Capítulo 11 - Com remorso, Caren. (Dream's House Hotel: parte 2)

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       ~ Noah  ~

Estou furioso, Lídia mudou de ideia de uma hora para a outra, diz que não quer mais que criemos o pequeno Henry juntos, ela realmente achava que eu estava levando Caren como uma noiva ou algo do tipo mas sinto que nunca seria tão burro a esse ponto.  Mas achar que eu estava indo para lá na intenção de voltarmos? Ela deve estar maluca. Queria levá-los para Nova Iorque assim ficaríamos próximos e eu veria meu filho crescer, mas em momento algum eu disse que voltaria com ela, de onde ela tirou isso? Como ela sente ciúmes de um cara com quem terminou há séculos? Esse seria o único jeito de estar próximo de Henry.

Fiquei mal por ter falado daquele jeito com Caren, só estava com raiva naquele momento, mas também nunca disse a ela que ficaríamos juntos,  já pensei nisso, e como eu pensei... Depois da noite no cinema e do nosso beijo passei a pensar nela mais que o normal, mas tudo virou de cabeça para baixo, não tive mais tempo para pensar em nada além de toda essa história da Lídia.

- O que aconteceu rapaz? - pergunta o senhor que nos atendeu quando chegamos

- Nada, eu só... nós tivemos uma discussão, só isso - limpo com a manga da blusa a uma única lágrima que insiste em pular dos meus olhos.

-Então é melhor ir atrás dela antes que seja tarde demais

-Por que? O que ela está fazendo? - pergunto, mas ele já tinha virado as costas e estava voltando para o corredor.

Começo a correr em direção as escadas e desço-as desesperadamente dois degraus por vez, parecia que nunca chegaria ao final, quando finalmente cheguei no estacionamento, vi um táxi parado na calçada, e Caren com o cabelo molhado e olhos vermelhos entra rapidamente ao me ver. Parecia estar fugindo de um monstro, que no caso era eu.

-VOLTE AQUI, POR FAVOR - gritei inutilmente já que o carro já tinha dado partida - eu tenho tanta coisa para te falar... - o carro já estava longe demais para ouvir esse sussurro.

Parei por um instante e fui até o carro, na esperança de que pudesse conseguir alcançá-los, mas chegando perto vejo um bilhete colocado entre o para-brisa:

"Não corra atrás de mim como eu fiz com você, não seja tão estúpido. Espero que aproveite sua vidinha perfeita.

                                                                                com remorso, Caren. "


Abri a porta do carro e me joguei no banco, li o pequeno bilhete diversas vezes e me senti mais otário a cada letra.

Voltando para o quarto vejo o senhorzinho sentado em uma cadeira de balanço no corredor ele me olha e diz: "Eu avisei..."


~Caren ~

A noite perfeita havia se tornado em um pesadelo, como as coisas podem mudar tão rápido? Horas atrás eu estava naquele carro fazendo rimas com Noah, éramos só nós dois na estrada. Agora estou dentro de um táxi ás 5 da manhã com um desconhecido, indo para a rodoviária mais próxima. Precisa arrumar toda a bagunça que fiz.

Não tinha quase nenhum carro na estrada, e o silêncio era insuportável, peço para que o taxista ligue a rádio, tocava uma música animada mas que na minha cabeça se tornava triste e deprimente. Encosto minha cabeça na janela e sinto o vento quente e úmido secando e bagunçando meu cabelo, o mesmo vento quente e úmido da lanchonete que comemos horas atrás, só que agora parecia sem graça.

Chegamos em uma pequena cidade, que provavelmente teria uma rodoviária. As ruas estavam desertas e tive medo de ficar ali sozinha, essa era a única saída.

O motorista me deixa na entrada da rodoviária, custou uma fortuna a viagem até aqui, fico com pouco dinheiro, o bastante para pagar uma passagem.

-Quando sai o próximo ônibus para Geórgia? - pergunto à única moça que estava no guichê.

-Daqui a uma hora senhora, às seis e meia.

Compro minha passagem e sento em um banco para esperar, apesar do horário até que tinha movimento na rodoviária, alguns jovens pareciam estar indo para a praia, estavam alegres e com grandes mochilas nas costas. Mexo um pouco no meu celular que já estava com a bateria quase acabando e aparece uma notificação, finalmente havia sinal de telefone.

Às 19:26> Mat: Conseguiu achar aquele cara?

   19:45> Mat: oiii? você está ai?

   20:38> Mat: Caren é sério, cade você?

   22:50> Mat: Deixa quieto, acho que encontrou ele :(

Senti uma vontade enorme de chorar, eu tinha largado tudo e todos para vir atrás de um cara, o que eu estava pensando? Liguei para Mathew imediatamente, o telefone toca várias vezes até que uma voz rouca e preguiçosa atende

-Alô, quem é? - provavelmente ainda estava de olhos fechados e nem viu quem estava ligando.

-Oi Mat, é a Caren.

-OOI, minha nossa onde você está? Tá tudo bem? Fiquei preocupado, você disse que voltaria já - ele pareceu despertar no momento em que ouviu minha voz.

-Estou bem sim, na rodoviária de alguma cidade da Carolina do Norte - suspirei ao lembrar do grande problema em que me meti

-Fazendo? - ele pergunta curioso

-Ah, isso é uma longa história... - respondo.

E a bateria acaba.

Aprendendo a dançar na chuvaOnde histórias criam vida. Descubra agora