Angelus Tenebris - Snape

Capítulo 35 - Confronto

Severo falou a senha e subiu as escadas. Ele havia procurado em cada canto do castelo. Mas ela não estava em nenhum deles. Quando ela não apareceu para o jantar e depois em sua sala, ele saiu em busca da garota. Já passava das onze da noite e ele não havia encontrado um único sinal dela.
Primeiro ele achou que ela estava fugindo dele, mas não demorou a achar que havia algo a mais nisso. Então, depois de muito procurar, ele estava indo para sua última opção. Alvo Dumbledore.

- Alvo! - ele chamou assim que passou pela porta.

O velho estava em frente a sua penseira de braços cruzados. Ele parecia totalmente focado em seus pensamentos. Severo se aproximou mais antes de chamá-lo novamente.

- Ah! Severo, que bom que veio. Preciso te pedir alguns favores.

- Isso pode esperar, Alvo. Você sabe onde aquela impertinente se escondeu? - ele não perdeu tempo. Estava entre furioso e preocupado.

- Dhelila! - em um piscar de olhos, Dumbledore estava sério e decisivo - Eu vejo a preocupação em seu olhar, Severo. E sabe o quanto ela é importante para mim. Ela é uma filha que nunca tive. Então,  como dever de pai preciso te perguntar. Quais são seus propósitos com ela?

- Como é? - Severo encarou o velho confuso com sua abordagem.

- Você realmente se importa com ela, eu vejo. Sou um homem velho, meu amigo, mas sei o que andam fazendo. Presumo que a protegeria com sua vida, mas preciso saber. Faria isso por ela ou por uma promessa do passado?

Severo encarou o outro homem pelo que pareceu uma eternidade. Alvo apenas jogou tudo de uma vez. Tudo o que Severo andava se esquivando de pensar.

Afinal, o que ele pretendia com a garota? O que ela realmente significava para ele? Ela era a chance de um novo começo ou um fantasma do passado que ele teimava em se agarrar?

O moreno não esperava ser confrontado dessa forma. Ele não estava preparado. Porquê, por mais que ele soubesse a resposta. Ele temia dizer em voz alta. Como se o destino só estivesse esperando ele se entregar a um segundo de felicidade, para então arrancar dele mais uma vez.

Se existe algo ou alguma coisa superior. Com certeza estava bem empenhado em aproveitar cada oportunidade para transformar sua vida ainda mais em miséria.

Severo foi poupado de responder quando o característico som de aparatação chamou atenção dos dois.

À apenas cinco passos dos homens, agora havia uma garota que não estava ali um segundo atrás. Dhelila tinha um olhar frio, era tão gélido como os mais poderosos ventos de inverno, e em vários pontos de sua roupa era possível ver sangue.

Ela se dobrou ao meio por um momento como se sentisse dor. Mas se ergueu assim que ambos avançaram em seu socorro.

- Estou bem - ela não parecia nada bem, mas trincou os dentes para não discutir - Eu só lhes prometo uma coisa. Se um dia eu cruzar com  aquele maldito do Greyback, eu vou acabar com a existência dele da forma mais lenta e dolorosa o possível. Nem que isso custe minha própria vida.

- Minha filha... - Alvo tentou falar, mas foi interrompido.

Ela engoliu antes de falar. Parecia se controlar. Seus olhos brilhantes indicavam que ela estava a ponto de chorar, se já não tivesse chorado. Mas naquele momento nenhuma gota caiu.

- Esse sangue não é meu. Eu não podia deixar eles daquela forma. Chamei Samantha e fiz questão de ajudar no enterro. Os aurores disseram que vão se esforçar para encontrá-lo.

Pela segunda vez naquela noite, Severo não sabia o que dizer. Ele estava tentando entender, mas nada fazia muito sentido para ele. Ele estava mais preocupado com sua condição. Havia algo de muito errado com ela.