Há muitos quilômetros daquele parque, Alfonso dirigia pelas ruas em alta velocidade, extremamente irritado e inconformado. Anahí o traía, deitava-se com outros homens e tal fato para ele era imperdoável. Machista, Alfonso tinha a concepção de que mulher deveria apenas cuidar da casa e estar pronta na cama quando o marido chegasse tarde do trabalho para saciar seus desejos carnais.
- Maldita! Infeliz! – praguejou batendo com força no volante.
Conteve a vontade de chorar, jamais admitiria que sentia falta de uma mulher que não era apenas sua, que andava com outro homem enquanto trabalhava. Seu corpo estava tenso desde a madrugada e necessitava urgentemente extravasar, livrar-se toda essa tensão. E ele sabia em qual endereço encontraria abrigo, alguém que lhe abrisse as pernas para recebê-lo, sem chorar ou reclamar que sentia alguma dor.
- Poncho, por favor, pare! – ela pediu em meio às lágrimas e uma expressão de dor – Você está me machucando, pare!
- Cale-se! – gritou e lhe desferiu um tapa na cara, aumentando o ritmo dos movimentos e ela gritou de dor – Você me deve prazer, muito prazer Anahí!
Não foi uma ou duas vezes que ela implorou para que parasse. E em algumas delas, Alfonso acabava irritado, fechava as calças, pegava a chave do carro e saia voltando de madrugada ou ao amanhecer, cheirando a álcool e perfume feminino.
- Vai se arrepender do que fez Anahí! – ele disse a si mesmo, jogou a cabeça para trás e riu alto, então olhou para a foto de Anahí e Manuela sorridentes, pendurada no retrovisor do carro. Arrancou-a e encarou a foto - Você ainda voltará com o rabo entre as pernas implorando meu perdão, e então vou rir na sua cara, da mesma forma que fazia comigo enquanto estava com outros.
Tomado pela revolta, arremessou a foto pela janela. Dirigiu mais algumas quadras e chegou ao edifício Alvorada, onde julgava encontrar seu refúgio, local onde uma mulher o aguardava ansiosa, vestida provocativamente e pronta para recebê-lo sem pestanejar.
O porteiro lhe cumprimentou e Alfonso o ignorou, deu um soco no botão do quinto andar, escorou-se na parede do elevador e passou as mãos sobre o rosto. Escorregou as costas pela parede, sentando-se no chão e levou a cabeça entre as pernas e só então permitiu-se chorar.
As lágrimas existem por um motivo, portanto, não fazia sentido algum negá-las. Precisava aliviar a alma da raiva, angústia e tensão que o fato ocorrido há algumas horas havia lhe proporcionado, trazendo sanidade perante o desespero. Alfonso não conseguia descrever o que sentia realmente, talvez a raiva por descobrir que Anahí fora de outro homem estivesse o consumindo, fazendo-o esquecer dos bons momentos que passaram juntos, e do sentimento grandioso que havia ocultado logo após receber a notícia que seria pai. Ser pai nunca esteve em seus planos, uma vez que não suportava choro de criança, sentia aversão a elas.
Seu coração doía, parecia que alguém havia o pisoteado, o apunhalado pelas costas. Mas porque ele derramava lágrimas por uma mulher que havia sido infiel? Um bip acusou que o elevador chegou ao destino, abrindo as portas. Levantou-se rapidamente, enxugou as lágrimas e foi em direção ao apartamento 208. Com apenas um chute ele abriu a porta e assim que a viu, a jogou contra a parede, beijando-a com violência.
Abandonou a boca da mulher e desceu para seu pescoço, mordiscando e dando fortes chupões, deixando marcas vermelhas.
- Adoro quando vem assim com sede ao pote. – ela falou rindo e o segurou pela gola da camisa, girou-o prendendo-o contra a parede e mordeu em seu queixo. Então viu que os olhos de Alfonso estavam vermelhos, assustando-se, pois nunca havia o visto daquela forma. – O que houve?
- Aquela vagabunda me traiu. – disse com a voz carregada de raiva, afastando-se dela. A mulher sorriu vitoriosa, foi até ele e tocou em suas costas, afagando. Agora aquele homem seria seu, sem Anahí para interromper seus planos. O primeiro passo havia sido dado, agora teria que colocar mais lenha na fogueira, incentivando Alfonso a odiá-la eternamente.
- Você sempre traiu suas namoradas, com Anahí não foi diferente. – ela disse calmamente, Alfonso soltou o ar pela boca - Então porque ela não poderia dar o troco? Dizem que chifre trocado não dói.
- Anahí não tinha esse direito! – ele gritou revoltado encarando-a. - Eu vou matá-la junto com aquela pirralha que nem minha filha deve ser. – ameaçou e a mulher meneou com a cabeça, segurando-o nos ombros.
- Deixe de ser idiota Alfonso! – ela falou em um tom alto e ele contraiu os músculos da face - Não vale a pena sujar suas mãos, esqueça-a e vamos viver do jeito que você mais gosta: muito sexo selvagem e álcool. – sugeriu com um sorriso malicioso nos lábios. Alfonso relaxou e arrancou a camisa, puxando-a pela cintura.
Ran ran.
Um clarear de garganta chamou atenção de ambos, Alfonso grunhiu e lançou um olhar feral ao homem que estava parado a porta, com uma mala e de mãos dadas a um menino, de olhos verdes e cabelos negros encaracolados que devia ter por volta dos dois anos.
- Sua mãe não está em condições de seguir criando o menino. – o homem caucasiano disse, olhando para a mulher, adentrando o apartamento. = Assuma sua responsabilidade Cláudia, seja a mãe que ele nunca teve.
- Eu não sei cuidar de uma criança! – Cláudia gritou histérica, segurou firme nos cabelos e puxou-os, então olhou para Alfonso – Você vai me ajudar, a responsabilidade desse fardo não é somente minha.
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Un Nuevo Sol
Fiksi PenggemarDurante muitos anos Anahí sofreu com um casamento conturbado, fadado ao fracasso. Desiludida com o amor, o destino cruzou a sua vida com um belo homem de corpo escultural, romântico, com belos olhos claros e olhar sedutor. O que ela antes pensava se...