✳ Capítulo 33 - ALÉM DISSO NÃO É PRETO ✳

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Desperto e sinto um conforto inexplicável. Ele estava aqui.

Eh, ele está aqui.

Olhei para ele que dormia tranquilamente. Comecei a acariciar o rosto dele, enquanto olhava para ele atentamente.

Como eu consegui machucar tanto ele?

Aproximei o meu rosto no dele, até tocar os meus lábios nos dele. E ele abriu os olhos e sorriu.

Foi o melhor sorriso que eu já vi na minha vida.

Não resiste, beijei ele e ele retribui, ele estava a me dar uma chance. Ele me queria perto dele.

Sorri feito uma boba.

— tenho que ir.

— porquê? podes muito bem ficar mais um pouco.

— fazemos assim, eu vou para a minha casa  tomar um banho e trocar de roupa, depois volto, ok?

— umhumm.

Ele desgrudou-se de mim e depois levantou-se.

Segurei o braço dele.

— vais voltar?

— eu disse que sim — disse e saiu. O que me deixou um pouco com o sentimento de vazio.

Tomei um banho, arrumei-me e sai do quarto. Desci as escadas e avistei a Gina.

— Gina, quando é que a minha mãe volta?

—hoje.

— e o meu pai?

— não sei, ele não disse nada.

— ok.

Também não me surpreende, ele sempre passou mais tempo fora do que em casa.

Sentei-me no cadeirão e liguei a TV, fiquei a zapiar sem saber o que ver.

Escutei a campainha

Tão cedo.

A Gina abriu a porta. Era a Ariana.

— já vi que a visita de ontem te fez bem — comentou, a sentar-se no lado oposto do  cadeirão, onde eu estava.

— foste tu que falaste com o Wesley?

Perguntei isso, por que quando ela veio me ver disse que  sabia como me alegrar o dia.

— fui eu, eu não sei o que vês nele, mas ok, prefiro tiver bem e feliz, mesmo que a solução seja aquele negro — falou com uma expressão de desagrado — eu só fico a me perguntar o que ele tem que preferiste ele que o Jaison, ele é lindo, inteligente e além disso, não é... — suspirou.

No fundo eu sabia o que ela queria dizer e sinceramente eu não queria saber da opinião dela, nem de ninguém. 

Vão ver se eu estou online.

—além disso não é preto, era isso? —ela revirou os olhos.

— Brenda, tu me entendes por que antes de conhecer ele e depois foste muito preconceituosa, não sei o que te deu para agora aceitar aquele negro. E ainda por cima passar pela tua cabeça a hipótese de namorar com ele. És muito linda, um exemplo de rainha, mereces mais, muito mais que aquele preto. Desculpa te falar assim tão claro, no entanto eu vou fazer de tudo que eu poder para abrir os teus olhos. Ele não é para ti, escuta o que eu falo, isso é passageiro.

— Não é não, se fosse eu iria conseguir passar por cima e esquecer ele, coisa que eu não consigo.

Com ele era diferente, eu não conseguia ser fria, distante, aliás, eu nem quero, eu quero ele perto de mim, não da Kamilly, não vou deixar ela me roubar ele, magina.

— Eu posso te ajudar...

— não, eu não quero ele longe de mim — levantei-me do cadeirão—- daqui a pouco ele vem e eu não te quero aqui, então tchau.

— pensa bem no que eu disse e prefiro mesmo ir embora, não quero olhar na cara dele hoje. Saiba que eu sempre fiz tudo por ti, és um exemplo para mim, não quero que te percas por ele.  Éa uma vencedora, és perfeita.

Será?

Será mesmo isso? não sei mais se sou exemplo ou se alguma vez fui.

Fiquei algumas horas à espera dele, especificamente 6h e pensei que ele já não voltaria, o que me deixou triste. Podia significar que ele já não queria mais nada comigo e que não me perdoou.

Estava deitada no sofá, com os auriculares a escutar música, quando alguém tapou os meus olhos. Sorri feito uma boba, eu sabia que era ele,  tirei as  suas mãos dos meus olhos e levantei-me. Abracei-o.

 — já estás pronta?

— pronta para o quê?

— vamos sair.

— pode ser outro dia? podemos ficar aqui, a Gina pode fazer pipocas e comemos enquanto assistimos um filme.

—negativo.

— não quero, prefiro ficar em casa.

— que seca. vamos sair — falou confiante e firme.

— eu não vou pa... — ele levantou-me e carregou-me como se eu fosse um saco de batata. 

— o que é que é isso? — perguntou a Gina preocupada.

—é esse louco — falei e logo comecei a rir.

Que idiota.

— não te preocupes Gina, ela vai ficar bem — disse antes de fechar a porta.

— és um louco, só pode —falei enquanto ele caminhava.

— Talvez — colocou-me no táxi e depois entrou também.

— É sério isso ? — cruzei os braços e fiz um biquinho.

— muito

— pelo menos tens de informar-me para aonde é que estamos a ir.

— já conheces, nasceste aqui, quando chegarmos vais saber.

— idiota —faço careta e ele riu. Deitei a minha cabeça no seu ombro.

E de novo comecei a rir feito uma boba, acho que queria bater um recorde hoje.

Estava no caminho certo.

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