Capítulo 21 - BICUÇO

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 A manhã começou agitada para mim. Tomei o café da manha as presas para ir para a biblioteca. Tenho uma pilha gigantesca de livros para entregar aos professores.
 Madame Pince abre a biblioteca e vou para minha mesa, onde deixei a lista e os livros que eu já havia separado no dia anterior. Coloco todos em uma caixa com o feitiço de extensão e inicio a entrega pela professora Sinistra. 
 Consegui fazer metade das entregas ate a hora do almoço. Cruzar o castelo inteiro varias vezes mesmo que pelas passagens secretas pode ser bem demorado.
 Aproveito esse serviço para ir ver Hagrid em sua primeira aula. Sem falar que vai ser com o terceiro ano, Grifinória e Sonserina juntos. 
 Me atraso um pouco até chegar na cerca dos Hipogrifos, mas chego a tempo de ver Harry se oferecer para tocar em uma das criaturas. Sorrio orgulhosa enquanto me aproximo pelo meio dos estudantes.
 - É assim que se faz, Harry! - grita Hagrid animado - Certo, então. Vamos ver como você se entende com o Bicuço.
 Ele solta a corrente do hipogrifo cinzento. Fico mais aliviada por ele ter escolhido o Bicuço. Os hipogrifos são conhecidos por ser criaturas difíceis de lidar. Mas de todos que há em Hogwarts, Bicuço é o mais atencioso com novatos.
 Harry segue as ordens de Hagrid que consiste basicamente em se aproximar pouco, fazer a reverência e esperar que ele corresponda.
 Aperto a caixa contra o peito e continuo observando. 
 Bicuço dobra seus joelhos dianteiros e faz a esperada reverência. Os leões a minha volta suspiram aliviados.
 - Muito bem, Harry. Certo. Pode tocá-lo, vamos acaricie o bico dele.
 Harry ergue a mão hesitante e toca o bicho. Bicuço fecha os grandes olhos amarelos apreciando a carícia. Aplaudo junto com todos.
 - Acho que ele até vai deixar você montar.
 - O que? - Harry soa assustado.
 O garoto mostrando que tem mais coragem do que cérebro, monta no hipogrifo que se levanta. Hagrid dá uma palmada nos quartos do bicho que estica dias asas de quatro metros de ponta a ponta e levanta vôo.
 A imagem de quando invadi o cercado no segundo ano e voei no hipogrifo negro voltam a minha mente. Foi uma noite memorável. Entrei e todos eles se viraram para mim. Fiz a reverência e ao erguer o olhar todos os onze animais estavam curvados em reverência  também. A partir daquele momento ganhei uma paixão por criaturas mágicas imensurável.
 Bicuço pousa novamente com Harry ainda em suas costas. Hagrid comemora e parabeniza os dois. Todos batem palmas com exceção de três sonserinos.
 Com isso a turma fica mais animada e entram no cercado. Hagrid me vê e vem me cumprimentar.
 - Como estou me saindo?
 - Incrível, Hagrid, incrível. Pena que não tive aulas com você.
 - Eu tinha que causar uma boa impressão no primeiro dia.
 Sua alegria é contagiante. Sinto o maior orgulho do meio gigante.
 - ...Aposto que você não tem nada de perigoso, tem? Tem, seu brutamontes feioso?
 Reconheço a voz de Malfoy em seu tom arrastado, provocador. Prevejo a tragédia antes que aconteça. Largo a caixa que cai no chão com um baque forte pelo peso e corro para o cercado, mas é tarde demais. O hipogrifo é rápido, mal se vê suas garras levantando e atingindo Draco no braço que solta um grito agudo.
 - Estou morrendo - ele grita do chão.
 Pulo a cerca em um único salto e vou direto para Bicuço. Entro em sua frente para evitar que ele volte a atacar o estupido garoto.
 - Eu cuido do Bicuço. Hagrid, leve ele para Pomfrey. E quanto a você - ergo minha atenção para a criatura na minha frente que tem os olhos brilhando de raiva - É melhor se acalmar. Ele é só uma criança tola. Isso foi muito errado.
 O bicho bate as asas e balança a cabeça.
 - Não interessa. Você não imagina a dor de cabeça que isso vai causar. Ele vai querer você morto.
 Ele para e se aproxima de mim, pousando sua cabeça no meu ombro. Passo os braços por seu pescoço e enterro os dedos em suas penas acetinadas.
 - Não pode fazer essas coisas, seu grande tolo. Não vale a pena morrer por causa disso. Se comporte.
 Solto dele e me afasto. Ele esfrega a cabeça em mim uma última vez antes de trotar para junto dos outros que observam paciente.
 - Já chega disso - ralho ao me aproximar do grupo que sobe de volta para o castelo - O que Malfoy fez foi uma tolice, ele estava avisado do que aconteceria se insultasse um hipogrifo. Ele ficará bem, Pomfrey é ótima no que faz. E o que vai acontecer com Hagrid ou o Bicuço é problema do Diretor, e não de um grupo de alunos pateticos que não sabem ouvir recomendações simples de seu professor. Agora, todos vocês voltem para suas casas antes que eu tenha que chamar Minerva ou o Severo.
 Os sonserinos saem para as masmorras ainda reclamando e os grifinórios saem preocupados, não com Draco, mas com o que pode acontecer com o guarda caça. 
 - Dhelila - Hermione chama e se aproxima com minha caixa - Eu a pequei para você.
