Ela desligou o telefone na minha cara, sem dar-me a oportunidade de falar.
— quem era? — perguntou preocupado.
— a minha mãe — a sua preocupação aumenta.
— alguma coisa grave?
— não, eu tenho que ir para casa — forcei um sorriso.
—eu vou contigo — falou, a lenvantar-se para me acompanhar.
— não! quer dizer, não podes ir, Wesley, não dá é que... eu tenho que ir sozinha, eh., tenho que ir — respondi um pouco, quer dizer muito atrapalhada e nervosa.
— não pareces estar bem — aproximou-se de mim e analisou-me.
— é que eu estou a ficar com um pouco de dor de cabeça, acho melhor falarmos depois, tchau — sai com passos apressados.
Essa conversa com a minha mãe não vai ser nada agradável.
O caminho todo para a minha casa eu estava apreensiva, anciosa e também com medo, não é todos os dias que eu decidia enfrentar ela, mas para mim aquilo era lógico, ela não podia continuar a controlar-me.
Já estava escuro, as luzes estavam acesas e a rua silênciosa. Fiquei um tempo no jardim ganhando coragem para encará-la. Respirei fundo e caminhei em direção a porta.
Abri a porta e não havia ninguém, pensei que ela me esperaria na sala. Olhei para tudo atentamente, enquanto seguia em direção a escada. Subi as escadas.
Onde esta a minha mãe que até agora não começou a gritar?
Suspirei aliviada, assim que cheguei na porta do meu quarto.
Pelo menos hoje terei paz. Abri a porta.
— até que enfim chegaste — disse a minha mãe, a assustar-me. Dei um pequeno pulo.
Ela estava de costas para mim, sentada na cadeira que tem de frente a minha penteadeira. Encarava-me pelo reflexo do espelho. Lentavanto e caminhou até mim. Ficamos cara a cara.
— Brenda, vais deixar aquele preto e vais voltar com o Jaison — ordenou sem voltas e pausadamente. Falou assustadoramente calma.
— Mãe... —tentei protestar mais fui interrompida.
— não quero escutar nada, eu e o teu pai ficámos um tempinho de nada fora e já começaste a namorar com um preto, Brenda! Um preto?! Oque passou na tua cabeça para deixar o Jaiaon? sinceramente — abanou a cabeça, negativamente — assim não vais longe. Se queres ter a vida perfeita, conseguir o que muitos não conseguem, tens que ter o marido perfeito, uma carreira perfeita, os filhos perfeitos, coisa que sempre me impediste de ter — ela sempre fazia isso. Olhei para ela com os olhos marejados. Eu não podia chorar.
Não vou chorar, eu não posso chorar.
— vais chorar? é nisso que queres te tornar? — apontou para mim de cima para baixo — numa mulher fraca e fracassada. Não sabes o quanto esse mundo é duro, não sabes da vida Brenda, nessa vida sobrevivem os fortes, os que não agem por impulso, tens que ser fria e calculista. Até um namorado não sabes escolher? até nisso eu vou ter que me intrometer? definitivamente não puxaste a mim.
— fico feliz por isso — quis dizer alto, mas saiu baixo, quase como um sussurro. Olhava para os meus pés. Ela sabia como me atingir.
Ela sempre fazia isso, sempre me fazia sentir que nada que eu fizesse seria suficiente para ela. Já tentei várias vezes agradá-la, mas nunca bastou. Ok, eu não era perfeita, nunca poderia ser e ela também não era. E queria que eu fosse?
— o que disseste? —perguntou, com um olhar desafiador.
— ainda bem que eu não saí a você! — levantei a cabeça. Encarei-a.
— o que queres dizer com isso?
— tudo bem se eu não sou a filha perfeita, você também não é a mãe perfeita, não tinha como eu ser a filha perfeita, prefiro ser fraca e ter pessoas que me amam de verdade se ser forte significa ser como você — apontei para ela — mãe, você não tem amigos, apenas inimigos, por que para ti todos são suspeitos, ninguém pode ser feliz assim. Se isso significa ser perfeita, eu quero ser imperfeita, sou mais feliz assim, você não é um bom exemplo de felicidade. Nunca te vi dar um sorriso verdadeiro, espontâneo. Isso é ser feliz? Isso é ser feliz para você? Me desculpa, mas então você não sabe o verdadeiro significado de felicidade. Contudo eu te entendo, não dá para saber de algo que você nunca conheceu.
— e tu és feliz? — arqueou a sobrancelha.
— antes eu teria dúvidas, mas agora eu posso dizer que sim — riu com ironia.
— aquele pretinho é felicidade para ti? — perguntou, a debochar de mim.
— você nem conhece ele.
— nem pretendo conhecer, eu quero que termines com ele, ou então eu vou te mandar estudar para fora, aí é que nunca mais vais ver ele.
— você não pode me obrigar a ir, já tenho 18 anos.
— quem te sustenta? Desafia-me para ver se eu não acabo com as mordomias, sem cartão de crédito, sem dinheiro, não vais aguentar — disse e depois saiu do meu quarto. Sentei na beira da cama. Liguei o meu telefone e encontrei várias chamadas perdidas do Wesley, o meu telefone estava no silêncio.
Depois iria ligar para ele. Joguei-me na cama na inútil tentativa de dormir, porém os meus planos foram interrompidos, pelo som de alguém a bater à porta.
Fui até a porta e a abri.
Ariana.
— fico feliz por saber que vais voltar com o Jaison — entrou sem esperar pela minha permissão, com um sorriso enorme no rosto. Ela nunca aceitou mesmo o Wesley, como é que eu fui pensar que ela aceitaria? Sentou na beirada da cama e eu fiz o mesmo — não que eu tenha algo contra o Wesley, mas nós sabemos que o cara certo para ti é o Jaison.
— só a minha mãe e tu é que acham isso.
— Brenda, nesse momento podes pensar que nós estamos contra ti, no entanto no futuro vais nos agradecer, eu tenho a certeza. Já tens o vestido para o baile? É que eu ainda não tenho e falta poucos dias — mudou de assunto, toda animada.
— não, não tenho e nem estou animada para o baile, nem sei se vou ir, nem vou comprar um vestido, uso um dos que eu tenho, tenho vários vestidos para essas ocasiões que nunca usei.
— como assim não vais comprar um vestido novo? temos que ter vestidos iguais só com cores diferentes lembras? — disse, a recordar-me dos nossos planos.
Eu, Enilia e Ariana, sonhamos tanto com esse baile, iriamos com vestidos da mesma cor, mas cada um com um detalhe difetente, um podia ser com formato de coração, sem alça, outro de alças. Os saltos da mesma cor, mas em estilos diferentes, iriamos entrar juntas, acompanhadas pelo Jaison se nenhuma delas conseguisse um namorado. Mas agora tudo e principalnente "eu", mudou, eu mudei a minha mentalidade, a forma como olhava para as pessoas , como agia com os outros. Já não era a mesma e pretrendia melhorar mais, não queria ser e nem terminar como a minha mãe. Queria que quando eu tivesse filhos, que eles soubessem que eu os amaria independentemente das suas escolhas e dos seus caminhos, que eu estaria sempre com eles e que o importante era serem felizes, acima de todas as coisas eu desejava e queria que fossem felizes. E que eles próprios tomassem as suas decisões.
Não queria que eles tivessem uma mãe como a minha, que só me reprimia e não me dava amor.
Depois de alguns minutos, quase uma hora de conversa, a Ariana foi embora e eu tomei uma decisão, que não era a que eu desejava, mas era o que eu precisava fazer, não pela minha mãe ter me ameassado que iria deixar de me dar dinheiro, e sim por saber que ela não vai descansar até eu fazer o que ela quer, e talvez, lá no fundo eu tenha muito medo dela.
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Um novo eu, por você
RomancePLÁGIO É CRIME! Capa feita por mim. Wesley Stane , um rapaz calmo, sonhador e amoroso, teve que sair do seu país por causa da morte de seu avô, que trouxe consigo várias mudanças em sua vida que ele nem imaginava. No outro país ele conhece Brenda...