Violeta

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Abrindo os olhos levemente durante o ato, posso ver os dele brilharem violeta para mim.

Ele me aperta contra si, acariciando meus cabelos negros.

Seus lábios de distanciam dos meus, formando um sorriso carinhoso.

- Prometa fazer isso mais vezes... - Ele diz, beijando minha testa. – Srta. Wood.

Eu fecho os olhos devagar, desejando que esse momento não acabe nunca. Sinto seu cheiro, agora tão próxima de sua nuca, doce e gentil.

- Posso fazer isso por nós. - Digo me virando e puxando ele pelo braço, para voltar à caminhar -Quantas vezes quiser, Sr. Sullivan.

Em meio a sorrisos cúmplices, fomos em direção à Palace Gardens. E eu diria, que nunca estive tão feliz em caminhar até lá, apesar do meu coração batendo forte e as bochechas ardendo por finalmente tomar essa coragem.

Trevor é extraordinário de muitos ângulos. Mas isso não me faz esquecer do tanto de coisas que existem por trás de seus belos olhos violeta. Sejam essas coisas boas ou ruins.

Quando ele largou minha mão e foi para sua primeira aula, eu vaguei um pouco perdida pelos corredores até a minha começar. Me sinto ansiosa demais para conseguir me concentrar em alguma matéria, estou sem foco algum.

Me escoro na parede, perto dos armários. Meu lugar, meu cantinho onde posso ficar olhando para os lados e esperar o tempo passar.

Queria entender a razão de ninguém mencionar Forest Witchery. Em Woodvalley, sinto que apenas eu me interesso por isso. Quero entender o medo, o que vem de lá, de que tanto me escondem?

Me perco imaginando, me sentindo naquele sonho novamente, nas lendas que parecem me seduzir.

- Wood. – Alguém diz, e eu olho de volta. É aquele garoto... Ícaro. Ele passa por mim em meio à uma multidão de colegas, seu sorriso sarcástico. Ele usa roupas pretas, que destacam seus cabelos loiros, mas não conseguem apagar sua arrogância. Faço uma careta.

Ele caminha para direção oposta, satisfeito por tirar minha paciência por dois segundos. Eu não consigo entender sua obsessão em ser desagradável. Talvez seja parente do meu pai. Ugh.

Não vou mais perder meu tempo aqui.

Bibliotecas devem ter livros sobre Woodvalley. Sobre nossa história, nossos costumes e, principalmente, Forest Witchery.

Vou andando até a biblioteca, na esperança de espantar meu tédio ou esbarrar com a sala de música sendo usada por Trevor novamente. Mas, infelizmente não.

Largo minha mochila vermelha em uma mesa qualquer, me movendo pelas prateleiras cuidadosamente ajeitadas. A bibliotecária, Srta. Evans sequer ergue os olhos para mim. Parece sonolenta demais para prestar atenção em qualquer coisa que se mova.

Aqui é vasto, por mais que tenham poucas pessoas interessadas nisso. Livros de todos os gêneros e tamanhos se estendem, alguns empoeirados e antigos, e outros novinhos e mal tocados.

Cuidadosamente distraída, encontro um livro gigante, no cantinho da prateleira. Com a capa marrom, e um símbolo estrelado entre árvores no centro da capa. "Woodvalley: Despertar de uma raça".

Intrigada, me escoro na parede de madeira para ler. Seguro o pesado livro entre as duas mãos, lendo a primeira página:

"Woodvalley nasceu de gotas de sangue. Nossa terra foi constituída perante à magia, ao extraordinário.

Nossas antigas famílias são raças que vão nos guiar para o restante das eras. Quando Forest Witchery fora abençoada pelo sangue do lendário bruxo, estávamos fadados: Nossa terra é sagrada. "

SerenityOnde histórias criam vida. Descubra agora