Capítulo 6 - Lucas ✓

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"Quando o chão é arrancado debaixo de seus pés, não há outra alternativa a não ser se jogar nos braços dAquele que sabe voar."
— Samy Souza

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Uma, duas, três, quatro, cinco, seis horas e nada de notícias. Zac me convenceu a contar aos meus pais, mas não permiti que viessem ao hospital. Minha mãe disse que ficaria orando por ela. São exatamente nove horas da manhã e ninguém me deu notícias.

— Irmão, calma — Zac pede. Estou andando de um lado para o outro com um copo de café em mãos.

— Como podem deixar os familiares sem notícias desse jeito? — reclamo alto o bastante para receber olhares de desaprovação de alguns médicos que passavam próximo a nós.

Um médico se aproxima e Zac fica sobre os pés.

— Você é o familiar de Samantha Chenegs? — Pergunta para Zac.

— Não doutor, sou eu. — Me coloco no seu campo de visão.

— Ela passou por uma lavagem gástrica, por enquanto você ainda não vai poder vê-la, mas o estado da mesma é estável. Estaremos observando como ela vai reagir assim que acordar. — O médico escreve algo na prancheta e volta a fitar meus olhos ao ouvir minha pergunta.

— Ela vai ter sequelas, doutor? — Prendo a respiração, esperando a temida resposta.

— Por enquanto não foi detectado nenhuma sequela. 17hs irei liberar sua entrada no quarto em que ela está. — Diz por fim e sai.

— Irmão preciso ir. Novas notícias me avise, e não esqueça estamos orando por ela, não encontraram nenhuma sequela e não vão encontrar, tenha fé cara, tenha fé. —
Se expressa dando batidas nos meus ombros.

— Tá bom! Valeu, não sei como te agradecer. — Volto a me sentar e o vejo ultrapassar a porta de saída.

Obrigada Deus. — Agradeço em pensamento, sentindo um alívio percorrer meu corpo expulsando toda angústia que estava nele.

Busco meu celular com as mãos em meu bolso e começo a visualizar algumas mensagens, uma me chama atenção e prendo a respiração.

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Número desconhecido

Sei que ela está com você, acha que só porquê está em outro continente vai se livrar de mim. Kkkkkkk, se enganou, acho que ela já recebeu o presentinho que mandei entregá-la, espero que morra... Hahahahah. Se não morrer eu mesmo vou até esse país medíocre e faço com minhas próprias mãos.

📴

Como esse assassino conseguiu meu número?

Levanto e passo as mãos na cabeça. Foi esse desgraçado que mandou mata-la, tinha algo a mais naquela pílula. Se pudesse mata-lo, faria sem dó nem piedade.

Bloqueio o celular e guardo no bolso. Estou com a mesma roupa desde ontem, mando uma mensagem para os outros amigos avisando onde estou e pedindo se tem como um deles pegarem  roupas minhas e trazerem. Fui em um dos banheiros e vi que tinha chuveiro, vou tomar banho aqui mesmo, pois não saio desse hospital sem minha  Samantha.

Quando tudo aconteceu e disse que iria voltar era pelo desespero causado pelo medo de vê-la saindo da minha vida de um jeito tão terrível. Observando tudo o que Ele fez por ela, por que realmente não voltar, talvez consiga perdoar aquela v*.

Diante de tudo que Samantha passou com Alex a perseguindo, o Único que poderá protegê-la é Deus. Será que ela aceita entrar nessa comigo, ela nunca foi cristã e depois de tudo que aconteceu, até de Deus duvidou, só que agora é diferente, até vai reconhecer que se não fosse Ele, talvez estivesse morta ou com os órgãos cheios de problemas.

Ainda não sou capaz de admitir para todos ouvirem, porém, dentro de mim reconheço que a pior decisão da minha vida foi me afastar de Deus. Tudo que aconteceu com a Sam foi tão rápido, mexeu com meu interior me fazendo pensa para onde ela ia se morresse.

Quando amamos uma pessoa, seja familiares ou amigos, queremos o bem e que nada de mal aconteça, quando acontece percebemos o quanto não somos nada, de como somos tão insignificantes ao ponto de não podermos fazer nada, a não ser orar. Tenho certeza que se ela morresse ou eu, nós dois iríamos para o inferno, isso é meio que óbvio. Assim como não quero que ela morra, muito menos quero que ela vá para o inferno. Diante da possibilidade da morte de alguém que amo muito, percebo como perdermos tempo com sentimentos insignificantes e por causa deles deixamos o que realmente é importante de lado. A teoria é uma, espero poder olhar na cara da vagaba e perdoar.

As horas passam, Rômulo trouxe uma muda de roupa e precisou voltar para o trabalho, disse que vai voltar a noite com os outros.

Olho no celular e são cinco horas, vou atrás do médico e nada. Acabo me irritando e fazendo um tumulto na recepção e o médico apareceu seis horas. Uma enfermeira se aproximar de mim e pede para acompanhá-la, ela me lembra alguém, mas não lembro quem, pede para me colocar uma luva, máscara, tôca e um jaleco, pareço um médico. A enfermeira não olha nos meus olhos, fica todo tempo olhando para direção oposta a que estou. Entro no quarto e me entristeço ao vê-la com alguns aparelhos ligados ao seu corpo, ela parece tão frágil, minha ruiva está tão pálida.


— Vai ficar tudo bem, minha Sandy. — Sorrio ao chamá-la assim, se estivesse acordada ia me dar o seu típico tapa nos braços, é isso que ela faz, quando a chamo de Sandy.

— Ela é muito importante pra você?

A enfermeira pergunta observando a Sam de longe. Nem percebi que ela tinha entrado junto comigo, entrei e logo foquei somente na Sam e nem percebi.

— Sim! — respondo e olho em sua direção, nossos olhos se encontram e simplesmente paraliso. Os olhos verdes que odiei por tanto tempo, neste exato momento se tornaram tão insignificantes para mim. Ela desvia o olhar e sai do quarto. Volto a realidade, não acreditando no que acabou de acontecer. Observo Samantha mais uma vez e pego em suas mãos. — Sam, acorda logo, mas não tenta agredir ninguém, tá bom? Pois a vaca velha é a tua enfermeira — falo e sinto seu toque de leve em minhas mãos que continuam unidas as suas e seus olhos azuis penetrantes vão se abrindo aos poucos, como tem um aparelho na boca dela a mesma apenas me olha e outra enfermeira entra no quarto, aviso que ela acordou e sou obrigado a sair.

❤️

 Sempre Foi Você 💕(concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora