LII. Fogo e Luz

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No momento em que Azar passou pelo portal e olhou para trás, o que era esperado aconteceu.

Lyssa, que estava branca como a neve, todo o sangue sugado para fora de seu rosto pelo medo, deu um passo para dentro da fortaleza e recuou imediatamente, ajoelhando-se no chão e colocando para fora todo o conteúdo de seu estômago.

Revirando os olhos, a bruxa Fura-Coração encarou Alick, que tentava por a fada novamente em pé. Nenhuma delas disse qualquer coisa, era óbvia o suficiente a motivação daquele mal estar. Ela só podia rezar à Deusa para que aquilo não atrapalhasse a tarefa que tinham que cumprir ali.

— Você vai sobreviver. — Ela grunhiu, tentando voltar a atenção das duas ao que realmente importava. A Ferro-Brasil a encarou como se pedisse tempo, ela concedeu.

Alguns minutos se passaram antes que Lyssa finalmente controlasse seu estômago o suficiente para conseguir dar cinco passos sem vomitar. Quando isso aconteceu, elas caminharam por entre as pedras antigas, percorrendo o mesmo caminho que Azar percorrera não tanto tempo atrás.

— É lindo. — Murmurou Alick, olhando para os arcos ogivais que delineavam a entrada da fortaleza. Além deles, corredores e antessalas levavam ao salão onde aquela estranha porta se encontrava.

Quando entraram no grande espaço aberto cuja única decoração era o gigantesco carvalho em seu coração, Azar fechou os olhos e, quando os abriu novamente, encarou o passado do ducado. Era tão grandioso sob a luz do sol quanto fora sob a luz do luar. Não haviam dançarinos, não havia baile, mas a magia ainda estava ali. Aquela porta ainda estava ali.

Ela retornou ao tempo presente e encarou as duas companheiras, que se aproximavam da árvore. Lyssa, que ainda tremia levemente, ao menos conseguia caminhar sem o auxílio da Ferro-Brasil

— Como isso é possível? — A fada perguntou, olhando para as duas bruxas. Azar ergueu as sobrancelhas, uma pergunta silenciosa. — A árvore. Como que ela está aqui se não há magia para conceder-lhe vida?

— Talvez tenha crescido antes da excomungação. — Arriscou Alick. A Fura-Coração quis dar de ombros, mas resistiu.

— O ritual foi realizado assim que a fortaleza foi tomada. É impossível que a árvore já estivesse aqui. — Falou, por fim.

— Era isso que queria estudar? — Lyssa perguntou, aproximando-se ainda mais das raízes que mergulhavam na terra pelas rachaduras no chão de pedra.

— Não. — Ela respondeu, ainda que estivesse levemente intrigada pela existência da árvore a partir da observação da fada. — Venha cá.

A jovem obedeceu, lançando um último olhar curioso ao carvalho. Ela parou ao lado de Azar, que apontou na direção de onde sua Segunda Visão acusava a existência da porta. Antes mesmo que a bruxa dissesse algo, a expressão no rosto de Lyssa se modificou, passando de curiosidade para o que parecia ser surpresa.

— O que vê ali? — Perguntou a Fura-Coração. A outra balançou a cabeça.

— Existe um feitiço ali. — Respondeu. — É como se a magia estivesse acorrentada pela energia morta que ocupa esse lugar. — A fada fez uma pausa, aproximando-se da porta para analisar melhor. Apesar de não haver qualquer indício físico de sua localização, Lyssa foi diretamente ao lugar certo. — Não consigo entender este feitiço.

— Deve ser alguma camuflagem. — Comentou Alick, Azar concordou com a cabeça. — Colocado aí para proteger o que quer seja.

— É uma porta. — Explicou a Fura-Coração, lembrando-se de que a outra bruxa não conseguia ver o que ela via.

Fura-Coração (COMPLETO - EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora