LXXII. Boas Notícias

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O Duque encarava serenamente a cidade que tentava de recuperar do vil ataque daqueles orelhas-redondas que não sabiam seu lugar no mundo.

— Guiados por fadas. — Riu consigo mesmo. Como se aquela tropa ridícula fosse capaz de lidar com a força total de um exército élfico.

Tinham recebido a notícia de que Linea seria atacada dois dias antes da batalha. Correram como loucos para o norte para evitar mais uma atrocidade. Não fosse por Alis, aquelas coisas não estariam tão audaciosas.

Atacar sua terra natal fora um erro que eles não tornariam a cometer. Irado, ele enviara mais de trezentos batedores para seguir os rastros daquele exército, para que pudessem ser esmagados como baratas da forma que mereciam.

— Quantas fadas você disse que eram? — Ele perguntou para Hellos, um de seus generais. Durante a batalha, estivera na retaguarda, com o grosso das tropas, então não vira direito o que acontecia.

— Sete, meu senhor. — O elfo respondeu, claramente amedrontado. Não sem razão, pensou o Duque.

— Sete vadias aladas mataram seiscentos de nossos soldados? — Ele olhou para a xícara em sua mão, sentindo vontade de arremessá-la no pátio abaixo.

— Fomos pegos desprevenidos, meu senhor. — O general tentava acalmar seu comandante. — Não sabíamos que elas estavam com a tropa.

— Então a falha foi de nossos batedores. — O Duque estava cansado daquele tipo de imbecilidade. — É por esse tipo de idiotice que nós ainda não vencemos. A vagabundagem e indisciplina de nossas tropas deixou essas criaturas se multiplicarem como fungos debaixo de nossos narizes.

— Meu senhor, é possível que quem nos forneceu a informação tenha fornecido meias verdades para que caíssemos numa armadilha.

— Fingirei que isso faz sentido, Hellos. — Pela primeira vez, o Duque se virou para encarar o elfo alto e loiro que segurava o elmo com um dos braços, apoiado na cintura. — Alguma notícia do traidor?

— Fala do que desertou? O grupo que enviamos atrás dele ainda não retornou. Talvez tenha ido até nossa localização anterior e agora estejam vindo em nossa direção.

— Que seja. — O duque fez uma pausa, tentando decidir quais seriam os próximos passos. Agora que sua Linea fora atacada... — Quero que dobre os turnos. Consertem logo essa merda de cidade para que possamos partir e queimar cara fada que ainda respira neste mundo.

— Meu Senhor, não podemos arriscar exaurir os soldados.

— Faça o que eu disse e não me desafie. Temos uma tarefa a cumprir e, pelos deuses, eu farei nem que seja a última coisa que eu faça. — Essa última palavra foi dita quase gritando, como se o Duque esperasse que os próprios deuses ouvissem. — Antes que vá, Hellos, mais uma coisa. Mande que crucifiquem todos os escravos que encontrarem na cidade e nas caravanas.

— Meu senhor? — Hellos parecia impressionado.

—Matem todos, pendurem seus corpos em cruzes e os exponha nas estradas daqui até Zolfea. — O olhar na face do Duque era de puro ódio, ele sabia. Não a calma e controle habituais, mas ódio. Tinham tornado aquilo pessoal. — Tenho certeza que uma daquelas bruxinhas os verá e contará a todos. Faremos com que temam ainda mais nosso poder.

Sem palavras para dirigir ao Senhor, Helos bateu com os pés no chão e inclinou o corpo para frente numa continência e saiu da sala. Poucos segundos depois, uma batida discreta na porta soou. O Duque repousou o chá sobre a amurada do terraço e permitiu a entrada.

— Meu senhor, — começou o criado que entrou — chegou um mensageiro de Parsos.

— Mande que entre. — Ordenou, cada segundo mais curioso para saber de que aquilo se tratava.

Fura-Coração (COMPLETO - EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora