Na cama da enfermaria de Hogwarts, com uma pilha de travesseiros como apoio para me manter sentada, brinco com a ponta solta da faixa que está enrolada no meu braço. Samantha está sentada aos pés da minha cama e me encara severamente.
Ela foi a vigésima pessoa que me deu uma bronca desde que acordei. A lista de pessoas só aumenta. Papai, Pomfrey, Fred, George, Harry, Sam, Tony, Hagrid (depois de uma crise de choro), Remo, Pince e até mesmo a Trelawney saiu de sua torre e veio me falar que tinha previsto minha morte. Se bem que, não é como se ela conseguisse prever outra coisa para as pessoas.
Como se eu tivesse alguma culpa daquela louca ter invadido a minha casa.
A lembrança do pequeno corpo de Arachi todo retalhado no chão, a casa incendiando, os olhos assustados de Lucy. Pode ser loucura da minha parte, logo depois do que acabei de passar, ter um pouco de pena dela, mas eu não consigo evitar.
- O que foi feito com o corpo de Arachi? - minha voz sai baixa.
Minha garganta já está curada, graças a Madame Pomfrey, parece que quando as coisas acontecem comigo essa é a parte do meu corpo que mais se fere. Se bem que, a faixa no meu braço é uma boa lembrança da pele que ainda está se recuperando. Sam disse que se não fosse por Severo estar lá com seus frascos nos bolsos, talvez meu braço não teria salvação. Os danos haviam sido muito grande, mas graças ao atendimento imediato, quando chegamos em Hogwarts, Pomfrey conseguiu remediar boa parte do problema. Ainda vou ter que ficar mais um ou dois dias na enfermaria tomando poções com gosto de lama e com o braço cheio de unguento por baixo da faixa. A má notícia é que isso coça pra caramba. A boa notícia é que meu braço vai continuar funcionando. Pelo menos foi isso que Pomfrey me garantiu.
- Ela foi enterrada, tudo como deve ser. O Ministério mandou pessoas para concertar a casa – ela trinca os dentes antes de continuar – Lucy foi levada para Azkaban, infelizmente você não conseguiu acertar um lugar vital. Ela vai sobreviver e vai passar um bom tempo por lá.
- Isso é tudo culpa minha – desabafo – Se eu não tivesse desistido dela, se eu tivesse percebido antes como ela se sentia. Talvez, talvez eu pudesse ter feito alguma coisa.
- O que? Você não podia imaginar o que estava acontecendo com ela. Você tentou muitas vezes saber o que tinha acontecido. Você deu inúmeras chances dela se abrir. Foi ela que rejeitou sua ajuda. Foi ela que quis seguir esse caminho – Sam é categórica – Eu estava lá, eu vi tudo que você fez. Não se culpe pela loucura dela. Pelo amor de Deus! Ela matou a pobre elfa e tentou te matar!
Samantha joga os braços para cima e levanta da cama exasperada. Seco uma lágrima perdida – procuro uma posição mais confortável para o braço dolorido.
- Eu quase a matei também – sussurro – Como fiz com o homem no Brasil.
- O que? - ela se vira e se aproxima. Seu rosto muda completamente agora.
- Eu estava a ponto de matá-la. E eu faria, mas...
- Mas?
- Samantha, eu sei que você é uma Auror agora, mas no momento eu preciso da minha amiga. Aquela que eu posso contar as coisas mesmo que isso possa parecer loucura, mesmo que possa ser algo que vá me mandar para a prisão.
- Para o inferno com isso. Eu era sua amiga antes de ser uma Auror, é claro que você pode confiar em mim. Eu sou sua irmã.
Limpo a garganta para tirar o nó das emoções.
- Eu estava pronta para morrer, mas no momento que ela ameaçou tocar em Harry eu perdi a cabeça – procuro seu olhar – Eu iria matá-la. Se Sirius não tivesse aparecido naquele momento, talvez eu estaria indo para Azkaban agora, talvez nós duas estivéssemos mortas. Ele me parou. Sirius me parou.
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Angelus Tenebris - Snape
FantasiaMais um ano se inicia na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Dhelila é uma típica aluna que gosta de umas travessuras mas que sempre mantém suas notas boas. Com um grupo de amigos bem variado, uma inimiga declarada e um professor que ela está di...