CII. Cacos

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Asmin observava, à distância, enquanto as fadas e dragões bombardeavam a nuvem negra com centenas de feitiços diferentes, tentando romper aquela barreira aparentemente impenetrável para chegar no ser humano lá dentro.

Ela imaginava que se tratava de Lothar, visto que ele era o único que conseguira controlar de alguma forma aquela coisa. Ao menos ela rezava para que ele conseguisse controlar aquilo.

Quando o primeiro ataque de energia negra foi lançado contra os elfos, ela soube que o livro roubado estava sendo usado. Tentara convencer os humanos a devolverem o objeto e honrarem o acordo com as fadas, mas nenhum deles admitia ter sua posse. Então ela apenas esperara por aquele momento, em que a magia negra seria finalmente utilizada.

Todos comemoraram naquele primeiro momento, vendo o olhar de terror nos rostos dos elfos quando uma dezena deles foi pulverizado pelo fogo maligno. Banhada em sangue de inimigos caídos, a Matriarca sabia que as tropas da Aliança precisavam de algum incentivo para continuarem lutando. As coisas iam mal e não havia nada que ela pudesse fazer para mudar aquilo.

Mas logo tudo saiu do controle e aquela coisa começou a matar de todos os lados, inclusive a própria Floresta e as criaturas que sequer faziam parte daquela batalha, como ratos e aves. Foi então que o desespero tomou conta de Asmin e ela ordenou que todos os magos focassem sua magia em destruir o novo inimigo, mas nem mesmo aquilo parecia suficiente.

As fadas pareciam ter tudo sobre controle, mas repentinamente seus ataques cessaram e a nuvem de magia negra tornou a crescer cada vez mais rápido, empurrando as tropas para mais longe, mais para dentro da mata e ameaçando isolar uma boa parcela do exército do corpo principal.

Quando o dragão aterrissou entre as árvores com um estrondo, derrubando uma carroça de suprimentos que estava próxima, ela se assustou ao ver um elfo montado no animal. Sabia que os membros da Cavalaria eram todos elfos, mas tinha receio em confiar até mesmo naqueles que se diziam amigos.

O elfo não perdeu tempo com apresentações, apenas começou a gritar assim que o rugido de seu animal cessou.

— Fedra disse para recuarem até a Gruta. Reagrupem lá para continuar a luta.

— Se recuarmos, perderemos. Temos que resistir aqui. — Asmin tentou argumentar, mas sabia há muito que aquela posição era insustentável.

Não só aquela, mas qualquer posição se tornara insustentável. Se recuassem, estariam apenas adiando o inevitável. Os elfos os esmagariam rapidamente, sem qualquer esforço. Talvez, se apenas conseguissem direcionar a magia negra para o lado certo...

— Essa coisa vai consumir todas as tropas se vocês ficarem aqui. — Ele argumentou. — Deixe que as fadas cuidem disso, e tentem resistir no interior da Floresta. Há ajuda a caminho.

A última frase deixou Asmin confusa. Estariam as Flor-Invernal a caminho para salvar lutar ao lado da Aliança? Era quase impossível imaginar que elas teriam finalmente saído de suas cabanas e decidido se unir para participar daquela guerra, então a Matriarca deixou esse pensamento de lado assim que ele surgiu em sua mente.

O elfo no dragão não parecia interessado em continuar aquela conversa e, tão rapidamente quanto pousara, levantou voo e retornou à batalha. Com um olhar para as bruxas ao seu redor, o olhar de medo em seus rostos, a resposta ficou clara em sua mente.

— Com ajuda ou não, vamos fazer o que ele diz. — Disse. — Transmitam a ordem. Reagruparemos na Gruta.

Apenas uma de suas tenentes assentiu. As demais simplesmente aceitaram suas ordens cabisbaixas, sabendo que o que acontecia ali era o pior dos pesadelos.

Fura-Coração (COMPLETO - EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora