- Tem certeza que é esse o lugar?
Acabamos de aparatar em Yorkshire, nos arredores de uma floresta para ser mais específica. Alvo mantém meu braço com o dele enquanto caminha para dentro da floresta.
- Plena certeza.
Caminhamos por alguns minutos em silêncio até que uma cabana velha aparece por entre as árvores.
- Lugar bacana - comento e largo papai pegando minha varinha - Só por garantia.
Ele avança pela varanda e bate na porta gentilmente. Noto a cortina de uma das janelas se mexer e pouco depois a porta se abre revelando um homem de talvez trinta e poucos anos. Seu cabelo castanho claro está salpicado de fios brancos e todo desgrenhado dando um ar mais jovial e eu arisco dizer até meio sexy. Suas roupas são gastas e ele parece cansado.
- Dumbledore? O que faz por esses lados?
Sua voz não demonstra raiva ou incômodo, apenas surpresa, gentileza e alegria. Ele faz um gesto para dentro.
- Por favor, entrem. A casa é simples, espero que não se importem.
- Não se preocupe com isso, meu amigo. Nem eu nem Dhelila reparamos nessas coisas.
- Remo Lupin - estende a mão para mim, aceito e sorrio para ele - Mas a senhorita já deve saber disso.
- Dhelila. Papai falou muito bem de você. E como falou - brinco - Eu praticamente tive que mandá-lo calar a boca.
- Papai? - ele olha confuso para nós dois.
- Ela é minha protegida - papai explica - Bom, era até que chegou a maioridade.
- Ah, interessante. Querem um pouco de chá?
- Eu aceito uma xícara - papai se senta na poltrona velha sem preâmbulos - Vim para tratar de negócios.
- Não imagino que negócios pode querer comigo, Alvo.
Lupin coloca uma chaleira para ferver e prepara as xícaras. Tiro meu casaco e sento no sofá.
- Quero que venha dar aulas em Hogwarts. Tenho vaga para Defesa Contra As Artes Das Trevas.
Ouço as louças baterem. Parece que alguém foi pego de surpresa.
- Não creio que eu seja merecedor desse cargo. Não sou...
- Não seja tolo - Alvo o corta - Eu não estaria lhe fazendo essa proposta se não confiasse em sua capacidade. Além do salário eu posso te garantir um estoque de poção Mata Cão. Feito pelo melhor Mestre de Poções da região.
- Severo Snape? Estava quase me convencendo, mas não posso acreditar que Severo fará qualquer poção para mim. Um veneno talvez.
Ele deposita a bandeja com o chá sobre uma mesinha que balança perigosamente e nos serve.
- E é por isso que trouxe Dhelila. Para você me ajudar a convencê-la a ir para Hogwarts também. Preciso de ajuda na biblioteca e ela será responsável por policiar Severo quando for fazer suas poções. Dois coelhos. Sem falar que ela tem as mesmas qualidades que sua tia Evans.
Papai sorri triunfante. Remo me encara quando o nome de Lilian é citado. Ele me contou a história de Lupin. Aos quatro anos de idade foi atacado por um lobisomem que queria se vingar de seu pai. Por isso a poção Mata Cão seria um trunfo para convencer o homem. Eu não esperava que ele usasse isso para me arrastar para Hogwarts também. Ele sabe que jamais recusaria um pedido desses. O velho sabe como nos enrolar em seus dedos perfeitamente.
- Papai me contou sobre a licantropia - digo após tomar um gole do chá - Esta delicioso, obrigada. Eu sei que não foi justo ele revelar um segredo que era seu. Por isso acho sensato revelar um meu também.
Viro o resto do chá em um único gole sentido a garganta queimar pela bebida.
- Eu sou uma Necromante. Não de linhagem. Eu tive um acidente e acabei indo parar no Outro Lado por alguns minutos. E isso me deu a habilidade de interagir com os mortos. Como eu disse, papai me falou muito de você e achei que poderia me ajudar com isso, assim como posso te ajudar com Snape.
- Uma Necromante? Em meus anos nunca encontrei com um.
- Papai me falou sobre um estudo sobre Necromancia que você fez. Fiquei muito interessada.
Papai sorri de seu lugar enquanto toma seu chá calmamente, seu olhar corre de mim para Lupin. Sei exatamente o que se passa naquela cabeça coberta de cabelos prateados. Ele sabe que venceu.
- Severo sabe disso? - Lupin pergunta ainda em duvida.
- Eu já mandei uma carta para ele notificando sobre isso e ele respondeu afirmativo.
Conhecendo Severo, e se eu não entendi errado, ambos tem uma rixa, não tenho certeza quais foram as palavras exatas dele.
- Tudo bem. Eu aceito, Alvo. Mas quero deixar claro que no primeiro incômodo que eu causar eu saio sem problema algum.
- Bem, ao lado dessa ai vai ser difícil ficar longe de problemas.
- Papai! - finjo horror - Que calúnia é essa? Quando que eu te dei algum problema? Por favor não responda.
O clima fica mais descontraído e logo embarcamos em conversas suaves onde Remo e eu começamos a comparar nossos percalços.
Quando vamos embora sinto que acabo de ganhar um amigo. Lupin é gentil e simples. Eu entendo sua escolha de se afastar das pessoas. Ser Necrom não é fácil, eu imagino como deve ser mil vezes pior ser lobisomem. Passar pela transformação todo mês, sem saber quem é, o que faz, sem ter humanidade. E quando volta a si, sem saber o que fez. Deve ser terrível isso.
Papai me deixa em casa.
- Vocês se deram muito bem. Isso é bom. Lupin é um homem maravilhoso. Ele passou por muitas perdas em um curto periodo.
- Eu gostei muito dele. Papai, posso te pedir uma coisa e não quero que me entenda mal. Por favor, não fique citando o nome de Lilian. O melhor para Harry é que ninguém saiba de mim, e ficar dizendo que sou sobrinha de sua mãe não ajuda muito. Nunca se sabe quem pode estar atrás da porta ouvindo.
- Sinto muito. Mas entenda, Remo não iria ceder apenas pela poção. Mas a sobrinha de Lilian Evans? A mulher de seu melhor amigo? Ele não pensaria duas vezes. E preciso dele em Hogwarts.
- Por Deus! Não sei como você consegue essas coisas - abro a porta de casa e entro sendo seguida por ele - Não sei se você tem uma bola de cristal e sabe das coisas ou o que, por acaso tem alguma coisa que você faça que não seja com um grandioso propósito?
Ele apenas pisca para mim.
- Espero você primeiro de setembro. Não conte nada a Harry. Faça surpresa. Se cuide, minha filha.
Ele me envolve e beija minha cabeça antes de ir. Vou para a cozinha ver algo para comer e paro ao ver a bagunça sobre a pia. Para quem mora sozinha eu consigo fazer bagunça por uma família inteira. Suspiro e arregaço as mangas para começar o trabalho. Usar magia para que se assim é mais divertido? É uma ótima forma de passar o tempo. (n.a. Só Dhelila mesmo para gostar de lavar louça, se fosse eu já teria corrido para as colinas. Rsrsrs).
..........
Amanhã inicia as aulas. Alunos vindo de toda parte no Expresso de Hogwarts. Lembrando que nunca andei nesse bendito trem, preciso remediar isso. Mas vai ter que ficar para a próxima. Como moro em Hogsmeade, que fica ao lado de Hogwarts, não faz o menor sentido eu ir pegar o trem. Por isso estou usando meus privilégios de protegida do Diretor e vim para o Castelo um dia antes. Serei muito repetitiva se eu disser que senti saudades de tudo isso? Provavelmente sim.
Estou acomodada em um aposento próximo a biblioteca no quarto andar. Nada comparado ao dormitório da Sonserina. Ao invés de varias camas há apenas uma grande de dosel cinza. Uma escrivaninha, um armário, uma estante com meus livros, um sofá e o banheiro. Ah, um banheiro só para mim, notícia dos deuses. Além do chuveiro há uma tina de madeira grande o suficiente para quatro pessoas. Espalhei fotos por todo o quarto. Tem dos gêmeos, de Sam e Tony, do trio de ouro, Alvo e até mesmo uma que tirei uma vez da mesa dos professores. Todos sorriram para a foto, menos Severo, é claro. Ele olha para a câmera fixamente e então desvia o olhar como se eu não tivesse mais ali.
