Primeiro encontro.

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*No telefone*
-Não, eu ja te falei, vou pagar o que devo à vocês cinco, só preciso quitar os investidores e todos os designers que foram contratados para a divulgação do StarsPhone.
-. . .
-EU SEI PORRA, TA TUDO ATRASADO MAS AINDA NÃO VENDEMOS TODAS AS UNIDADES E SÓ VOU TE PAGAR QUANDO CHEGAR A 100% DE RETORNO.
(desliga o celular e joga no banco do carona com força)

<Droga, será que tem espaço no carro pra mais 2 caixas? Vai ser um problema do caralho se não conseguirmos vender todas as 100.000 unidades que mandamos fazer.>

*Parado no sinal vermelho*
*Bate no vidro derrepente*

-Ô Moço, me da dinheiro pra comprar um pão.
-Sai fora moleque... tive muitos problemas por hoje. Xispa, faça seu caminho de volta e tenta não morrer.
-Mas o senhor não tem dois reais não moço? Seu carro é grande.
-Se eu te der cinco, você vaza e não me perturba mais nessa droga de sinal?
-Prometo sim senhor moço!
*Pego a carteira e vejo que só tem notas de dez, vinte, cinquenta e cem reais*
-Ai moleque, seu dia de sorte. Tem de dez pra cima.
-NÃO MOÇO NÃO POR FAVOR DEZ NÃO.
-Pensei que quisesse dinheiro.
-Tem que ser cinco só.

Aquilo deixou Jeff curioso... porque um moleque de rua, com roupas rasgadas e com a pele toda escura devido ao sol escaldante de meio dia, em sã consciencia recusaria dez reais?

-Porque só cinco garoto... sabe contar? dez é maior que cinco.
-É que eu vou ter que dar pro meu pai e não sobra nada pra mim.
-Como assim porra?
*sinal abre e começa a se ouvir buzinas dos carros de trás de Jeff pressionando-o a acelerar e parar em uma rua próxima.*
AÍ garoto, que história é essa de seu pai não deixar o dinheiro que você - Jeff aponta seu dedo para o peito do garoto franzino- conseguiu debaixo desse sol infernal.
-É que ele usa pra comprar drogas moço. Eu pego só cinco porque assim ele não compra e não bate nas minhas irmãs.
-QUE ABSURDO. QUANTOS ANOS VOCÊ TEM.
-10
-Você deveria estar na escola e não na rua. Seu pai... quer dizer, o monstro que te obriga a vir pra cá, tem conhecimento que existe escola pública e que você por OBRIGAÇÃO deveria estar estudando?
-Sabe sim moço, mas ele num quer que eu vá não. Ele tem medo que eu pare de trabalha pra ele.
-Quando eu te neguei o dinheiro não pensava que fosse tão ruim sua situação. Esse sol está me matando. Vamos ali e eu te compro um sorvete e você me conta mais.
-Posso não moço.
-Tem que voltar a trabalhar né?
-É.
-Olha,
*diz Jeff ajoelhando-se*
tenho dez reais, gastamos cinco na sorveteria e você leva os cinco que restam para o drogado do seu pai.
-Se alguém me ver, vão contar.
-Eu não deixo te verem... eu nem sei seu nome.
-Pedro
-Prazer Pedro. Jeffrey!
-Je.. o que?
-Jeffrey. Nasci nos Estados Unidos mas sou filho de pais brasileiros, você se acostuma.

É neste momento que o Pedro se esquece de todos os problemas do mundo, ao lado de Jeff que comprou 2 sorvetes e mais algumas porcarias em doces, ele desejava que nada o atrapalhasse com aquele homem tão bruto em primeira vista mas tão bom quando se conhece mais a fundo.
Era de se esperar que Jeff também se esqueceria de tudo... e esse foi seu problema, onde ja se viu, parar do nada no meio da avenida e conversar com um moleque de rua. Logo a realidade batera na porta. O sorriso descontraído do que pareciam ser pai e filho tomando um sorvete em uma sorveteria foi logo encerrado pela maldita visão do lado de fora do estabelecimento... o semáforo, o ponto de Pedro e o camimho de Jeff todos os dias

-Bom, parece que é aqui que nos despedimos
-Obrigado moço, nunca tinha tomado isso.
-Pera, seu pai nunca te deu um simples sorvete?
-Não, sempre quis tomar mas nunca sobra dinheiro.
-Bom... moça mais um sorvete por favor.
-Claro...
.
.
.
Aqui está senhor!
-Obrigado.
Toma, pra você!
-Outro?
-Você disse que nunca tinha tomado e que adorou. Vai, pode comer.
-Muito obrigado Jef-RR-ei
-Pode me chamar de Jeff, meu nome ainda é complicado pra você não é?
-Sim haha.

Naquele momento a felicidade voltara aos dois mas logo foi barrada pelo celular de Jeff tocando. E quando ele atende... !

-Alô.
-Cadê você cara? A reunião brother, é a porra da emissora mais cobiçada e você, DONO da empresa me dá uma de rebelde e falta...
-Caralho me esqueci totalmente. Enrola eles Elder. Precisa ganhar tempo. Chego em 20 minutos.
-Bora então cara eles tão ficando sem paciência.
-Beleza to indo aí.

-Pedro, eu preciso ir. Espero que fique mais por esse lugar, passo aqui todos os dias.
-Obrigado pelo sorvete Jeff
-Que isso, outro dia a gente toma mais.
*Jeff paga o outro sorvete, da tchau a Pedro entregando-o os cinco reais restantes, sai correndo do estabelecimento, entra no carro e acelera com tudo na avenida*

Urso MilionárioOnde histórias criam vida. Descubra agora