O inesperado!

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Enquanto isso, com Pedro...

-HEIM. HEIM, MOLEQUE DESGRAÇADO, ACHA QUE PODE ENTRAR NA LOJA E SAIR PEGANDO AS COISAS É?
-Eu preciso comer moço...
-EU NÃO LIGO, NÃO ME INTERESSA QUE MORRA DE FOME. SE PUDER PAGAR, LEVA, MAS SE NÃO... TRIA SEU CAMINHO PRA FORA DAQUI.

-Eu pago o que ele pegou. -diz uma voz grossa-
-S-... Seu Jeffrey, o que trás o senhor aqui, na minha venda?
-Esse garoto, o nome dele é Pedro. Estive te procurando a manhã inteira molque. -diz Jeff Sorrindo- E o senhor, eu ia abrir uma conta aqui, o garoto fica no sinal próximo, sempre que ele tivesse fome, poderia pegar uma fruta, um salgadinho e tudo ficaria debitado na minha conta... mas acho que aqui não é um lugar bacana, já que o senhor disse bem claramente que ele podia morrer se não pagasse o que iria levar.
-Senhor Jeffrey, foi da boca pra fora que eu disse.
-Mas eu não. Realmente iria abrir uma conta, agora não vou mais. Vem Pedro, esse lugar não é bom pra comprar.

Saindo do estabelecimento de mãos dadas com o pequeno, Jeffrey olha seu relógio e vê que são 12:50, tanto sua barriga quanto a de Pedro (que não comia nada desde a noite anterior) roncavam de fome.
-Com fome né... bom, vamos almoçar. Você quer?
-uhum - Pedro sinaliza positivamente com a cabeça.-
-Entra aí no carro e coloca o cinto de segurança. Já pode andar no banco da frente, ao menos na cidade.
-Não posso, perdi da minha irmã.
-Tem uma irmã?
-Tenho, não a vejo desde de manhã.
-Almoçamos e se quiser te ajudo a procurar sua irmãzinha.
-Mas ela deve estar com fome também...
-Damos um jeito nosso quando a acharmos.

Jeffrey Pecebeu que a blusa de Pedro estava cheia de rasgados e ao passar na frente da Lacosta Kids comprou uma blusa verde que o pequeno Pedro escolheu. Acompanhado de Jeffrey que por onde passava, arrancava olhares de mulheres e (eventualmente) homens.

-Estamos prontos, vamos almoçar.
-Obrigado Jeff
-Não foi nada, é que esse lugar que vou te levar é bem chique e o pessoal é careta demais pra entender o porque da sua blusa de antes estar rasgada. Particularmente eu detesto marcas famosas e coisas caras. Não valem o dinheiro. Mas a comida daquele lugar é Divina, de tirar suspiros então temos que mostrar que podemos pagar pela comida. Vamos?
-Vamos!

Entrando no enorme carro preto de Jeff, Pedro questiona:

-Como você me achou?
-Eu estava te procurando no mesmo sinal daquele dia do sorvete e um cara da loja de sapatos disse que um garotinho assim como eu te descrevi, entrou naquela lojinha feia que você estava.
-Ah... e porquê o senhor fez isso?
-... Ah, eu me senti mal só pelo sorvete, acho que você nunca comeu uma comida da boa de verdade e então resolvi te dar essa visão das coisas.
-Ah sim.
...
-Bom, chegamos, Lê Food Liberté
-Lê o que?
-Lê Food Liberté. É uma mistura de francês com inglês. Você acostuma.
-Sei nem falar o "brasilero" quem imagina o inglês.
-vem, vamos entrar -Jeff diz sorrindo-

Entrando no gigante prédio, Pedro fica encantado com o que vê, tudo branco e dourado, um som ambiente de jazz instrumental compõem a atmosfera do estabelecimento que ja deixa uma marca logo quando se pisa dentro do local. Ao olhar para o chão, Pedro vê seu reflexo no delicado piso de porcelana em neve que estava tão bem limpo que ao menor sinal de sujeira, ja se notava. Ao olhar para cima, um lustre enorme de cristal revestido com vidro temperado para não quebrar facilmente.
e as paredes? Um acolchoado de almofada branca em sua maioria com algumas tiras em dourado na horizontal, dando um ar de riqueza a mais para o lugar e não parou por aí, os garçons trajavam um terno branco completo com direito a suspensórios e sapatos sob medida.
Cortado pela fala de Jeff, Pedro olha para o grande homem do seu lado e escuta atentamente.
-Gostou né? Gosto da comida daqui, pode ser uma miséria mas é tão gostosa. Enfim, nossa mesa não é aqui.
-Mas tão quase todas vazias.
-Nossa mesa é por ali- Jeff aponta para o Elevador-
-Mas é só um lugar vazio.
-Vamos, aquele vazio vai nos levar a mesa.
-Ta bom.
Ao entrar no elevador, e apertar o botão da cobertura, Jeff avisa a Pedro:
-Não fique com medo ta bem? é assim mesmo. A porta fecha e o elevador nos leva para cima e para baixo.
Ta vendo aquele painel? Ele mostra em qual lugar do prédio estamos. E nós vamos para lá -Jeff mostra o último botão- É melhor lá em cima.
-Ta bom!

Quando o elevador começa a subir, Pedro olha assustado para Jeff que fica sem saber o que fazer.
Mas logo o desespero acaba com o elevador abrindo sua porta para a cobertura do prédio.
Uma piscina é vista com varias cadeiras de sol a beira para pegar uma cor. Duas fontes de gesso em forma de anjos cospem água que vai para a piscina e ainda um bar dentro da mesma que funciona 24H já que a noite a água é aquecida para os moradores do prédio.
-Vamos almoçar aqui? Diz Pedro Olhando para a água cristalina...
-Vamos, mas não nadaremos. Não hoje.
-Mas está tão calor.
-O meu tempo está corrido, olha- diz Jeff ajoelhado de frente para o menino que deixa escapar uma lágrima- eu Prometo que no sábado, voltamos aqui. Volto até a morar nesse prédio se quiser mas hoje só vamos almoçar. Tudo bem?
-Ta bom.

Jeff fica triste por Pedro e volta atrás em sua palavra.
-Olha tira a camisa, seu shorts e pode dar um mergulho, rapido, porque assim que o prato chegar, comeremos e eu vou ter que trabalhar ta bom?
-Sério?
-Sim, vamos rápido -Jeff suspende a blusa de Pedro e vê algumas marcas roxas em sua barriga, costas e ombros, mas decide não tirar a felicidade do momento-.
-FICA NA PARTE RASA SE NÃO SOUBER NADAR HEIM.
-TA BOM, PODE DEIXAR.

Enquanto Jeff tenta escolher uma coisa para o pequeno Pedro, ele percebe que o barulho da água diminuira aos poucos, quando ele desvia o olhar, vê Pedro afundando devagar, no desespero ele tira sua blusa de qualquer jeito, junto de seus sapatos, joga as chaves do carro em cima da mesa e vai para a piscina salvá-lo.
Ao mergulhar percebe o desespero de Pedro tentando subir perdendo o pouco ar que lhe resta, e quase desistindo de lutar contra a imensidão aquática que o cercava, ele sente sua mão sendo parada e levada para cima depressa, fazendo assim ele chegar na superfície quase sem oxigênio.

-Pedro... PEDRO. RESPONDE MOLEQUE, EU TE FALEI SÓ PARTE RASA, PORQUE DEMÔNIOS, FOI PARA O MEIO?
-Eu... na... não sei, nad.. naadar... - diz Pedro Engasgando e chorando ao mesmo tempo-
-Eu sabia que não deveria tê-lo deixado ir sozinho.
-A... a culpa... fo... foi minha que quis... na... nadar.
-Pronto, ja passou criança, vem cá.-jeff pega o pequeno Pedro no colo e sai da pscina todo encharcado, enquanto Pedro, encosta a cabeça no peito peludo de Jeff e associa aquilo com um colo de pai que nunca tinha experimentado-
-Obrigado, Jeff, vamos comer?
-Ainda não está pronto.
-Desculpa, você está nervoso porque eu fiz você molhar a sua roupa.
-Não, haha, não é nada disso. Eu tinha que voltar pra onde eu trabalho soltar um produto para as pessoas que compraram meu celular. Posso adiar pra amanhã, mas agora vou pedir umas toalhas secas para nós enxugarmos. Espera aqui.
-Ta bem.

Se dirigindo para a estantes de toalhas, Jeff olha o relógio volta  para Pedro que morria de frio, e diz:
-Seu doidinho, poderia ter morrido sabia?
-Desculpa. -diz Pedro soluçando com a cabeça baixa-
-Não estou te xingando -Jeff empurra Pedro num gesto camarada- só quero que tenha mais cuidado na próxima vez pra não me deixar preocupado assim.
-Ta bom.

Cortados pela linda funcionária do hotel com um coque muito bem feito, Jeff se dirige a ela já sabendo o que iria receber por estar naquele local com o Pedro.

-Senhor, por favor, pode me seguir para a gerência do hotel?
-Ah... claro, meu... Filho, Pedro ficará aonde no tempo que eu estiver lá?
-Posso passá-lo para nossa área infantil senhor.
-Ah claro, pode ir na frente?
- Esperarei no elevador senhor. -A mulher se dirige para o elevador se afastando dos dois que começaram a conversar-
-Olha Pedro, enquanto estivermos aqui eu sou seu pai ok?
-Por q...
-Shhhh, não faça perguntas, se te perguntarem eu sou seu pai ok?
-Ta bom.
-Te espero lá embaixo. Vem.
-Mas não comemos ainda.
-Muito provável que não fiquemos aqui por muito tempo.
Vem, ela vai te levar pra baixo enquanto eu resolvo uns pepinos com a gerência.
-Tá bom, e minhas irmãs?
-Olha, no momento precisamos sair daqui. Depois procuraremos elas.

Urso MilionárioOnde histórias criam vida. Descubra agora