Severo. Amanhã o verei novamente. Não sei nem o que pensar sobre ele. Quando eu estava com Newt e as visões começaram e eu não podia controlar, eu tive uma visão com ele. Entenda. Se eu estou concentrada em uma pessoa enquanto estou trabalhando com uma alma, eu tenho uma visão dessa pessoa. Normalmente é o que a pessoa esta fazendo no momento. E...bem... nesse dia eu estava lembrando da minha última noite em Hogwarts e do episódio do corredor. Então eu tive uma visão. Severo estava com uma mulher. E quando digo estava com uma mulher, eu quero dizer duas pessoas nuas fazendo coisas que duas pessoas nuas fazem. O choque foi tão grande que não fiquei na visão por mais do que dois minutos. Mas foi o suficiente para eu esquecê-lo e focar nos meus trabalhos a partir daquele momento.
Mas seria mentira se eu dissesse que aquilo não me atingiu. Não por eu estar com ciúmes, nem de longe. Mas eu podia sentir toda a energia sexual do momento. E vê-lo tomando aquela mulher apenas me deixou excitada e curiosa. Do que Severo Snape seria capaz?
- Pensativa hoje.
- MEU DEUS DO CÉU - agarro meu peito com o susto - Por que não se anuncia ao invés de tentar matar a gente? Regra básica de cavalheirismo.
Papai se senta na minha frente. Estamos em uma mesa pequena para jantar. Vários funcionários chegaram hoje para deixar tudo pronto para o dia seguinte. Basicamente falta apenas os professores.
- Posso até imaginar o motivo de estar tão distante hoje.
- Não comece.
- Desculpe o atraso - Hagrid chega afoito e senta fazendo estardalhaço - Estava checando o cercado. Sabem como são os hipogrifos.
- Nervoso para seu primeiro dia? - pergunto.
Hagrid será o novo professor de TCM. Ele começa a se servir. Pego as taças e sirvo de vinho.
- Ta brincando? Estou apavorado. Cuidar de criaturas magicas é moleza, o problema é ter que cuidar de um bando de crianças barulhentas.
Troco um olhar com papai. Praticamente toda Hogwarts ama Hagrid, claro que ha uma exceção ou outra, mas tenho certeza que ele vai se sair muito bem.
- E você? Ter que cuidar de todos aqueles livros.
- Ah, isso é ficha para mim. Eu já passei muito tempo naquela biblioteca. Agora vou receber para isso.
- Lila contou que você contratou Remo. Tem certeza que deixar Lupin e Snape no mesmo lugar vai ser seguro? Ainda mais agora que Black fugiu.
- Black? - agora estou interessada na conversa - O que Sirius Black tem haver com Remo e Severo?
Hagrid olha para papai procurando ajuda.
- Alvo Percival Wulfric Brian Dumbledore. Não me esconda as coisas.
- Severo, Remo, Sirius e Thiago estudaram na mesma época aqui em Hogwarts. Digamos apenas que os marotos não se davam muito bem com Severo. E um dia aconteceu um acidente - ele me olha sobre os óculos de meia lua - Thiago salvou a vida de Severo, conhece ele o suficiente então me diga: Como acha que Severo se sentiu ao ser salvo pelo seu inimigo?
- Entendi. E porque eles se odiavam? Thiago foi morto por Tom Riddle, Remo sabemos o que aconteceu, e Sirius?
- Os marotos eram em quatro. Pedro Pettgrew. A noite que os Potter morreram, foi Sirius que os entregou a Voldemort, e ele matou Pedro.
- Pedro Pettgrew? - fiz uma busca mental. Como Necromante tenho um poder extra. Sempre sei quem esta morto. Qualquer pessoa, se ela morreu eu vou saber. É como se eu tivesse uma mágica lista mental - Não faz sentido.
- Traidor! - rosna Hagrid - Ele teve a coragem de vir chorando para mim. E eu tolo o consolei. Como fui burro, burro.
Resolvo mudar de assunto para não estressar o meio gigante. Quando terminamos de jantar me recolho para meu quarto. Amanha terei um dia cheio checando todos os livros que os professores fizeram requisição e esperar os alunos.
Amanha será um dia de muitas surpresas e reencontros
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EU JURO SOLENEMENTE NÃO FAZER NADA DE BOM
Não basta escrever e postar aqui. Tem que escrever em um caderno para ter na prateleira. Kkkk só eu mesmo.
Aiai. Reencontros no próximo capítulo.MAL FEITO, FEITO.
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Angelus Tenebris - Snape
FantasíaMais um ano se inicia na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Dhelila é uma típica aluna que gosta de umas travessuras mas que sempre mantém suas notas boas. Com um grupo de amigos bem variado, uma inimiga declarada e um professor que ela está di...