Capítulo 5 - Lucas ✓

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“Escolhas tem suas consequências, algumas fáceis de lidar, outras difíceis de conviver.”
— Samy Souza.

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Pior do que está bêbado e fazer besteira, é tentar controlar Samantha de não ficar misturando vodka com porcaria.

— Presta atenção que esses "remédios" com vodka não darão muito certo, Samantha — aviso, receoso. Tenho meus motivos para isso.

— Aí Lucas, você é muito chato quando não bebe. Só não te dou um copo com essa delícia aqui, porque é sua vez de dirigir hoje
— fala gargalhando, indo para a pista de dança. Começa a dançar como uma louca ao som de uma música eletrônica.

Meus pais não concordam muito com nossas saídas à noite, ainda mais quando mamãe foi me chamar para o café da manhã em um domingo e encontrou uma mulher comigo, nem lembro o nome dela — devia ser Maria, Mariana, ou Marina ou Ana —, mas devia ser gostosa, pois apesar de bêbado não pego mulher feia. Hoje esperamos até o sono dos dois estarem pesado e saímos de fininho sem avisar. Samantha reclamou, segundo ela, somos adultos agindo como dois jovens saindo escondidos dos pais.

Vejo uma morena dançando sozinha, me direciono a ela. Começo a me movimentar no ritmo da música, lançando meu sorriso cafajeste olhando nos olhos dela. A mesma começa a gargalhar dançando de forma sensual.

A música começa a ficar lenta e me aproximo para ficarmos mais perto, a mulher não se afasta, pelo cheiro está mais bêbada que a Samantha.

Apesar da música está lenta, começa a dançar de forma agitada e passando as mãos por meu pescoço. Quando estou prestes a beijá-la sinto alguém me puxando. Olho e Samantha já está segurando em meu braço esquerdo me puxando.

— Justo na hora que eu dar uns pegas nela, Samantha? — questiono irritado.

— Lucas me leva embora daqui... Não estou me sentindo bem... minha cabeça, parece que vai estourar — fala assim que saímos do barulho.

— Eu falo para você não ficar misturando bebida alcoólica com seus "remédios". — Revira os olhos soltando um grunido de raiva.

— Não é hora de bancar o pai, Lucas. Só me tira daqui — diz caminhando em direção ao carro estacionado. Ela se encosta no veículo e começa a gritar de dor, caindo no chão se debatendo.

Meu coração acelera e entro em desespero, o medo me invade, começo a gritar pedido socorro. Parece que está tendo uma convulsão. Um dos seguranças percebeu o que está acontecendo, vindo em minha direção com o celular na mão ligando para a emergência, enquanto o sentimento de culpa me adormenta por não saber o que fazer. Ela para de se movimentar e fica com os olhos arregalados, o segurança diz para colocá-la de lado e assim faço, graças a Deus, a ambulância não demora muito para chegar. Eles fazem uns procedimentos nela e não entendo nada do que dizem, depois a colocam na maca e entramos na ambulância.

Inútil, impotente, é assim que estou me sentindo.

Os paramédicos fazem várias coisas com ela e ouço falarem em overdose. Nesse momento é como se meu coração parasse de bater, lembro-me de quando perdi um grande amigo da faculdade por causa de uma maldita overdose. Mas a Samantha não, ela não pode morrer, eu não irei suportar, em todos esses anos, ela tem sido meu porto seguro, minha melhor amiga, ela é uma irmã que eu nunca tive.

Não, eu não posso perdê-la, não posso, não posso...

Chegamos no hospital e eles me mandaram esperar, eles a levam e as lágrimas começam a correr pelo meu rosto ao ver sua face pálida, quase sem vida, sendo empurrada pelos enfermeiros naquela maca.

Ligo para o Zac, não posso avisar meus pais, não posso preocupa-los.

Sigo por um corredor vazio e me permito chorar. Sei que colhemos aquilo que plantamos e encontramos aquilo que procuramos.

Samantha sempre faz isso, mistura bebida e drogas, ela diz que a adrenalina percorrendo seu corpo lhe dar sensação de vida e alegria , sabemos que é momentâneo o efeito, quando passar o medo, a frustração, os problemas continuam lá.

