Um leve exageiro

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Semanas se passam, Jeff consegue tirar as fotos para a revista, Pedro se encontra ainda assustado com toda aquela gritaria de Jeff naquele dia fatídico, e finalmente começa a ficar incomodado com o fato de estar com um estranho, numa casa estranha, comendo da comida dele, bebendo de sua água e tentando se aproximar ao máximo. Então ele cria coragem, e na sexta feira à noite...
-Jeff, posso conversar?
-Já é tarde Pedro, vá deitar. -diz Jeff teclando algo em seu computador-
-Ou me escuta ou vou embora.
-E quem você acha que é pra me dizer o que vai fazer. Esqueceu que eu sou o chefe aqui?
-Começar que você não é meu pai, na verdade eu nunca tive um, minha mãe morreu, minhas irmã tá tudo naquele lugar de gente estranha e eu aqui morando com você, quero sair e vô sair!
-Ah, quer saber? A porta da rua é serventia da casa, sinta-se à vontade para sair. -Jeff pega seu celular, destranca a porta remotamente e aponta para a porta dizendo- Está aberta,
-Vai me deixar sair mesmo?
-Você não disse que queria sair? Então sai, nunca te obriguei a ficar aqui, se quiser ficar eu iria gostar de uma companhia pra fazer as coisas enquanto eu estou em casa, mas não vou te obrigar a nada, afinal como você disse, nem seu pai eu sou. Queria te ajudar porque achei que precisava de ajuda, mas já que não quer ser ajudado, não insistirei. Última chance pra sair. Preciso voltar ao trabalho.
-Desculpa, eu não queria sair de verdade. Eu estou... Eu estou com medo.
-Medo de quê? Está seguro aqui -Jeff fecha o notebook, joga para o lado e vai em direção ao menino- olha, me desculpe, eu que preciso te pedir perdão. Eu te assustei quando dei aquele xilique com meu irmão, nem aquilo ele merecia. Que tal eu te falar um pouco sobre minha pessoa? Nunca conversamos direito sobre nossas vidas pessoais de verdade. Bom, Eu me chamo Jeffrey Bittencourt. Sou natural aqui de Belo horizonte mesmo e tenho alguns 40 anos por aí, gosto de viajar e minha comida favorita é sushi.
-Su o que?
-Sushi, Peixe com arroz e algumas outras coisinhas.
-Eca, odeio peixe.
-Quando provar o sushi, tenho certeza que vai gostar. Continuando, Eu tenho três irmãos, O George capeta você sabe quem é, tem a Laila e a Megan, minhas irmãs não moram mais aqui, depois de ter colocado elas no avião para Londres, elas encontraram a felicidade por lá. Fiquei porque meu produto não daria certo naquele lugar. Quando nós éramos pequenos, nossos pais morreram enquanto voltavam de uma festa. Meu pai quando sóbrio, era um cara bem legal, mas quando bebia e cheirava, nem tanto, ele batia em todos, George era o que mais apanhava por ser o mais chato dos irmãos, mas isso não nos livrava da surra. Pelo contrário, o George era o aquecimento, em seguida eu, depois a Laila e a Megan, por último sobrava para minha mãe também, mas ela estava drogada demais para saber o que estava acontecendo. Meu pai abusava dela quando chegava naquele efeito das drogas e ela nem percebia. Quando recebemos a notícia da morte deles, Ficamos imóveis, sem sentir pena ou tristeza, as meninas eu confesso que sentiram um pouco, mas não queriam demonstrar fraqueza perante eu e George, por outro lado o George chorou, abriu o berreiro, e essa foi a última vez que vi ele chorar. Depois do que aconteceu, ele riu, e então se fechou para tudo, foi embora com alguns amigos que ele tinha e eu não vi ele por mais alguns anos... 15 pra ser exato, quando ele voltou, disse que tinha descoberto um jeito de ficar rico mas que precisava da grana pra fazer tudo, e eu como sabia que era encrenca tudo o que ele arrumava, recusei a dar o dinheiro na hora, mas acabei cedendo mais tarde, depois disso, nunca mais o vi, até aquele dia, quer dizer, eu descobri que ele tem família e uma condição bacana de vida hoje, mas as minhas irmãs não devem saber disso já que elas também não chegaram a vê-ló depois que ele sumiu.
-Nossa, sua vida quando você era menor, consegue ser pior que a minha.
-É, pra você ver o quanto eu sofri pra chegar aqui. O lado bom disso tudo pra você ao menos, é que não vai precisar de tanto esforço assim como eu, quer dizer, se você quiser continuar morando comigo, eu juro que vou me esforçar para te dar educação, comida, roupa, cama e deixarei você livre pra se tornar o que quiser ser. Me desculpe se eu assustei você, era a última coisa que eu queria nesse mundo.
-Hum... -o menino indaga tristonho-
-O que foi?
-É que eu queria ver minhas irmãs.
-Sabe que do jeito que está agora, não podemos nos dar ao luxo de sair na rua tranquilamente, a não ser que queira ir para a família do seu pai ou da sua mãe.
-Não, eu quero você! -Pedro pula no colo de Jeff com os olhos cheios d'água-
-Eu vou fazer o que for possível para te proteger!

Urso MilionárioOnde histórias criam vida. Descubra agora