Capítulo 24 - CONSCIÊNCIA

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Severo abre os olhos e fica encarando o teto por um tempo. Ele não precisa olhar para saber que Dhelila esta dormindo enrolada em seu corpo. O calor de sua pele, o cabelo roçando seu peito nu, o bater de seu coração contra seu peito.
Isso são coisas que ele não deveria estar presenciando.
Uma parte dele diz para ele aproveitar o momento. Deixar seu luto para trás e se entregar a novas experiências. A garota é bonita, inteligente e consegue suportar ele, uma coisa muito rara. Ele não é mais um rapazola, e ter uma mulher nova e bonita como essa interessada nele não é uma coisa para se desperdiçar.
Outra parte, diz que ele tem que levantar logo da cama e seguir seu caminho e esquecer o que aconteceu. Porque isso é extremamente errado. Ela é quase uma criança que até pouco tempo atrás era uma de sua alunas. Protegida de Dumbledore e ainda por cima prima do fedelho do Potter.
Ou seja.
Sobrinha de Lilian.
Ah, seu doce lírio.
Por mais que a garota em seus braços mexa com ele. E muito. Seu coração insiste em continuar fiel apenas a sua adorada Lilian. Idiota por ainda ser apaixonado por uma mulher que era casada com outro homem e que esta morta já fazem doze anos?
Com certeza.
Mas o que ele podia fazer? Era a única coisa que ele sabia fazer. Foi seu amor por Lilian que o manteve vivo por tanto tempo. Por seu amor ele trocou de lado na guerra, traindo o Lord das Trevas.
Lilian. A mulher que ele amou profundamente e que morreu por sua própria causa. Por uma maldita conversa que ele escutou atrás de uma porta e correu contar para Voldemort.
A culpa cravou tão fundo em seu coração que a dor se tornou física. Se desvencilhou da morena e levantou da cama caçando suas roupas e vestindo o mais depressa que pôde. Sem um último olhar para a cama, Severo se retirou do quarto seguindo direto para seus aposentos nas masmorras.
- Maldição.
A porta bate fechada violentamente após a passagem do moreno. Severo se encaminha para seu banheiro e tira a roupa entrando embaixo da água fria. De repente sua garganta travou e o ar ficou difícil de ser absolvido. Encostando a testa na parede, Severo deixou as lágrimas caírem se misturando com a água do chuveiro.
Quanto tempo faz desde a última vez que chorou? Doze anos? Foi quando visitou o túmulo de Lilian em Godric's Hollow alguns dias após sua morte.
Quinze minutos depois ele saiu do banheiro, vestiu seus trajes tipicamente negros, pegou uma garrafa de uísque de fogo e se sentou em uma poltrona no canto mais escuro de seu quarto.
Era o fim do mundo mesmo. Severo Snape com quase trinta e três anos nas costas, tendo uma crise por causa de uma noite com uma mulher.
Ele sempre soube que ela tinha vindo ao mundo para tirar ele do sério. Mas não imaginava que ela teria tal poder nele.
Imagens dela se contorcendo de prazer embaixo dele dançam em sua mente sempre que ele fecha os olhos. Saber que ele foi seu primeiro não ajudava muita coisa. Pensar que seu corpo, gemidos e seu primeiro orgasmo foi dele e apenas dele, dão um curto circuito em sua cabeça. O sentimento de posse é quase impossível de impedir. No fundo de sua mente, aquela voz que ele luta para calar, sussurra com satisfação uma única palavra diversas e diversas vezes. MINHA.
- Maldita.
Abrindo a garrafa ele toma direto do gargalo, sentindo o líquido queimar a garganta. Quanto mais bebe e o álcool faz efeito, mais fácil de limpar os pensamentos.
- Severo Snape - sua voz ecoa pelo quarto vazio - O homem que foge de uma garota de dezenove anos. Que vergonha.
Quando a hora do café chega, a garrafa se encontra vazia largada sobre a escrivaninha junto com uma irmã pela metade. Depois de tomar uma poção de revitalização, Severo veste sua máscara de indiferença e segue para o Salão Principal, se preparando para a reação da morena.

........

- Bom dia. Perdoem meu atraso, perdi a hora.
Sento entre Remo e Hagrid. Me sirvo de uma xícara de café forte e tomo um longo gole que queima minha língua.
- Eu já estava ficando preocupado. Estava começando achar que Severo tinha te amarrado em algum lugar.
Me engasgo com um bolinho. Remo desfaz o sorriso e franze a testa enquanto me dá algumas batidinhas nas costas.
- Severo? - digo após recuperar o folego.
- Ele subiu atrás de você e não tinha uma cara muito boa. Eu ate pensei em ir atrás dele, mas sei que você pode lidar com ele.
- Ah. Bem - limpo a garganta. Sinto meu rosto pegar fogo. Desvio o olhar. Deus, como sou idiota - Não aconteceu nada demais. Apenas conversamos e então ele seguiu seu caminho.
Sim, uma conversa bem íntima. Seu corpo que o diga. Após acordar atrasada e correr para um banho, notei as marcas de suas mãos no meu quadril, meus seios estão sensíveis pela atenção que receberem e um chupão na coxa direita.  Eu poderia dizer que foi a melhor experiência da minha vida, mas isso é muito clichê, e eu detesto os clichês.
- Separei uma papelada daquele estudo que fiz. A hora que quiser passe na minha sala. Se for na terceira aula, estarei na sala dos professores.
- Claro, claro. Estou ansiosa para ler. E sobre a poção, iremos iniciar essa noite.
- Obrigada - seus olhos caem para a mesa, desolado.
- Hey, após as aulas e antes do jantar, me encontre na cozinha. Para debatermos sobre aquele assunto.
Fiquei realmente feliz por ter ajuda de Remo com a Necromancia. É uma coisa que se tem tão poucas informações.
Meu olhar traidor segue para o outro lado da mesa, até Severo. Ele desvia o olhar rapidamente. Não foi surpresa eu ter acordado sozinha. Estranho seria se ele tivesse ficado. Eu sei o que deve estar passando na cabeça dele nesse momento: Sou ex-aluna, sou muito nova, "filha" do diretor, prima do garoto que por algum motivo ele odeia e medo de que eu vá ficar no seu pé atrás de um relacionamento.
Deus me livre. A última coisa que passa em minha cabeça nesse momento é um relacionamento. Tenho Harry para tomar conta, meu trabalho na biblioteca e toda a coisa de necromante.
Isso me lembra que em poucos dias os efeitos da poção que tomei a dois meses vão acabar. Então retorna meu martírio de sentir as almas. O pior é que tomei a última dose. Eu tenho a lista de ingredientes e o modo de preparo, mas sejamos francos, eu jamais vou conseguir fazer uma poção tão complicada quanto essa. Vou ter que arrumar um jeito de Severo me ajudar sem que eu conte a verdade.
- Dhelila? Vamos?
Ergo os olhos para Pince que esta de pé ao meu lado. Pego um bolinho e me levanto me despedindo.
- Sinto muito por interromper seu café. Mas hoje chega mais alguns livros que a Floreios E Borrões ficou de entregar, precisamos catalogar e guardar antes do primeiro tempo.
- Sem problemas. Eu não estava com fome de qualquer maneira.
..
- Merlin que me de paciência - sendo sobre a mesa de Pince - Esses cabeças ocas deixam livros espalhados por todos os lugares. Encontrei livros embaixo das poltronas. Como eles foram parar lá? Eles não tem amor pelos livros, não?
- Que bom que esta gostando - ela larga uma pilha ao meu lado e ajeita os óculos - Preciso que leve esses até a sala dos professores. Deixe em uma mesa qualquer e cada um pegue o seu. Ficar entregando de sala em sala é terrível.
- Eu não me importo - dou de ombros e pego os livros - Já volto.
Sigo sem problemas pelos corredores vazios. Minha única dificuldade é equilibrar os livros em uma única mão para abrir a porta da sala dos professores. Coloco os livros sobre a primeira mesa que vejo.
- Isso é uma varinha, não um prendedor de cabelo.
Me viro assustada para o dono da voz. Severo esta sentado em uma poltrona com um livro de raízes e seus usos em suas mãos. Me aproximo e sento na poltrona em sua frente.
- Pois é. Acordei atrasada, foi a coisa mais próxima para prender. Se ao menos tivessem me acordado mais cedo.
Seus olhos apertam. Ele parece pensar antes de falar. Reparo no tom vermelho em seus olhos e o sutil cheiro de bebida em sua roupa.
- Sobre isso...
- Opa, opa - ergo as mãos o silenciando - Antes de você começar eu quero dizer uma coisa. Foi bom, maravilhoso, mas eu não vou ficar correndo atrás de você como uma adolescente apaixonada. Sou uma mulher madura - mais ou menos, penso - E como tal, posso te dizer com convicção que não estou interessada em um relacionamento. Se qualquer noite quiser repetir a dose, ok estamos ai. Se não, tudo bem bola pra frente. Já ouviu falar de sexo sem compromisso?
Eu podia esperar muita coisa dele, mas ficar olhando para mim com cara de surpresa não estava na lista. Ele só ficou ali me encarando, como se tentando decidir se estou falando serio ou brincando. Não resisto e caio na gargalhada.
Ouço a porta se abrir e me viro vendo Remo entrar com a turma do terceiro ano. Sinto a postura de Severo mudar drasticamente. Ele fecha o livro se levantando.
- Deixe aberta, professor. Prefiro não ficar para ver isso - ele me lança um olhar.
- Bem, eu vou ficar. Tenho algo para pegar com Remo - digo para ele.
Severo sai da sala batendo a porta. Se depender dele não sobra porta de pé em Hogwarts. Aceno para Harry e Rony e permaneço na poltrona. Remo inicia a aula, vejo Hermione entrar apressada na sala. Essa garota é louca de usar um vira tempo para frequentar todas as aulas ao mesmo tempo.
- Alguém pode me dizer o que tem dentro do armário?
- É um bicho papão - responde alguém no meio do grupo.
Sento mais ereta, parece que essa aula vai ser bem interessante. Sempre gostei de bicho papão.
Depois penso em Severo.

........
EU JURO SOLENEMENTE NÃO FAZER NADA DE BOM
Eu sei que eu mereço alguns cruciatus pela demora. Mas gente, vocês não sabem o bloqueio criativo que me deu. Dai junta com o fato que meu celular não presta para escrever e o da minha irmã também resolveu bugar.😒
Massss. Aqui estou eu de volta. Sei que o capítulo ficou ruim. Eu acabei escrevendo duas versões dele e não sabia qual escolher. Achei esse um pouco mais profundo na mente de Severo, então optei por esse.
Dedico esse capítulo a todos que estão votando e adicionando a história nas listas de leitura, vocês não imaginam a alegria que da.
E dedico principalmente a minha diva Débora Haide, que além de me incentivar muito, me acompanhou no cinema junto com a Rô, para assistir Animais Fantásticos 2 😍😍😍
Obrigada de paixão e até o próximo.
MAL FEITO, FEITO

Angelus Tenebris - SnapeOnde histórias criam vida. Descubra agora