Tento controla-la, mas sei por tudo que passou e o que assombra a sua mente, então permito que ela continue fazendo, se é o jeito dela fugir da realidade e a faz sentir melhor, eu apenas cuido de longe para que ninguém faça mal a ela. Mas olha onde chegamos, pode até morrer, e eu sou cúmplice se isso acontecer, eu também serei culpado.

— Sei que não sou digno de te pedir isso ... Deus... Por favor não tire ela de mim... — peço entre lágrimas. Ouço passos se aproximando e me levanto do chão, no qual nem sabia que estava sentado.

— Cara, o que aconteceu? — Zac pergunta assim que ver meu estado.

— Ela... — Minhas voz não sai.
— Overdose cara, overdose. — Enfim consigo falar e ele apenas abaixar a cabeça por alguns segundos e volta olhar dentro dos meus olhos.

— A overdose quando não mata, deixa sequelas. — Sinceramente não é o que eu queria ouvir, esperava que ele dissesse que ia ficar tudo bem, que Deus iria cuidar dela.

— Ela é como uma irmã para mim Zac, minha companheira de todas as horas... Não posso perdê-la — afirmo a última parte.

— Irmão, você sabe quem é o dono da vida, você conhece quem pode tirá-la desse lugar, sem sequelas e com vida — aconselha e vira de costas indo embora.

— É sério isso? Só isso que vai me dizer? Não vai falar que Ele está comigo e que vai ficar tudo bem ? Cadê Ele agora cara, onde Ele está?

Pergunto sentindo uma revolta dentro de mim. Zac apenas volta a me olhar.

Ele está no mesmo lugar, o lugar em que você o abandonou, irmão, Ele continua lá, quem foi embora foi você. — Me confronta e então se retira. Suas palavras são flechadas que acertam em cheio meu coração.

Realmente é verdade, eu quem fui embora, por algo... Que nesse momento... Perdeu o sentido... Talvez seja porquê estou vendo o que realmente importa...

Sigo para a recepção em busca de notícias, como faz pouco tempo que ela chegou, ninguém me informar nada. Avisto Zac sentado em uma das cadeiras da recepção e me aproximo dele.

— Pensei que tinha indo embora — exponho me sentando ao seu lado.

— Não vou te abandonar, irmão. Sei o quanto ela é importante para você.
— Ele não termina de falar, pois levanto bruscamente e corro na direção de um dos enfermeiros que estavam na ambulância com ela. Pergunto se ele pode me dar alguma informação e o que me diz me deixa mais apavorado do que já estava.

— Estão fazendo lavagem gástrica e intestinal. — Minha aflição é nítida.
— Em alguns casos, pacientes ficam com alguns órgãos comprometidos, não devia te dizer isso, mas o caso dela é grave, não sei se você acredita em Deus, mas só Ele para tirá-la da situação que está. — Dou meia volta tentando ir para meu lugar.

Será que tem como fugir de Ti? Será que esse tempo todo que estive longe foi porquê você permitiu? E agora me quer de volta, me mostrando que sempre estará no controle de tudo? Por uma garota me afastei de ti e agora através de outra está me despertando? Mas dessa vez é diferente, pois a amo como minha... minha...minha... irmã.

— Se me queres de volta.. estou aqui... Só não tire ela de mim, faça o que quiser comigo, só poupe a vida dela, reconheço que só tu podes fazer isso. Eu decido voltar — exponho olhando para o alto, algumas pessoas passam por mim e ficam me olhando. Volto para o lugar onde Zac está.

— Será que precisou chegar nesse ponto para você voltar, cara? Deus não é o culpado ou causou isso, a decisão dela a trouxe até aqui. Mas Deus é tão bom, te ama tanto que está usando essa circunstância para te despertar. — Sua pergunta me lembrou de todas às vezes que ele me chamou, porém, ainda não tinha tocado em alguém que eu amava. — Sua ideia de Deus está completamente errada. — Parecia que estava lendo meus pensamentos.

— O que importa agora é a saúde de Samantha — declaro, coloco minhas mãos entre as pernas, fico olhando para o chão.

😢😢😢😢😢

Samantha irá morrer ???

 Sempre Foi Você 💕(concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora