✳Capítulo 12 - ALANA...✳

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"Por Wesley"

Entrei na escola com muito receio, olhando de um lado para o outro, para verificar se a Brenda estava por perto ou não.

Não tenho nenhuma vontade de encontrar-me com ela.

Enquanto olhava de um lado para o outro, os meus olhos enxergaram um pouco de longe a Kamilly de costas para mim, sentada num dos bancos do pátio, perto de uma palmeira que tem no colégio. Dava logo para perceber que era ela por causa do cabelo ruivo longo que quase chegavam até a cintura, começo a dar passos longos em direção a ela.

 — já queres livrar-te de mim? — questionou a Aniela.

— Claro que não — respondi enquanto ria.

— Estás a ir para onde sem mim?

— Estou a...

— Ah, já entendi, não é preciso dizer — falou me interrompendo, logo que vê a Kamilly de longe também — vais deixar-me sozinha, abandonada por causa dela? — falou dramatizando.

— Aniela não exagera. Podemos muito bem ficar os 3 juntos, poderias começar a falar mais com a Kamilly.

Não disse nada, simplesmente cruzou os braços e fechou a cara.

— Está bem, vem comigo — passei o meu braço a volta dos seus ombros.

— Oi, tudo bem, Kamilly? — indaguei logo que chegámos perto dela e só assim notou a nossa presença. 

— Oi —respondeu sem ânimo— tudo e contigo?

— Está tudo bem mesmo? — voltei a perguntar.

— é que...

— está tudo bem com ela, agora vamos para a sala — A Aniela puxou-me pelo braço.

— oK, já vou —olhei para a Aniela e depois desviei o meu olhar para a Kamilly — estou na sala, se precisares já sabes.

Ela está muito estranha, percebi que ao me ver ela escondeu o telefone.

                          〰️  ❤️  〰️

"Brenda "

— Brenda, se despacha, caso contrário vais atrasar! —grita a minha mãe.

— já vou, desço em 5 minutos! — gritei de volta.

— estás a demorar muito porquê? — questionou a minha mãe, ao adentrar sem bater a porta.

— Sempre o mesmo! uma pessoa aqui não tem privacidade nenhuma...

— ainda estás assim? —diz ao reparar que eu ainda não estava preparada — só podes estar a gozar comigo. Estás horrível, meu Deus Brenda, você não pode sair assim.

15 minutos depois.

Eu não estava com nenhuma vontade de sair, não tinha vontade de fazer nada, eu queria tanto poder ficar deitada na minha cama o dia inteiro. Estava bem com o meu cobertor, com os chocolates . Ontem não tinha vontade de comer nada, porém hoje deu-me uma vontade imensa de afundar-me na depressão com classe e estilo que não conseguia resistir a vontade de continuar com a tradição de toda mulher ou todo ser humano, sei lá. Não tem como entrar na depressão sem chocolate, não é?  Com pizza e com a companhia da Netflix, isso tudo já bastava para mim naquele momento. Estava a tentar fazer um pouco de piada com a minha situação, mas dizendo a verdade, não estava a resultar.

Observava a minha mãe tentar dar um jeito em mim, em pouco tempo, o que era quase impossível. Fez uma maquiagem de leve, endireitou e pintou as minhas unhas dos pés e das mãos e arrumou o meu cabelo, o que por acaso estava horrível. Tentou disfarçar as minhas olheiras, eu estava uma lástima.

— pronto, consegui esconder as tuas olheiras, Santo Cristo, nunca foste tão descuidada. O que é que se passa contigo? vamos ter que conversar depois sobre isso — olhou para mim de trás, de pé e com os braços cruzados, enquanto eu estava sentada a olhar para o meu reflexo no espelho.

— Isso se não estiveres ocupada com a tua empresa, ou com sei lá o quê, porque tudo é mais importante  que eu.

" Kamilly"

Não posso deixar a Aniela me roubar o Wesley, ela pode até estar na mesma casa que ele, mas eu só mais amiga dele do que ela, eu tenho que começar a agir.