 - Obrigada, querida. Tenho alguns livros para você na biblioteca que chegaram logo cedo. Minerva me contou sua proeza desse ano. Frequentar todas as aulas? Você é maluca.
 - Tenho uma ajudinha - ela exibe a corrente no pescoço. - Não conte aos meninos, Minerva me pediu segredo.
 - Sem problemas. Agora vamos. Tenho a sensação que essa história não vai acabar bem.
....
 Entro sem bater na sala do Diretor. Hagrid está ali parecendo desolado. Papai anda de um lado para o outro enquanto conversa com os quadros dos conselheiros. Todos olham para mim. 
 - O que essa criança faz aqui? - um velho em um dos quadros pergunta - Isso é uma reunião de alta importância para...
 - Segure a peruca ai, tiozão - passo por Hagrid e dou um tapinha em seu braço e me sento sobre a escrivaninha - Tenho todo o direito e dever de estar aqui. Eu estava durante o ocorrido. E posso garantir que Hagrid não tem culpa de nada. Ele avisou a todos sobre a sensibilidade de um hipogrifo, o garoto que foi um tolo ao querer testar isso.
 - Esta dizendo que o menino Malfoy atiçou a criatura de propósito? - disse uma mulher de cabelos brancos lembrando o menino citado.
 - Sim e não. Ele pode não ter pensado muito sobre as consequências, mas - digo erguendo um dedo para o alto - É de conhecimento de qualquer funcionário da escola e qualquer aluno, que Draco Malfoy tem um comportamento um tanto quanto desleixado e desrespeitoso com certos colegas e principalmente Hagrid e os alunos da Grifinória.
 - Ainda assim, o garoto foi ferido. Rúbeo Hagrid não possui qualquer experiência como professor, deveria ter iniciado com algo mais singelo. 
 Encaro o senhor que falou. 
 - Eu recomendo que essa história seja esquecida - papai se pronuncia pela primeira vez desde que cheguei -  O garoto já foi atendido e passa bem. Papoula disse que seu ferimento esta fechado e cicatrizado. Em alguns dias ele nem se lembrará do que aconteceu.
 - Esse é o problema, Alvo - esse cara só pode ser o porta voz. Que cara mais chato - Lúcios insiste que o professor seja despedido e o animal sacrificado. Lúcios Malfoy não esquece as coisas.
 - Como é que é? - pulo da mesa - Não podem fazer isso. Nenhum dos dois tem culpa. Dumbledore, não pode deixar que isso aconteça.
 - Não vou despedir Hagrid - papai diz de forma decisiva - E muito menos mandar matar o hipogrifo. 
 - Não iremos interferir em sua decisão, Alvo. Porem, tenha em mente que Lúcios não irá ficar nada contente quando souber disso. 
 - Ele que me procure e conversaremos. Agora, se me derem licença. Tenho outras coisas a resolver.
 Todos os conselheiros saem de seus quadros. Hagrid funga e começa um interminável agradecimento para nós dois antes de sair.
 - Malfoy vai recorrer ao Ministério, não vai? - pergunto ao ficarmos sozinhos.
 - Sem sombra de dúvidas. Ele não esta muito contente comigo desde que retornei ano passado.
 - Ainda não engoli essa história de que ele conseguiu te tirar de Hogwarts. Não existe Hogwarts sem Alvo Dumbledore. Pessoas quase morreram por causa disso. Hagrid foi mandado para Azkaban por causa dele. Eu odeio aquele cara de fuinha.
 - Vai dar tudo certo no fim. Apenas confie no tempo. E falando em tempo, veja só, esta na hora do jantar. Acompanha esse velho? 
 - Não estou com fome, mas não perderia a oportunidade de estar com você mais um pouco.
 Juntos descemos para o Salão Principal. Hagrid não aparece para jantar. Noto os olhares preocupados vindo da mesa dos leões. 
 Sento dessa vez entre papai e Lupin. Conto todo o ocorrido para ele.
 - Conheço Hagrid desde que entrei em Hogwarts com onze anos, não é justo que queiram despedir ele por isso. O garoto esta bem.
 - Eu concordo. O problema é aquele fuinha albina. Tenho minhas desconfianças sobre ele. 
 - Vai tudo dar certo - ele aperta minha mão.
 - Papai disse a mesma coisa, mas com toda a influência do loiro, não tenho tanta esperança para Bicuço.
 - Você também tem uma grande influência - ele continua ao ver meu olhar confuso - Newt Scamander. Mande uma carta para ele. 
 - Tem razão. Como não pensei nisso?Obrigada, vou mandar logo cedo. Storm fica muito irritada se eu mando ela em viagem tão tarde. É a coruja mais estranha que eu já conheci.
 Um pedaço de pergaminho aparece na minha frente. Pego e abro. As letras inclinadas para o lado em uma caligrafia perfeita brilham por um segundo antes de desaparecerem.
  APÓS O JANTAR EM MINHA SALA. E NÃO SE ATRASE
 .......
EU JURO SOLENEMENTE NÃO FAZER NADA DE BOM
Pobre Hagrid e Bicuço. Alguém mata esse Malfoy pai, por favor.
Aiai, sozinhos de noite na sala de Poções. Não sei a Dhelila, mas eu iria usar e abusar do Sev, kkkkk.
Animal em perigo? Sera que o Newt vai correr ajudar? Ou vai mandar seu filho, já que ele esta velho? 
Só vem próximo capítulo.
MAL FEITO, FEITO.

Angelus Tenebris - SnapeOnde histórias criam vida. Descubra agora