentir o gelado.

A médica passou então o aparelho sobre a barriga da loira e logo a sala foi invadida pelo som de um coração. José e Anahí olhavam emocionados para a tela do computador, onde uma pequena manchinha movia-se lentamente.

- Com a queda a você teve um descolamento ovular, o que provocou o sangramento. – a médica falou olhando para Anahí. - Isso ocorre quando o sangue se concentra entre o útero e o saco gestacional, formando um hematoma. Precisará de repouso absoluto e tomar as medicações necessárias que irei prescrever. – explicou. José assentiu e Anahí não gostou do fato de ter que ficar de repouso. Se bem conhecia José, ele a obrigaria a ficar na cama por dias, como da outra vez - Fique tranquila, pois tudo volta ao normal depois de um tempo e a chance de abortamento é pequena.

Repouso absoluto significava que ficaria por um bom tempo sem ter relações sexuais com José. O medo, desespero que ele repita o que Alfonso fez, a dominou. Se tivesse de ficar até o final da gestação e mais o período de recuperação pós-parto, José poderia ir à busca na rua o que não tem em casa, e isso lhe causava pânico. 

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