Tomei o meu banho tranquilamente.

Era um dia importante, o dia em que eu iria falar o que sentia, falar o que sempre quis dizer, não podia passar mais tempo, tinha que ganhar coragem. Iria encontrar um jeito de despejar tudo o que sentia, tudo o que estava guardado em mim e que me  consumia por dentro. Já não aguentava mais, não aguentava ver ele sofrer por alguém que nem se importava com ele, que não se interessava pelos seus sentimentos, enquanto eu estava aí, cheia de amor para lhe dar. Eu só precisava de uma oportunidade, de uma única oportunidade, para poder fazer com que ele fosse o rapaz mais feliz do mundo e num estalo de dedos ele esqueceria aquela miúda: Brenda Rason.

Depois de preparar-me, segui para o corredor, ao chegar perto das escadas vi a Lana caída no último degrau da escada.

— Alana..... - gritei desesperada, enquanto descia as escadas.

Sentei-me no chão, perto dela, de qualquer forma e a acomodei de modo a ficar com a cabeça no meu colo e comecei a gritar, enquanto já derramava imensas lágrimas.

— Socorroooo! alguémmm me ajudaaaa! socorroo...! Socorro...! Tamires liga para o Dr. Erick! —gritei ao vê-la surgir na sala.

— aí, meu Deus! — exclamou a Tamires.

✳ ✳ ✳

—ela vai precisar de descanso e tem que retirar o sal da comida dela — instruiu o Dr. Erick, depois de medir a pressão dela.

—Ela vai ficar bem? —perguntei preocupada.

— não se preocupe Kamilly, ela vai ficar bem, deve ser só o estresse do dia-a-dia.

"Mas ela não tem estresse nenhum, pelo menos é o que eu acho, ela passa o dia inteiro nessa casa, ela nunca sai, é raríssimo isso acontecer", pensei enquanto o Dr. Erick se retirava do quarto.

 Será que ela está a passar por algum problema ou por qualquer coisa que está a lhe deixar assim?

Fiquei um tempo perdida nos meus desvaneis, mas depois voltei a realidade e  lembrei-me que tinha que ir para escola, porém antes de me retirar, aproximei-me dela.

Observei-a por um tempo.

Vê-la daquele jeito me doía, estava sempre habituada a ver ela em movimento, ela nunca ficava parada, estava sempre a fazer alguma coisa.  Pelo menos era só estresse, imagina se fosse algo pior.

Olhei atentamente para ela que estava deitada na cama, a dormir profundamente.

Em nenhuma hipótese eu queria perder a Lana, ela era como uma mãe para mim. Desde que eu era pequena, ela sempre cuidou de mim, me protegeu e me deu o carinho e o amor de mãe, me deu todo o amor e carinho que a minha própria mãe não soube me dar.  É triste para mim admitir isso, mas essa era a única verdade e a única realidade, se não fosse pela Alana, eu não saberia o que era o amor de uma mãe, nem chegaria a imaginar o que era. A minha própria mãe, a pessoa que deveria me amar acima de tudo, não se importava comigo, nós nunca tivemos afinidade. O meu pai vai que não vai, mas também de uns tempos para cá ele tem se afastado de mim e isso me dói, porque mesmo que ele não me desse tanta atenção, aquilo já era ótimo para mim, só para vocês verem o nível da minha carência. Eles 2 vivem a vida longe de mim, estão sempre a viajar, a conhecer lugares novos, apenas os 2. Até nas férias eles me abandonam, mas sinceramente , prefiro ficar perto de pessoas que me amam, por isso gosto de estar sempre com a ALana.

Fiquei tão mal ao vê-la caída naquela escada, mas graças a Deus está tudo bem, é só seguir as riscas as instruções dadas pelo Dr. Erick.

O Dr. Erick era o médico da minha família durante anos e o pai dele também foi o médico da minha família também durante anos, até se aposentar.

Um novo eu, por vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora