Capítulo 05 - Ariel

554 36 11
                                    


O choro vindo do quarto trouxe os dois de volta a realidade. Juntos foram até a menina que estava sentada sobre a cama. Com certeza estava estranhando o quarto, afinal nunca estivera ali. Ao ver a mãe a pequena estendeu os braços, chamando-a. Anahí foi até ela e a pegou no colo, a menina contornou com as pequenas mãos em volta do pescoço dela, escondendo o rosto. Estava um pouco assustada com a presença masculina ao lado da mãe.

- Ei princesa! – José chamou-a afagando seus cabelos, Manuela o olhou com um bico pronta para chorar. – Quer ver o que trouxe para você? – perguntou sorridente, estendendo as mãos para ela.

A menina olhou para a mãe, para José e suspirou. Timidamente estendeu as mãozinhas em direção a ele. José pegou-a no colo, girando-a no ar e deu beijos em sua bochecha, fazendo-a sorrir. Saiu com ela do quarto, com Anahí na sua cola. Foi até a porta, abaixou-se para pegar a caixa, e então caminhou até o sofá e colocou a pequena sentada, largou a caixa sobre a mesinha de centro, abriu-a, enfiou as mãos dentro e retirou segurando uma bola de pelos branca. Manuela deu um gritinho ao ver o animal e estendeu as mãos para pegá-lo.

- Obrigada. – Anahí sussurrou.

- Eu li que animais auxiliam na superação de um trauma.

- Você existe mesmo? – perguntou sentando ao lado dele e beijou sua bochecha – Nem sei como agradecer por tudo.

- Esse sorriso basta – ele disse apontando para Manuela rindo e a loira sorriu – E esse também.

- Para de agir assim ou irei colocá-lo em um pote, só para mim. – ela brincou. José a olhou encantado. Como conseguia ser tão linda e perfeita? E como ele a amava! Um sentimento intenso, que crescia dia a dia. Aquela mulher transformara a sua vida em um mundo mais colorido, alegre e agradável.

- Não seja egoísta pequena. – ele falou lhe dando um toquinho no nariz - E a Manu, não vai me dividir com ela?

- A Manu pode, mas só ela. – falou cruzando as mãos sobre o peito, fingindo estar emburrada. José sorriu e lhe deu um selinho, Anahí foi com o corpo para frente, a fim de aprofundar em um beijo, ele meneou com a cabeça. – Quando você está a fim de provar, te tiram o doce da boca. – ela murmurou.

- Terão outras oportunidades. – ele disse e lhe deu uma piscadinha. – Agora precisamos ir à delegacia e registrar a ocorrência. – ele falou e Anahí encolheu os ombros. – Eu sei que é doloroso meu anjo, mas precisa ser feito para que ele fique o mais longe possível de vocês. – explicou e ela assentiu. José tinha razão, para segurança dela e da filha teria que registrar tudo e mostrar os hematomas. Ele a olhou, tragou saliva e prosseguiu - Eu estive com seus pais, e sua mãe mandou umas roupas para vocês.

- Pensei que ia me esperar...

- Me desculpe. – disse receoso. - Eu contei a eles o que ouvi pra evitar que ficassem remoendo o assunto. Não é bom para você, muito menos pra Manu. Perdoe meu atrevimento, eu só...

- Eu sei que teve a melhor das intenções gatinho. – ela falou interrompendo-o, levando o dedo indicador sobre os lábios dele – E eu agradeço por ajudar, mas sabe que não vai evitar eles brincando de detetive comigo. – ela abriu um pequeno sorriso. – Vou me trocar e depois venho arrumar a Manu.

Anahí voltou a sala e deparou-se com uma cena que sempre desejou ver com Alfonso. Parecia não ter sido notada, então ficou observando José pentear os cabelos da menina. Ela já estava vestida, com um shortinho jeans e uma blusinha branca com rendas nas mangas e sapatilha nos pés.

- E então Manu, decidiu que nome vamos colocar nela? – perguntou e a menina o olhou com um biquinho, erguendo as mãozinhas com a palma da mão virada, como se dissesse "não sei" – Eu vou falar alguns nomes e você diz se gostou ok? – indagou e ela assentiu. – Paçoca, Cristal, Pipoca, Molly, Bella... – ele pausou para pensar, não era muito bom com nomes, todos citados eram nomes de animais de estimação de algum amigo, ou que teve na infância. Então olhou para a televisão que passava o desenho de uma sereia - Ariel? – ele perguntou e menina abriu um sorriso.

- Ariel é bonito. – a voz infantil soou na sala. Manuela parou de pé no sofá, estava com marias-chiquinhas perfeitamente alinhadas. – Mamãe! – a pequena exclamou denunciando a mãe parada atrás dele, sorrindo abobada.

- Eu tomei a liberdade e adiantei um pouco aqui. – ele falou meio envergonhado, receoso de que Anahí não gostasse que tivesse vestido a filha e a arrumado.

- Fez um ótimo trabalho. – ela disse lhe dando um beijo na bochecha e pegou Manuela no colo.

- E eu carrego a Ariel. – o moreno disse brincalhão e Anahí deu um pequeno sorriso malicioso, o qual José não pode ver, pois estava de costas para ele.

O quarteto foi à delegacia, registrou ocorrência e Anahí fez o exame de corpo de delito para poder acrescentar os maus tratos no boletim de ocorrência. Agora Anahí podia ficar um pouco mais tranquila, pois Alfonso estava proibido de chegar perto dela ou da filha. 

Un Nuevo SolOnde histórias criam vida. Descubra agora