Capítulo 34 - Seja bem vinda de volta

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Anahí abriu vagarosamente os olhos, viu a silhueta de um homem sentado na poltrona em frente à janela. Devido a claridade, rapidamente fechou os olhos. Não precisava olhá-lo. Conhecia muito bem aquele corpo, o cheiro que estava impregnado no ambiente. Recordava-se do sorriso, da felicidade que ele lhe proporcionava. Aquele homem era o motivo de fazê-la a mulher mais feliz do mundo nos últimos meses.

E então a realidade lhe veio como um balde de água fria. Abriu os olhos, arregalando-os. Direcionou o olhar para ele, o moreno aproximou-se e sorriu. Anahí sentiu seus olhos encherem-se de lágrimas. Alfonso estava ali, a sua frente. Tudo o que viveu foi fruto de sua imaginação?

Havia sido tão real que se tornava difícil de acreditar, ainda mais se tratando do que parecia ter presenciado com seu marido tendo relações com outra mulher, em frente a um menino que tinha a idade de Manuela. Era como se estivesse ali, assistindo a cena. E vira tantas coisas que a deixaram em pânico. Como ele podia ser tão cruel?

Não era Alfonso que era o monstro em sua vida, e sim José. Era ele que havia tornado a sua vida um inferno, a feito sofrer e derramar muitas lágrimas. E devido a isso seu inconsciente a fez reconstruir tudo até o momento em que foi baleada. Fantasiou a vida perfeita ao lado de José, deixando o cargo de monstro para Alfonso, que havia entrado em sua vida como um anjo, colorindo os seus dias. Inverteu os papéis em seus sonhos como uma forma de negar a realidade que se encontrava. Não podia negar que ainda nutria algo por José, e devido a isso o imaginou no lugar de Alfonso. Fantasiou a vida perfeita ao lado do marido.

A voz conhecida parecia vir de longe a chamando, então moveu um pouco a cabeça e seus olhos se encontraram com os dele, tão verdes e intensos. A claridade já não a incomodava, e o moreno lhe sorriu com lágrimas nos olhos.

- Seja bem vinda de volta meu anjo! – ele exclamou beijando-a nas mãos.

Os olhos de Anahí voltaram a fechar-se. Horas depois acordou, olhou a sua volta e o quarto estava florido, com ele sentado no mesmo sofá de antes. Ela sorriu ao vê-lo.

- Manuela, Lorena... – ela sussurrou. Alfonso pulou do sofá e foi até ela segurando suas mãos.

- Nossas meninas estão bem meu anjo, e seguras. – disse rapidamente e ela suspirou - Mais tarde sua mãe as trará aqui. Lorena é perfeita, assim como você.

- Queria que ela se parecesse contigo. – resmungou dengosa e ele achou graça. Beijou-a na testa carinhosamente.

- Felizmente a sua genética é forte, e nossas princesas são cópias suas.

- Quero ver o rostinho da Lorena, sentir seu cheiro, amamentar. – disse com um sorriso enorme nos lábios. Alfonso soltou o ar pela boca e apertou as mãos da loira. Sentou-se sobre a cama, tragou saliva. Anahí estranhou a reação do moreno e olhou-o confusa – O que houve? Não tenho leite? – ela perguntou preocupada.

- Por incrível que pareça você teve muito leite. – contou Alfonso, puxou o ar. Daria a noticia a ela sem anestesia. - Lorena já passou da fase de amamentação meu anjo.

- Por quanto tempo eu dormi? – sibilou.

- Um ano e meio. – ele disse calmamente. Anahí arregalou os olhos, logo eles marearam. Havia perdido toda aquela fase essencial de vínculo entre mãe e filha. - As meninas vêm aqui todos os dias. – Alfonso falou ao perceber que a loira ia chorar. - Lorena aprendeu a chamar mamãe. – contou orgulhoso, retirou o celular do bolso e mostrou a loira as fotos das meninas em sua galeria.

Anahí olhou emocionada as filhas. Manuela estava com quatro anos e Lorena com um ano e meio, tempo em que esteve em coma. Perdera muitos detalhes do crescimento delas. Será que um dia a perdoariam?

- Em meus sonhos o cara malvado era você. – sussurrou, mudando de assunto. – Eu te odiei com todas as minhas forças.

- Inconscientemente acontecem coisas que nem a medicina consegue explicar minha vida. – Alfonso falou ternamente, lhe sorriu e beijou-lhe as mãos - Você passou por coisas desagradáveis enquanto esteve casada com José. E para poder suportar, seu inconsciente mudou os fatos, alterou a história. – ele explicou e ela olhou-o encantada. Alfonso parecia ter adivinhado o que pensara minutos atrás. Ele então soltou o ar pela boca e a loira pode perceber a expressão dele mudar, dando um ar triste - Os médicos chegaram a desacreditar que acordaria um dia. Descartaram todas as possibilidades. Mas algo dentro de mim dizia que você voltaria para nós. – disse a abriu um sorriso, que foi retribuído. Como ela amava aquele homem a sua frente. Tinha tantas perguntas a fazer para sanar todas as suas dúvidas, porém algo que tinha urgência em saber.

- O que aconteceu com José?

Alfonso puxou o ar. Precisava buscar as palavras certas para dar a trágica notícia.  

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