"Wesley"A minha vida de uns dias para cá, tem sido muito intensa, primeiro foi quando tive que abandonar o meu país, por causa de um testamento, de uma pessoa que nem sequer gostava de mim.
"ALGUNS DIAS ANTES "
Estávamos, eu e a minha mãe na cozinha, quando o meu pai chegou e nos deu um bom dia com um sorriso fraco. Deu um beijo rápido na testa da minha mãe.
Eu percebi logo que algo se passava com ele. Ele é sempre alegre e bem disposto.
— Está tudo bem amor? - questionou a minha mãe. Colocou a mão por cima do seu ombro, ele parecia estar preocupada.
— Não e precisamos ter uma reunião de família —respondeu o meu pai —as reuniões de família servem para falarmos de coisas muito sérias, que são decisões que vão influenciar a todos. A última vez que ouvi uma, foi quando o meu pai disse que tinha perdido o emprego e estávamos com problemas financeiros, mas graças a Deus superamos tudo e agora estamos bem.
Nos reunimos todos na sala.
— Como vocês sabem, o meu pai estava doente —disse com uma expressão triste, logo vi que não era nada de bom —parece que ele teve um ataque cardíaco, os médicos fizeram de tudo para salvar ele, porém não conseguiram —o meu pai não se dava muito bem com o meu avô, todavia era pai dele.
Eu não sabia bem o que estava a sentir, nunca havia convivido com ele, mas era meu avô. Ele nunca aceitou muito bem o fato do meu pai casar com a minha mãe, por ela ser negra. Eu sabia que quando eu nasci, o meu avô nem quiria me ver, não quiria saber se eu estava bem ou não, simplesmente me ignorou e foi isso que eu fiz também com ele, ignorei o fato dele existir, ignorei o facto dele ser meu avô, já que ele não queria saber de mim, todavia a morte dele não deixava de me afetar, não só por ele ser o meu avô, mas porque também sentia pena que o preconceito que ele tinha foi maior que os nossos laços sanguíneos.
— Sinto muito — disse a minha mãe sentando-se no mesmo sofá que ele e o abraçando.
— Podíamos não falar muito, mas era meu pai. Tenho que vos contar uma decisão que eu tomei e espero que concordem.
— Qual decisão? — perguntámos eu e a minha mãe ao mesmo tempo.
— Decide que vamos mudar-nos para a Espanha.
— Como assim? —interrogou a minha mãe.
— E a minha vida aqui? e os meus amigos? E a minha escola? — perguntei.
— Eu sei que vai ser difícil para todos, mas eu tenho que ir e não sei por quanto tempo vou ter que ficar por lá.
— Então vamos contigo — falou a minha mãe, decidida.
— Mãe! — exclamei, sem acreditar.
— Mãe nada, Wesley! Essa família nunca se separou, e não vai ser agora que isso vai acontecer.
— E eu? Como eu fico no meio disso tudo? —tentei chamá-los à razão.
— Eu sei que é difícil para ti isso tudo, mas tu já tens 18 anos, já podes entender as coisas — com uma voz serena, disse a minha mãe — Não podemos deixar o teu pai sozinho nessa.
Não quis ouvir mais nada, então fui para o meu quarto.
Senti vontade de gritar e bater todos à minha frente. Peguei no meu telefone e entrei na playlist, pus os auriculares e adormeci. Mas depois não tive escolha, dias depois, estava dentro de um avião, a caminho de Espanha. Foi difícil me despedir do meu país e dos meus amigos, eles foram no aeroporto, foi uma grande surpresa quando vi todos eles parados de frente a entrada.
"vou sentir saudades de tudo e de todos" — pensei, olhando-os.
Ficámos hospedados na casa do meu tio Heitor, que vivia com a sua esposa —Megui — e com os dois filhos - Austin e Aniela.
O Austin tinha 19 anos e já estava na faculdade, e pelo que escutei, a faculdade dele era bem próxima da minha nova escola.
Já a Aniela tinha a mesma idade que eu, e iríamos estudar na mesma escola.
✳ ✳ ✳ ✳
— Acorda, acorda, acorda dorminhoco —sacudiu-me várias vezes na tentativa de me acordar — Wesley....
Tentei abrir os olhos com muito esforço, depois de algum tempinho consegui. Sentei na cama. A Aniela foi em direção a janela e abriu as cortinas.
— Que horas são? —perguntei esfregando os olhos com as pontas dos dedos, um pouco sonolento.
— Já são 8 dá manhã —respondeu-me com um tom, como se já fosse tarde.
— Já são? só são.
— Para de ser preguiçoso e levanta da cama —puxou o lençol.
— Para! queres que eu acordo agora para fazer o quê? —indaguei a suplicar para que ela me deixa-se em paz.
—Vamos sair, vou te apresentar alguns amigos meus — puxou o meu braço na vã tentativa de me arrancar da cama.
— E tem que ser tão cedo?
— Sim! agora levanta-te daí —puxa-me de novo.
— Esta bem! —disse, já cansado — Dá-me alguns minutos.
— Estou à tua espera na sala com o Austin, não demora —saiu com um sorrisinho, vitoriosa.
— Uma pessoa já não pode dormir em paz — resmunguei, indo para a casa de banho.
Quando cheguei na sala, os 2 estavam à minha espera, a ver TV.
— Até que enfim — falou a Aniela, como se eu tivesse demorado um século.
Fomos os 3 no carro do Austin.
— Vamos para onde? —perguntei curioso.
— Vamos para um shopping fazer compras — respondeu a Aniela.
— Mas eu ainda não entendo porque é que tinha que ser agora - disse chateado.
— Para não termos que ficar preocupados com o tempo —respondeu a Aniela como se fosse óbvio.
✳ ✳ ✳ ✳
— Isso é que é o portal do paraíso - a Aniela falou eufórica.
— MEU DEUS! — cai na gargalhada, porém paro quando vejo que o Austin está distraído, deve estar a pensar em alguma coisa importante.
— Aniela, o que é que se passa com o teu irmão? Ele está distante.
— Não liga, isso depois passa — falou sem dar importância e feliz da vida.
Essa miúda nesse momento só pensa nas compras que ela vai fazer, então não adianta falar com ela agora, ela só vai entender grego. Vou em direção ao Austin.
— Austin... —chamo a atenção dele, retirando-o de seus pensamentos.
Ele não diz nada, apenas me olha, já vi que ele não está com muita disposição, mas na mesma vou tentar falar com ele, não custa nada, eh... não custa.
— Está tudo bem contigo?
— Estou bem, não se preocupe - falou sem ânimo nenhum.
— Eu posso não te conhecer bem, mas eu sei que não estás bem.
— Claro que eu estou bem — dá um sorriso fraco.
— Podes contar comigo. Agora fala logo o que se passa, é sempre bom desabafar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um novo eu, por você
RomancePLÁGIO É CRIME! Capa feita por mim. Wesley Stane , um rapaz calmo, sonhador e amoroso, teve que sair do seu país por causa da morte de seu avô, que trouxe consigo várias mudanças em sua vida que ele nem imaginava. No outro país ele conhece Brenda...