XCV. Atrasos

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Eliminar a guarnição élfica que defendia o vilarejo demorou mais do que Dalária esperava.

De fato, o lugar parecia estar preparado para servir como hospital de campanha para as tropas do Duque, o que serviu como uma motivação a mais para suas tropas lutarem. Eliminar um posto tão importante poderia mudar a história da batalha, visto que Linea não teria lugar seguro para cuidar de seus feridos.

No entanto, os defensores lutaram ferozmente, defendendo cada casa e cada esquina como se fosse a coisa mais importante que já tinham feito em suas vidas. Era incrível como elfos ficavam ferozes quando enfrentavam traidores, pensou a Rainha.

Ainda que tudo aquilo tivesse demorado quase três horas a mais do que ela inicialmente planejara, tudo tinha corrido sem grandes problemas e as baixas em seu lado da batalha foram mínimas.

Enquanto limpava sua espada, tirando dela o sangue dos elfos que ainda restava, Dalária analisava o campo que se estendia, aparentemente infinito, à frente. O vilarejo era remoto, pequeno e a única coisa que dava sentido à sua existência era o pequeno córrego que serpenteava pelas planícies, irrigando as terras para que fosse possível plantar ali.

As pessoas que viviam ali provavelmente nunca tinham viajado para uma cidade grande como Linea, ou Alis, nunca tinham saído daquele mundinho fechado e pacato em que viviam e definitivamente não entendiam a razão pela qual elfos estavam brigando contra elfos em seus quintais.

Os pobres coitados, agora, se escondiam em suas casas simples, rezando para que nada de errado lhes acontecesse. Contra a própria vontade de ir até eles e conversar, tentar explicar o que estava acontecendo, Dalária simplesmente ordenou às suas tropas que não incomodassem os locais e simplesmente seguissem com seus próprios afazeres, preparando-se para seguir viagem.

À distância, entre o mato alto da planície, a Rainha pôde ver um middgeller que se aproximava, galopando velozmente, vindo da direção da Floresta Negra. Todos que o viram imediatamente se aproximaram para ouvir o que ele tinha a dizer. Era Merg, percebeu Dalária, quando este se aproximou o suficiente.

— Majestade. — Cumprimentou Samor, um de seus generais, surgindo dentre as casas para acompanhar a conversa. A Rainha apenas assentiu ao ver que ele se aproximava e aguardou pacientemente pela chegada do aliado.

— Rainha Dalária. — Merg falou, a voz grave parecia fazer tremer o chão. — Estive patrulhando a planície à frente. Parece que sangue já é derramado na fronteira da Floresta. 

— Merda. — Era a única reação que ela tinha para aquela informação. — É melhor nos apressarmos, então. Quanto tempo até a Floresta?

— Em marcha acelerada, umas quatorze horas. — Samor respondeu, olhando para o horizonte como se conseguisse ver a batalha dali. — Aconselho, no entanto, que marchemos em velocidade normal hoje para não levarmos nossas tropas à exaustão. Se não acamparmos durante a noite, chegaremos lá pela manhã de amanhã, a tempo de nos juntarmos à batalha.

— Contando que nossos aliados já não tenham perdido a luta até lá, parece uma boa ideia. — Dalária respondeu. — Ainda temos como surpreendê-los?

— Não tenho como saber, Rainha. — Disse Merg. — Não consegui chegar perto o suficiente e o emissário que enviei para a Matriarca ainda não retornou.

— Alguma chance de recebermos reforços, Samor? — Ela perguntou, esperançosa.

— Não temos notícias do cerco a Linea. Sequer sabemos se nossas tropas já chegaram lá. — O general comentou. — Quanto a Limenn e os outros Middgellers, há dias não ouvimos nada também.

Fura-Coração (COMPLETO - EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora