XXXV. Rainha Fedra

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ATENÇÃO: Este capítulo possui 3126 palavras!


Tão grande era o mundo, as maravilhas da eterna Criação de Mag. Tantos lugares onde a vida florescia sob o olhar onisciente dos deuses, tantos lugares para serem protegidos. E somente uma Árvore.

Somente um lugar onde as fadas, protetoras das florestas e da vida que nelas habitavam, nasciam e cresciam. Um único ponto em toda a Criação onde a seiva era tão pura e tão sagrada para dar vida àquelas criaturas. Um dia, as fadas tinham sido capazes de proteger todas as florestas, todos os animais, de garantir o equilíbrio do mundo de forma que somente elas podiam fazer.

Mas então chegaram os elfos.

Fedra ainda se lembrava do dia, milhares de anos antes, em que recebeu a notícia, do dia em que o pequeno Drakar apareceu em frente ao seu trono gritando aos quatro ventos que algo inesperado e incrível acontecera na costa ocidental.

- Navios, minha rainha! - Ele gritava para todos que quisessem ouvir. - Navios vindos d'além do Mar de Tempestades!

Aquele fora o derradeiro momento, quando a rainha das fadas atravessara o continente para receber os novos visitantes. Como teriam eles atravessado aquele oceano revoltoso? Como era o lugar de onde vinham? Apesar de seus quase vinte mil anos, Fedra se sentira como uma criança, inocente e afoita, voando à toda velocidade, diretamente para uma armadilha.

Não eram visitantes, aqueles seres que tinham embarcado. Eram conquistadores, assassinos cruéis que desejavam o fim de tudo que ela tanto trabalhara para construir. Eles não se importavam com a ordem das coisas, com o delicado equilíbrio do mundo que ela jurara defender. Mataram suas irmãs que habitavam as florestas do ocidente e não hesitaram em queimar as árvores para matar as dríades que nelas habitavam. Aquelas criaturas matavam impiedosamente anões, bruxas, feéricos, fadas, drakares e quaisquer outras coisas que cruzassem seu caminho.

Não havia diálogo, não havia esperança de paz, percebeu ela quando foi atacada por todos os lados por vinte daqueles animais. Eram habilidosos, tanto com a espada e os equipamentos, quanto com a magia limitada que habitava seu corpo. Enquanto os feéricos, com os quais se pareciam tanto, tinham em si uma magia quase pura, etérea, moldável à vontade do usuário, aqueles novos seres eram limitados pela fonte elemental de sua magia. Mas eram bons no que faziam, de toda forma.

Eles a tinham cercado e estavam se preparando para espetar lanças em seu corpo. As asas da rainha se agitavam, auxiliando em seu equilíbrio, prontas para voar na primeira oportunidade. Mas não foi necessário. Ainda que fossem habilidosos e bem treinados, aquelas criaturas nunca tinham lidado com uma fada, muito menos uma rainha. Quase que com um estalar de dedos, Fedra fez com que aqueles vinte corpos desaparecessem, tornando-se cinzas ao vento, seu fogo mágico queimando-os de dentro para fora.

Então ela fugiu. Sabia que não poderia enfrentar todo o exército que cruzara o mar para atacá-los. Tinha que reagrupar, organizar uma resistência e, então, destruí-los de forma rápida e devastadora. Mas tudo dera errado. As rainhas bruxas recusaram seu pedido de ajuda, os reinos anões decidiram agir por conta própria, cada um sob seu próprio estandarte e os feéricos - os únicos que atenderam ao seu chamado - não vieram em número suficiente. A tropa que cruzou o Mar de Tempestade era reforçada todos os meses por mais e mais navios cheios de elfos e, quanto mais tentava derrotá-los, mais de suas fadas Fedra perdia. Não eram criaturas da guerra, não tinham aprendido a tirar vidas. Eram defensoras da vida e do equilíbrio. Sim, por vezes isso significava tirar vidas, mas eram raras as ocasiões e nunca em guerras.

Não demorou muito para que a rainha percebesse que não havia escapatória. Tinha de recuar e esperar pelo inimigo, esperar que eles tomassem um território grande demais para que conseguissem se defender, esperar que as bruxas e os anões mudassem de ideia. Mas isso não aconteceu, ao menos não até que os anões fossem completamente varridos da face da Terra como se fossem carrapatos num cão.

Fura-Coração (COMPLETO - EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora