✳ Capítulo 25 - AMO VOCÊS ✳

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   " Brenda "

Acordei agitada e com a respiração acelerado, me ajeitei na cama de modo a ficar sentada. É a primeira vez que sonho com o Wesley e tinha logo que aparecer a Kamilly, carambas pá!, nem nos meus sonhos ela me deixa em paz e pior, até nos sonhos ela me rouba ele.

Vou até ao banheiro.

Ai Brenda!, em que momento tudo isso aconteceu? em que momento perdeste o controle de tudo? Eras perfeita. 

Observo o meu reflexo pelo espelho.

— tinhas tudo o que querias, eras a melhor e do nada já não queres o que sempre quiseste, do nada começaste a duvidar das tuas decisões, sempre tiveste certeza de tudo. O que aconteceu contigo? O que mudou? 

Comecei  a chorar.

Não sabia dizer em que momento fiquei tão frágil, só sabia que me sentia uma idiota, uma completa inútil. Sempre tomei todas as minhas decisões com a absoluta certeza que era o certo, mas nesses dias as duvidas eram tantas, já não sabia se o que fazia era o que deveria fazer. Não  sabia se as minhas escolhas eram as melhores, me sentia uma imbecil ao quadrado.

— tu e o Jaison formam um casal tão fofo — disse a Ariana.

Estávamos as três na minha casa, propriamente no meu quarto a conversar. Hoje decidimos fazer uma festa de pijama.

— como terminaste com o Jaison, filha, tu não vais encontrar  ninguém melhor que ele — disse a minha mãe.

—mãe menos tá, eu sei o que eu faço.

— achas que sabes, se soubesses realmente ainda estarias com ele.

— estamos a falar da minha vida — apontei para mim - então eu é que decido.
Nem sei como ela ficou a saber, só sei que nesse dia ela me atormentou o dia inteiro e depois tive que ouvir a Ariana.

— como você pode? vocês os dois são perfeitos juntos.

— até tu? já passei o dia todo a ouvir a minha mãe, então poupa-me.  

Ela revirou os olhos.

E elas no fundo talvez tivessem razão, talvezo nosso destino fosse ficarmos juntos, um bem perto um do outro, desde pequenos.

Lembro-me como se fosse hoje, eu estava sentada num dos bancos do parque que tinha próximo das nossas casas, era meu vizinho desde que éramos pequenos. Aproximou-se de mim bem devagar:

— Oi — disse — eu sou o Jaison e tu és a... — estendeu a mão.

Eu era bem tímida e envergonhada, usava óculos, hoje em dia utilizo lentes de contacto de vez em quando, já que o meu problema não é tão grave assim,  não gostava de usar o cabelo solto, sempre ficava no meu canto escondida de todos, eu era como uma sombra, ninguém falava comigo e me sentia um verme a mais no mundo.

— ooii — falei baixinho sem olhar para ele, mantive os meus olhos no meu caderno, que estava no meu colo. Ele continuou com a mão estendida.

Eu lembro-me que eu não sabia o que fazer, não sabia como agir, estava num conflito interno comigo mesma.

Sentia-me uma idiota por não saber o que fazer e por estar a desperdiçar uma oportunidade que poderia ser a última da minha vida, se calhar depois dessa ninguém mais teria vontade de falar e ficar perto de mim.

— não queres falar o teu nome? Então pronto, posso te fazer companhia? — não respondi nada — ok, então, isso significa que posso sentar — sentou-se ao meu lado.

— uau!, você gosta de poesia — Falou com sarcasmo enquanto olhava para o meu caderno e em poucos segundos ele o puxou.

— o meu caderno — falei baixinho.

— vem buscar — olhei na direção dele. Estava de pé a esticar o braço onde estava o meu caderno.

— por favor, devolve-me — pedi baixinho.

— não, se quiseres o teu caderno de volta tens que vir pegar — então foi o que eu fiz.

Tentei saltar para pegar o meu caderno, porém não consegui. Ele era mais alto que eu.

— oooh, que pena, já vais desistir tão rápido, tenta mais, vou tentar te ajudar — tentei mais uma vez, só que dessa vez caio.

Salto várias vezes, até que na última, quando a minha perna direita poisa no chão me desequilibro.

— ai — grito. Caio com a cara no chão, quer dizer, chão não, lama. 

✳ ✳ ✳

— desculpa, eu só queria que falasses — me ajuda a me limpar.

 Sinceramente nem estava chateada, ele havia falado comigo, ele era bonito demais, sempre quis que ele falasse comigo, ele era um sonho.

— com licença — pediu permissão para tirar o meu óculos. 

Soltei o meu cabelo.

Começou a lavar a minha cara cuidadosamente.

— és muito linda, devias soltar mais vezes o cabelo — fiquei envergonhada.

Foi a primeira vez que alguém olhou para mim e me elogiou. Foi tão incrível e extraordinário. Ele me ajudou a superar tudo, ele foi o meu porto e o meu guia por muito tempo.

— terra chama Brenda, onde está essa cabecinha —perguntou-me a Enilia trazendo-me de volta à realidade.

— em que mundo estás miúda? por que no nosso é que não é — disse a Ariana. Revirei os olhos — para de ser mazinha e fala.

— não estava a pensar em nada — levei um dos quadradinhos dos chocolates da caixa que a Enilia trouxe na boca.

— para de ser mazinha e conta logo o que tanto ocupa os teus pensamentos —insistiu a Ariana

— parem de ser chatas e me deixem em paz.

— aposto que está a pensar no Jaison — falou enquanto olhava para a Enilia. Piscou várias vezes as pálpebras — o Jaison é o meu príncipe encantado — imitou a minha voz. Era o que eu sempre dizia para elas no tempo em que comecei a namorar o Jaison, depois de darmos o primeiro beijo.

— para — peguei numa almofada e mirei na cara dela.

— Ai — reclamou.

— meninas parem — pediu a Enilia, depois começou a rir —droga! — disse após a vã tentativa de fingir estar chateada. Começamos a rir todas —eu odeio vocês.

— mentira, sei que nos ama — disse a Ariana. Abraçou ela.

— também quero — vêm na minha direção e me abraçam.

— também te amamos ciumenta —disseram em uníssono.

— vocês são demais e eu não sou ciumenta.

— és sim —me dá um leve tapa no ombro — amo vocês.

Acho que esse é um dos melhores momentos da minha vida.

Um novo eu, por vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora