Fura-Coração (COMPLETO - EM REVISÃO)

CX. Perda

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A batalha tinha se transformado numa luta desordenada pela sobrevivência. Há horas, Lyssa não conseguia mais ouvir as ordens que costumavam ser gritadas pelas tenentes, que tinham desaparecido em algum luga no mar de confusão.

A linha forte e impenetrável de Ferro-Brasil que tinha começado aquela batalha alguns dias antes fora quebrada e massacrada pelos elfos assim que os exércitos  tornaram a se encontrar naquela manhã. A exaustão e a moral baixa, Alick dissera, seriam fatores determinantes para o resultado final de tudo aquilo.

Agora, o pequeno grupo de não mais que duzentas bruxas e uma fada lutava para se manter vivo enquanto pelo menos o dobro de elfos as empurravam pela Floresta na direção que Lyssa sabia ser a da Árvore.

O que estava acontecendo em outros pontos da batalha, era um mistério. A comunicação havia cessado no momento em que não pareciam haver drakares suficientes para transmitir as ordens e as informações. Se alguém tinha mais sucesso em se defender contra o inimigo, se alguém por acaso obtivesse sucesso contra os elfos e os fizesse recuar, a informação poderia levar horas para chegar até elas.

Então, elas apenas lutaram. As bruxas, é claro, faziam a maior parte do trabalho braçal, enquanto Lyssa tentava se utilizar da magia da floresta e do fogo lançado pelos canhões inimigos para defender e causar algum tipo de dano ao exército que avançava. Sua exaustão, no entanto, a impedia de ser muito mais do que um escudo mágico contra os dois magos que se lançavam contra ela.

Metro a metro, elas recuavam, seguindo sem rumo por uma floresta que, aos poucos, se transformava numa pilha de carvão sem vida. Lyssa só sabia para onde estavam indo porque a magia que emanava da Árvore era tão forte que podia ser sentida a uma distância incrível. Não havia tempo para chamar reforços, mas a fada esperava que o lar de suas irmãs pudesse ser de alguma ajuda.

Mais um ataque dos canhões de fogo foi dirigido às árvores e Lyssa conseguiu redirecionar um pouco daquela energia de volta aos inimigos. Mas ainda não conseguira dominar totalmente aquela arte. Amaldiçoando mentalmente a própria falta de experiência, a jovem fada tentou se manter focada. Eram muitos ataques, muitas defesas, coisas demais para entender e processar em curtos espaços de tempo.

Vez ou outra, um ataque acabava atravessando suas defesas e atingindo uma das bruxas. Se tinha algo que ela aprendera durante aquela batalha, era que nem todas as vidas podiam ser preservadas. Era assustador como as mortes que aconteciam ao redor pareciam pesar menos e menos a cada hora que se passava.

Perdida no ritmo quase que automático da batalha, Lyssa mal percebeu a movimentação estranha à sua direita. Ao olhar naquela direção, para o sul, pôde ver as luzes e o fogo de outra luta. Aparentemente, outro grupo de guerreiros da Aliança estava sendo perseguido por elfos que marchavam sobre a floresta com números assustadores.

Sem conseguir ver direito o que acontecia, a fada tentou usar as próprias asas para ganhar alguns metros no ar e enxergar a batalha próxima. Ao menos, pensou ela, suas asas já não eram tão inúteis. Não conseguia voar, mas ao menos alguns segundos de ar agora eram possíveis.

Ela não conseguiu identificar o grupo de bruxas que se aproximava, mas conseguiu perceber que várias fadas lutavam ali. Os números eram muito maiores do que aqueles do grupo de Ferro-Brasil, provavelmente um milhar de bruxas que eram perseguidas por muitos milhares de elfos. Elas recuavam rapidamente, sendo facilmente empurradas pelos números superiores do inimigo.

Mesmo com a ajuda das fadas, não havia nada que pudessem fazer contra todos aqueles canhões e magos que lançavam onda após onda de poder contra as linhas enfraquecidas e quebradiças formadas pelas bruxas.